ESCOLA SEM PARTIDO É ARQUIVADO

O presidente da comissão do Escola Sem Partido, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), encerrou hoje (11) os trabalhos do colegiado. Não haverá mais reunião e o projeto será arquivado. Vale lembrar que ocorreram 12 sessões sem resultado e seguidas tentativas de votação do relatório do deputado Flavinho (PSC-SP). Caso fosse votada, a proposta proibiria professores de manifestarem posicionamentos políticos ou ideológicos, além questões de gênero, em sala de aula.

Adeus ao trabalho?

Fim do MTE aponta risco de retrocesso nas relações trabalhistas a um padrão pré-1930

 

Depois de algumas idas e vindas, finalmente o governo eleito se decidiu: o MTE (Ministério do Trabalho e emprego) vai mesmo acabar. Sua estrutura, fatiada em três pedaços, será distribuída pelos ministérios da Economia, da Justiça e da Cidadania, ocupados, respectivamente, por Paulo Guedes, Sérgio Moro e Osmar Terra.

O anúncio – formalizado pelo futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni – dá sinais bastante concretos sobre os rumos do governo eleito. Apesar de apresentada como uma medida “simbólica”, o fim do Ministério do Trabalho indica, na prática, uma disposição de reversão histórica das garantias políticas e institucionais conquistadas pelos trabalhadores brasileiros.

Não é mera coincidência que, apenas 24 horas após o anúncio, o presidente eleito Jair Bolsonaro tenha declarado que “é muito difícil ser patrão no Brasil”. Desde 2016, com a reforma trabalhista, as discussões sobre a reforma da previdência e ataques à organização sindical, está em curso um processo de redução estrutural do custo do trabalho e de proteção dos lucros e interesses do empresariado brasileiro. Com o desmembramento do MTE, este processo ganha um impulso significativo, desequilibrando ainda mais as relações entre capital e trabalho.

Segundo Lorenzoni, o Ministério da Economia passará a gerir o FGTS e o FAT – cerca de R$ 800 bilhões em recursos, atualmente utilizados em programas sociais e obras de infraestrutura. Sobre o FGTS, o futuro ministro Paulo Guedes já defendeu abertamente a sua extinção; sobre o FAT, existe a possibilidade de uma reforma: a equipe de Temer sugeriu ao novo ministro que acabe com o abono salarial pago a quem ganha até dois salários mínimos.

Já Moro e Terra responderão pelos pedaços que sobraram do MTE: o juiz será responsável pela área sindical (concessão de registros, por exemplo); e o ex-ministro do governo Temer herdará as políticas de formação profissional, incluindo a economia solidária. É razoável supor que, de um lado, teremos autoritarismo na relação com os sindicatos e, do outro, corte das já insuficientes iniciativas de qualificação. Ainda não se sabe quem ficará com as funções de fiscalização das condições de trabalho, dor de cabeça de empresários e ruralistas interessados em aprofundar relações de semiescravidão.

O risco, desde já anunciado, é de um retorno à selvageria: extintas as mediações, desprovida de qualquer proteção, a classe trabalhadora brasileira ficará à mercê do subemprego, contando com sindicatos fragilizados e sem amparo da Justiça do Trabalho. Nas palavras de Bolsonaro, que já declarou que seu governo pode fazer uma nova reforma trabalhista, “o trabalhador tem que escolher se quer direitos ou emprego”. Está dada a senha para a barbárie do mercado aumentar a exploração econômica e a submissão política dos trabalhadores e trabalhadoras. A sede de sangue dos vampiros do capital parece não ter fim

Educação Física é a campeã da Copa Sintufrj

A equipe da Escola de Educação Física (EEFD) levantou a taça de campeã da Copa Sintufrj Futebol Society, na terça-feira, 11, ao vencer o Centro de Ciências da Saúde (CCS) por 5 X 0. Todas as partidas da competição foram disputadas no campo do Cepe/Fundão.

