Mais de 200 mil trabalhadores foram ao centro de SP para lutar contra o fim da aposentadoria. No Brasil, o 1º de Maio mobilizou mais de 1 milhão de trabalhadores que prometem parar o país no dia 14 de junho.

via: CUT BRASIL (https://bit.ly/2GLM5Jk)

Ato em São Paulo nesta quarta-feira | Foto: RODRIGO PILHA

Neste 1° de maio histórico, que reuniu todas as centrais sindicais brasileiras em um ato unitário, no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, mais de 200 mil trabalhadores e trabalhadoras aprovaram, por unanimidade, a greve geral no dia 14 de junho contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL).

“Está aprovado! O Brasil irá parar em defesa do direito à aposentadoria dos brasileiros e das brasileiras. A única forma de barrar essa reforma é fazer o enfrentamento nas ruas. É greve geral”, destacou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que conduziu a votação junto aos trabalhadores e trabalhadoras.

“A proposta de Bolsonaro e seu guru, Paulo Guedes [ministro da Economia], é cruel com o povo. Querem acabar com o auxílio-doença, dificultar o auxílio-maternidade, acabar com o direito dos trabalhadores, sobretudo os mais pobres, de receberem pensão e aposentadoria para sobreviver. É por isso que vamos parar dia 14”.

Segundo o presidente da CUT, se o problema do governo é arrecadação de dinheiro, as centrais sindicais têm uma proposta de reforma Tributária para apresentar.

“Se Guedes quer arrecadar R$ 1 trilhão que vá tributar os ricos e milionários que têm jatinho, avião e jet ski. Não venha querer tirar do povo trabalhador”, ressaltou Vagner, reforçando que a proposta de reforma Tributária das centrais foi construída em conjunto com a Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal).

“Rumo à greve geral contra aqueles que nos exploram e querem acabar com a nossa aposentadoria.” (Vagner Freitas)

Vagner Freitas, presidente nacional da CUT | Foto: ROBERTO PARIZOTTI

Já o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, destacou a unidade construída pelas centrais sindicais contra a reforma da Previdência. “A unidade se faz na luta constante e estaremos juntos até o fim para barrar a reforma da Previdência”, afirmou.

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, reforçou que se a reforma não for barrada nas ruas, será praticamente o fim do direito à aposentadoria.

Isso porque, pelo texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 006/2019, que na próxima semana começa a ser analisada na Comissão Especial na Câmara dos Deputados, a aposentadoria por tempo de contribuição irá acabar e as mulheres serão obrigadas a se aposentarem com, no mínimo, 62 anos de idade, e os homens 65 anos.

Além disso, o tempo mínimo de contribuição subirá de 15 anos para 20 anos e os trabalhadores vão receber menos, apenas 60% do valor do benefício será pago se a reforma for aprovada. Para ter acesso à aposentadoria integral, o trabalhador terá de contribuir por pelo menos 40 anos.

“Não tem jeito. Ou essa reforma para de tramitar ou paramos o Brasil”, destacou o presidente da CTB.

Já o Secretário-Geral da Interssindical, Edson Carneiro, o Índio, ressaltou que não tem dúvidas de que essa proposta nefasta irá unir não apenas as centrais, mas o povo brasileiro, até mesmo micro e pequenos empresários são contra a reforma de Bolsonaro.

“Não tenho dúvida de que a luta pelo direito à aposentadoria irá unir o povo. Iremos barrar esse projeto”.

Unidade na luta

E não são apenas as centrais sindicais que estão unidas contra a reforma da Previdência. Os movimentos sociais ligados às frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e diversos partidos políticos, como PT, Psol, PSB, PC do B, também estão na luta em defesa do direito do povo se aposentar.

Ex-candidato à presidência da República pelo PT, o ex-prefeito de SP, Fernando Haddad, parabenizou a unidade da classe trabalhadora e destacou que o momento é de união para barrar os desmandos do governo de Bolsonaro, que tem só quatro meses de gestão e já mostrou que é a continuidade piorada do governo ilegítimo de Michel Temer (MDB), autor da reforma Trabalhista que destruiu 100 itens da CLT e contribuiu para a criação de postos precários de trabalho. E a geração de 6 milhões de empregos prometidos pelos que traíram a classe trabalhadora para aprovar a nova lei trabalhista se transformou em pesadelo, com taxas recordes de desemprego.