Oito equipes formadas por técnicos-administrativos participaram do campeonato, que começou no dia 6 de novembro. O time do CCS conquistou o segundo lugar, o Escritório Técnico da Universidade (ETU) o terceiro e o Centro de Tecnologia (os Gladiadores), o quar

Brasil no ranking da violência contra a mulher

O Brasil ocupa a quinta posição em homicídios de mulheres entre 83 nações

 

 

Santa Catarina, o estado que mais deu votos a Jair Bolsonaro (65% no primeiro turno e 76% no segundo), também é a unidade da Federação campeã em violência doméstica, segundo o Anuário brasileiro de segurança pública 2018.

Embora a relação causa e efeito não seja automática e o dado não transforme toda a população catarinense em agressora de mulheres, é inescapável deixar de associar o fato à misoginia do presidente eleito (que um dia disse que não estupraria uma mulher porque ela não merecia).

Os números superlativos com registros da violência contra as mulheres no Brasil ganharam visibilidade no curso da semana por causa do 25 de Novembro, data declarada pelas Nações Unidas como o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher.

A data foi consagrada em homenagem às ativistas irmãs Mirabal. Minerva, Patria e María Teresa foram brutalmente assassinadas por lutar contra a ditadura de Rafael Leónidas Trujillo, na República Dominicana.

No discurso de campanha, Jair Bolsonaro reafirmou suas posições de desprezo pela condição feminina. Nas relações de trabalho, chegou a dizer que acha justo mulheres receberem menos que os homens.

 

Agressões por hora

Em 2016, segundo o Atlas da violência 2018, quase cinco mil brasileiras foram assassinadas no país. O Brasil ocupa a quinta posição em homicídios de mulheres entre 83 nações, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com as estatísticas, uma em cada três mulheres sofre de violência doméstica. Em média, 503 mulheres são agredidas fisicamente por hora no país, informa o Datafolha.

No entanto, mais da metade (52%) se cala e não procura ajuda. Os motivos vão desde vergonha, atendimento policial preconceituoso a medo do agressor. Apesar disso, só de denúncias oficiais foram registradas no primeiro semestre deste ano 73 mil pelo Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência.

Mortes

Uma mulher é morta a cada duas horas no Brasil. Segundo o Mapa da Violência 2015, entre os anos 1980 e 2013, foram assassinadas 106.093 mulheres no país, número que vem aumentando gradativamente a cada ano: de 3.851 em 2001 para 4.762 em 2013, sendo que nesse último ano 27% dos assassinatos ocorreram no próprio domicílio das vítimas.

Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no país, relata o Atlas da violência 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FPSP). Isso representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras. Em dez anos, houve um aumento de 6,4 % nos casos de assassinato de mulheres.

Casos recentes de agressões e mortes repercutem em todo o país e colocam em pauta o debate em torno da violência de gênero. O agressor e assassino geralmente é uma pessoa próxima à vítima, como marido ou namorado.

 

DENUNCIE! PROCURE AS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS.

 

Maria da Penha

Em vigor desde 2006, a Lei Maria da Penha foi a primeira ação afirmativa do país, no âmbito da Justiça, no combate à violência contra a mulher, e foi  assinada no governo do presidente Lula. A lei, inclusive, classifica os tipos de violência a que a mulher é submetida: física, moral, psicológica, sexual e cárcere privado. A segunda ação foi a Lei do Feminicídio, promulgada pela ex-presidente Dilma Rouseff em março de 2015 – que julga assassinatos cujas motivações envolvem o fato de a vítima ser mulher.

As leis ajudaram as mulheres a tomar coragem para denunciar a violência, mas ainda são insuficientes para impedir que vidas de mulheres sejam tiradas de forma brutal. Por isso, aprimorar os mecanismos de combate está na ordem do dia.

CELEBRAÇÃO

IPPMG: 30 anos (mais ou menos) de muitas histórias

 

Os 30 anos (mais ou menos) de trabalho no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) foi o tema escolhido para atrair os técnicos-administrativos para a festa de fim de ano –  com presença marcante dos aposentados.

A celebração foi no Espaço Cultural do Sintufrj nesta sexta-feira, 7 de dezembro. Na ocasião, um vídeo com imagens dos funcionários foi exibido e depois distribuído em cds como brinde aos presentes.

Para Gerly Miceli, coordenadora-geral do Sintufrj e funcionária há mais de 30 anos no IPPMG, a unidade é diferenciada. “Não sei se é porque trabalhei lá a vida toda, mas a verdade é que é visível a emoção das pessoas em se reencontrarem aqui na confraternização. O IPPMG é uma grande família”, afirmou.

Elisabeth de Vasconcellos, que trabalha há 32 anos, disse que não pretende se aposentar tão cedo: “Já posso dar entrada, mas não quero. Eu adoro o que faço, é uma diversão. Não teria melhor lugar para trabalhar. Já recebi oportunidades de ir para outras unidades, mas nunca quis. O IPPMG é e sempre foi o meu lugar”.

Regina Célia, pediatra da emergência e do ambulatório, engrossa o time dos que ainda não pretendem se aposentar: “Não consigo largar minha segunda família. Fiz faculdade na UFRJ, estou por aqui há mais de 40 anos. Criei um laço de amor não só pelo IPPMG, mas pela universidade e por todos que já passaram por aqui”

Vânia Sargentelli, que fará 30 anos de casa, se emocionou ao relembrar sua trajetória: “Se eu tivesse de escolher outra vez, com certeza seria o IPPMG. Apesar de estar há tanto tempo trabalhando, todos os dias aprendo algo novo. Trabalhar com crianças é um ato de amor”

A aposentada Fátima Maria Santos, trabalhou por 32 anos como enfermeira, começou sua vida profissional na unidade e falou com carinho dos anos de ofício: É recompensador poder dividir a alegria com meus colegas que ainda estão no IPPMG e o que já saíram. Passei por todos os setores, aprendi muito nesse tempo. Se hoje sou uma pessoa melhor, é graças ao instituto”.

Luiz Carlos Castro conta que o trabalho lhe fez superar problemas de saúde: “Meu agradecimento é a cada um dos meus colegas, que me ajudaram no momento em que mais precisei. Comemoro não só hoje, mas em todos os dias, por estar num ambiente tão acolhedor”

Apesar de hoje trabalhar no Hospital Universitário, Cláudia Martins, que trabalhou por 17 anos no instituto, guarda com muito carinho o tempo em que esteve na unidade: “Ajudei a fundar a emergência do IPPMG, junto com meus colegas. Estou maravilhada de poder rever muitos deles e poder relembrar os velhos tempos”.

Medronho alerta para expansão de ocorrências de febre amarela

Médico epidemiologista e especialista em saúde coletiva diz que vacinação é essencial para impedir a propagação

 

O diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ, Roberto Medronho, especialista na área de saúde coletiva e em epidemiologia, disse que a ocorrência de febre amarela silvestre tem se acentuado, exercendo pressão sobre os grandes centros urbanos.
De acordo com o epidemiologista, a urbanização da doença depende de vários fatores, e para isso contribui o fato de parte da população ainda não estar vacinada, portanto, suscetível.
O risco é ampliado, segundo Medronho, diante da dificuldade de controle da proliferação do Aedes aegypti (que transmite a forma urbana da doença).
Roberto Medronho manifestou sua preocupação com o número de pessoas não vacinadas. “Não conseguimos alcançar a cobertura (vacinal) recomendada pela Organização Mundial da Saúde”, constata.
O médico acrescentou que a situação fica ainda mais crítica com a crise no sistema de saúde do estado, que é agravada pela crise na atenção básica no município, o que impacta nas iniciativas de prevenção.

Vacina
“A população não tem procurado a vacina como deveria. Ela é segura e eficaz”, diz o especialista, reiterando, no entanto, que eventos sérios decorrentes da vacina são raríssimos, em contraste com a forma de evolução da doença, que é muito grave.
“A chance que temos de evitar a urbanização da febre amarela é vacinando a população. Com as pessoas imunizadas, a febre não vai atingir o homem, mesmo que este adentre florestas e seja picado pelo mosquito.
“Para diminuir o risco de propagação, tem que vacinar agora”, orienta Medronho, acrescentando que a vacinação tem dois efeitos: proteção individual e coletiva – o grupo vacinado protege o indivíduo que, por questões de saúde, não pode se vacinar.

 

Doença já matou 84 pessoas só este ano no estado

Os números são relevantes. Em 2018, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro registrou 262 casos confirmados de febre amarela silvestre em humanos em 32 municípios, com 84 mortes. Os municípios com maior incidência são Angra dos Reis, com 56 casos e 15 mortes; Valença, com 40 casos e 6 mortes; Teresópolis, com 23 pessoas doentes e 8 mortes; Nova Friburgo, com 16 casos e 4 mortes e Duas Barras, com 14 casos e duas mortes.
Com a chegada do verão, chuva e calor típicos da estação oferecem condições favoráveis para a proliferação de mosquitos. Em áreas recém-afetadas com grande contingente populacional, como as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, existe grande número de pessoas que não se vacinaram.

Recomendação
De acordo com especialistas, todas as pessoas devem se vacinar, especialmente no Rio de Janeiro, porque tem as maiores florestas urbanas do mundo.
Os mosquitos Haemagogus e Sabethes (que transmitem a forma silvestre da malária) são comuns, inclusive em bairros que têm limite com áreas de matas. O Aedes aegypti, no entanto, que existe em toda parte, pode causar a transmissão da febre amarela na forma urbana, embora, de acordo com o Ministério da Saúde, desde a década de 1940, o Brasil não registre casos desse tipo.

 

SERVIÇO

CVA vacina na UFRJ

No Centro de Vacinação de Adultos (bloco L do CCS), no Fundão, pessoas com 15 anos de idade ou mais podem se vacinar contra a febre amarela, de segunda a sexta-feira, das 8h às 13h.
A vacina não deve ser aplicada em gestantes e em pessoas com alergia grave à proteína do ovo e portadoras de doenças de baixa imunidade. Quem tiver algum comprometimento imunológico deve solicitar avaliação do médico e apresentá-la por escrito.

O tempo não para

Parceria entre o Sintufrj e o Laboratório de Informática para Educação (Lipe), da UFRJ, amplia perspectivas do cotidiano de aposentados e pensionistas

 

A vida da aposentada Marinês Vitariano da Cruz e Souza mudou depois que passou a frequentar as aulas do Curso de Apropriação da Cultura Digital, no Centro de Tecnologia (CT). “Foi como se eu tivesse tirado uma venda dos olhos. Vocês imaginam que eu agora encontro o meu contracheque na internet, e até fiz meu check in quando viajei?” –, comentou a auxiliar de enfermagem da UFRJ.
O aposentado Roberto Bonfim, 76 anos, não só aprendeu a acessar os recursos do computador, como também a navegar pelo display eletrônico do celular.
“Meu modo de vida está totalmente diferente, mas como quero saber mais, vou continuar no curso”, disse ele.
Esse é o resultado prático da parceria entre o Sintufrj e o Laboratório de Informática para Educação (Lipe) em benefício dos aposentados e pensionistas.
No dia 3, a primeira turma concluiu seu aprendizado e foi diplomada, um feito comemorado com entusiasmo e emoção. Afinal, é difícil viver num mundo cada vez mais digital sem dominar noções básicas de informática. A direção sindical atentou para isso e buscou uma solução.

Iniciativa exitosa
“Mais importante que aprender uma linguagem de computador é a relação humana; este laboratório é construído por todos”, definiu a razão social do Lipe o professor do curso Antônio Claudio Gomez de Souza.
O laboratório também desenvolve outras atividades de extensão, inclusive com escolas públicas. Aqui no Fundão, ministra informática básica para os trabalhadores da UFRJ e para a comunidade da Vila Residencial, e agora para os aposentados e pensionistas encaminhados pelo Sintufrj.
Um dos responsáveis pelo curso, e que também responde pela coordenação pedagógica do projeto, junto com outros profissionais, é Gilmar Constantino de Brito Junior. De acordo com ele, a iniciativa só está dando certo graças à dedicação de toda a equipe de trabalho, que inclui os técnicos-administrativos Ricardo Julian, Claudia Marques e Rejane Gadelha. “É uma grande comunhão de pessoas voltadas para a formação”, afirma.

 

Primeira turma

A Coordenação e o Departamento de Aposentados e Pensionistas do Sintufrj foram representados na solenidade de formatura pelas companheiras Maria Sidônia dos Santos Lira e Leila Castro.
“É muito importante para quem se aposenta se engajar em alguma atividade, por isso é muito importante o trabalho realizado pelo Lipe”, destacou Leila.
“Como coordenadora de Aposentados e Pensionistas, convido todos a participar das oficinas e deste projeto de inclusão digital que o Sintufrj faz parte”, disse Sidônia.

 

Veja quem está ingressando no mundo digital

“Conheci o Lipe pelo Jornal do Sintufrj e agradeço aos professores pela paciência, porque depois de certa idade o aprendizado é mais lento”, disse a enfermeira Maria Heloisa Monteiro Resende.

A aposentada Dorvalina Ponciana de Brito, acompanhada do neto Nicolas e do marido, Joel José Alves, servidor do IPPMG e que também fez o curso, foi uma das que mais comemorou a conquista do diploma de inclusão digital. “Agora não dependo mais de filhos para acessar o computador”, festejou. “Antes das aulas, eu via informática como um bicho de sete cabeças. Não é nada disso”, garante Joel.

“Com este diploma, não somos mais analfabetos digitais. Para nós é como se fosse o mestrado”, disse o marceneiro aposentado Antônio Irineu.

Aula aberta debate educação democrática

Docentes organizam atividade para refletir sobre a liberdade de crítica em tempos de tentativa de escola com mordaça

Em tempos de Escola sem Partido e ameaça à liberdade de expressão e de ensino em escolas e universidades, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ realizou, na quarta-feira, 5, uma aula aberta sobre educação democrática.
A iniciativa foi de um grupo de professores da Faculdade de Educação com o objetivo de provocar a reflexão sobre a liberdade de difundir o pensamento crítico e em apoio à professora Amanda Mendonça, cujas aulas foram gravadas e postadas na internet sem sua autorização.
“Agradeço todo o apoio que tenho recebido, mas essa aula é para mostrarmos que é possível um confronto de visões diferentes. E isso é saudável e enriquecedor. Precisamos organizar mais eventos como esse, onde haja espaço para a crítica acontecer”, disse Amanda aos presentes à aula aberta a estudantes, professores (inclusive de colégios federais e estaduais), técnicos-administrativos da universidade, entre outros.

Povo distante
A preocupação de Amanda é o debate sobre educação estar ocorrendo ao largo da população. Ela citou como exemplo a própria aula especial que estava sendo ministrada no IFCS, ao mesmo tempo que era realizada no Congresso Nacional uma audiência pública para discutir a proposta da Escola sem Partido. E lembrou que em 2019 a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vai entrar em vigor, mas poucos sabem disso.
“Para nós, parece óbvio e fácil nossas palavras e argumentos, mas não é tão simples quanto parece fazer esse diálogo. Como a gente dialoga e transforma nossos argumentos de forma a fazer com que a maioria entenda o que defendemos ou a importância disso? Quando falamos em educação democrática, é preciso pensar nossa comunicação para fora”, afirmou a professora.

 

Sintufrj defende unidade

A coordenadora de Educação, Cultura e Formação Sindical do Sintufrj e técnica em assuntos educacionais do IFCS, Damires França, compartilhou com os presentes a preocupação do Sindicato em relação ao cerceamento das liberdades democráticas nos tempos atuais. Segundo a dirigente, há necessidade de união entre os segmentos da comunidade universitária da UFRJ para criar estratégias de enfrentamento na atual conjuntura. Os professores da Faculdade de Educação Anita Handfas e Luiz Antonio Cunha provocaram os presentes a refletir sobre os últimos acontecimentos.

 

Entenda o caso

No início de novembro, Amanda Mendonça foi informada por alunos da sua turma no IFCS que um estudante estava gravando aulas de diferentes disciplinas e postando na internet. O fato foi levado por ela à direção da Faculdade de Educação (sua unidade), ao IFCS e à Adufrj, e chegou ao Conselho Superior de Coordenação Executivo e ao Conselho do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).
Ouvida pelo Jornal do Sintufrj, a ouvidora-geral da UFRJ, Cristina Riche, disse que a autonomia universitária é garantia constitucional que não pode ser desconhecida, desvalorizada ou desconsiderada. E orientou que questões como essa devem ser levadas primeiramente ao conhecimento de departamentos e congregações, respectivamente.
Mas, preventivamente, ela recomenda que é importante dar ciência a todos sobre o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que reafirma a autonomia universitária e a liberdade de cátedra.
A ouvidora cita ainda a recomendação da Defensoria Pública da União aos reitores, datada de 26 de outubro, que assegura a livre iniciativa do corpo docente, discente e técnico-administrativo na promoção e efetivação do princípio da autonomia universitária referente a qualquer tipo de manifestação de ideias, independentemente de posição político-ideológica.
A ouvidora propõe que, na divulgação dos programas e disciplinas, os alunos sejam informados que tem que haver autorização do professor para gravar uma aula ou copiar um slide, porque envolve direito autoral e há limites legais.

Brasil, 9º país mais desigual do planeta

A piora na desigualdade da renda está de volta, resultado da desconstrução de políticas que melhoraram a vida dos pobres

Entre 2016 e 2017, a redução da desigualdade de renda no Brasil foi interrompida pela primeira vez nos últimos 15 anos, como mostra o relatório “País estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras 2018”, divulgado no dia 26 de dezembro pela organização não governamental Oxfam Brasil.
A estagnação fez com que o Brasil caísse da 10ª para 9ª posição de país mais desigual do planeta, no ranking global de desigualdade de renda de 2017.
A onda de desemprego reduziu a renda geral, sobretudo entre os mais pobres. Houve aumento da desigualdade na renda do trabalho, aumento da pobreza e estagnação da equiparação de renda entre os gêneros, e recuo na equiparação de renda entre negros e brancos.

Relatório aponta que o aumento real do salário mínimo e a revogação da lei do teto dos gastos, que reduz investimentos na área social, são caminhos para a redução das desigualdades.

 

Retrocesso
A distância entre os mais ricos e os mais pobres vinha diminuindo há 15 anos no Brasil (desde 2002), conforme o índice de Gini de rendimentos totais per capita medido pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads-IBGE). Mas em 2017 o país voltou ao patamar de 2012.
Para o autor do relatório e coordenador de campanhas da organização no Brasil, Rafael Georges, em entrevista à Agência Brasil, o país está tendo que aprender a “dura lição” de que conquistas sociais se perdem muito rapidamente.
“Em 2017, nós voltamos para os mesmos níveis de 2012 em termos de porcentagem da população na pobreza. Em dois anos, voltamos cinco. Esse movimento nos lembra que é importante adotar medidas estruturais. O Brasil aprendeu a combater a desigualdade por meio do incremento de renda, o que é importante, mas renda não é tudo. É importante garantir uma infraestrutura social por meio da oferta de serviços de saúde e educação, principalmente, com aumento de investimentos nessas áreas”, analisa Georges.

 

Temer serviu aos ricos

O economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp, em artigo para a Rede Brasil Atual, explica que após o golpe de 2016 e as reformas do governo Temer contra os pobres e os segmentos de rendimentos intermediários o favorecimento aos mais ricos aumentou.
Em 2004, estudo de economistas publicado no livro Os ricos no Brasil informava que somente 0,001% das famílias brasileiras concentravam 40% de todo o estoque da riqueza nacional.
Já um estudo de 2017 – “Desigualdade extrema e persistente”, de M. Morgan, cuja pesquisa foi feita entre 2001 e 2015 – indica que a desigualdade havia caído para o conjunto dos pobres e dos segmentos de renda intermediária, isto é, para aqueles que se sustentam dos rendimentos do trabalho e das políticas públicas (pensões, aposentadorias e bolsas), mas manteve a renda extremamente elevada nos detentores do capital.
Desigualdade caiu
nos anos 2000
Segundo Pochmann, os dados censitários e das Pesquisas Nacionais por Amostra de domicílios (Pnads), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que nos anos 2000, ao contrário da década de 1990, a desigualdade de renda caiu significativamente com o avanço de políticas para melhorar a vida dos pobres e daqueles com renda intermediária.
“Quando as políticas públicas começavam a desenhar uma ação para atacar a desigualdade extrema do capital, o condomínio de interesses em torno do Projeto para o Futuro destitui a presidenta democraticamente eleita. No seu lugar, emergiram as reformas contra os pobres e os segmentos de rendimentos intermediários, o que tem favorecido ainda mais as rendas do capital”, diz Pochmann, concluindo: “Mas isso os estudos recentes não mostram.”