“Não há diferença entre as propostas de Bolsonaro e Temer. São só cortes de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários”.

“Cadê o emprego e a renda que prometeram há três anos atrás?”, questionou Haddad, ressaltando a perda de mais de 43 mil postos de trabalho com carteira assinada no último ano.

Fernando Haddad, ex-candidato à presidência do Brasil em 2018 | Foto: ROBERTO PARIZOTTI

O também ex-candidato à presidência da República pelo Psol, Guilherme Boulos, reforçou que Bolsonaro, em tão pouco tempo, já mostrou que é uma farsa. “Na campanha, diziam que era Brasil acima de tudo e o que estamos vendo, na verdade, é Bolsonaro lambendo as botas de Trump”, disse se referindo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump .

Sobre a reforma da Previdência, Boulos, que falou em nome do MTST e da frente Povo Sem Medo, disse que o projeto, na verdade, não reforma nada, simplesmente acaba com o modelo público e solidário da Seguridade Social para entregar a Previdência nas mãos dos bancos.

“Querem tornar a Previdência pública um privilégio de poucos que poderão pagar por uma capitalização. Não vamos permitir isso. Vamos na greve geral que vai parar o Brasil!” (Guilherme Boulos)

Guilherme Boulos, também ex-candidato à presidência em 2018 | Foto: ROBERTO PARIZOTTI

Em nome da frente Brasil Popular, o líder e membro da direção nacional do MST, João Pedro Stédile, afirmou que, diante dessa conjuntura difícil para os movimentos sociais e para os direitos sociais dos trabalhadores, estão todos juntos na luta.

“Eles querem aumentar a exploração em cima do trabalhadores. É para isso que estão se apropriando dos nossos direitos, das nossas riquezas, querem acabar com a aposentadoria, diminuir os nossos salários. É para isso que prenderam o Lula”.

“Nós, do movimento social, estamos aqui para cerrar fileiras com o movimento sindical e dizer que mobilizaremos o Brasil na greve geral.” (João Pedro Stédile)

João Pedro Stédile, da direção nacional do MST | Foto: ROBERTO PARIZOTTI

Lula livre

A luta contra a prisão política e pela liberdade imediata do ex-presidente Lula, o melhor presidente que este país já teve, segundo os trabalhadores, marcou o 1° de maio unificado deste ano.

Desde as primeiras horas do dia, barracas com camisetas, broche, faixas e panfletos pedindo por Lula livre estavam espalhadas por todo Vale do Anhangabaú.

A cada menção ao nome do ex-presidente Lula no palco do Vale do Anhangabaú, o reconhecimento do público era imediato.

Bandeirão Lula Livre visto de cima no ato em SP | Foto: RODRIGO PILHA

E foi nesse clima de Lula livre que o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, ressaltou ao público presente neste 1º de maio que a prisão de Lula, há mais de um ano na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, é injusta, é política, é o retrato de um país cuja democracia foi golpeada.

“Não teremos paz nem justiça se Lula não for solto”. (Fernando Haddad)

A presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, destacou que, se Lula estivesse solto, “estaria aqui hoje, ao lado dos trabalhadores, onde é e sempre foi o seu lugar”.

Já o presidente da CUT, Vagner Freitas, reforçou que Lula livre significa o fortalecimento da luta contra o desmonte dos direitos dos trabalhadores.

“Sabemos que Lula foi o que mais fez pela classe trabalhadora. E ele só está preso por isso. Se estivesse solto, estaria rodando o Brasil contra o fim da aposentadoria do povo”.

É de amplo conhecimento da categoria que o Sintufrj move, há 20 anos, uma ação coletiva que busca o pagamento dos atrasados do 28,86% no período de 1994 a 1997. Recentemente, a Justiça decidiu indeferir a execução coletiva da ação e determinou, na mesma decisão, que a execução deva ocorrer através de ações individuais.

Objetivamente, é uma vitória do Sintufrj e da categoria: após longa espera e vários recursos, a Justiça finalmente reconhece o direito ao recebimento dos atrasados e determina que se execute individualmente. Basicamente, é o mesmo que aconteceu no Plano Bresser: conquistamos o direito à execução dos atrasados do 28,86%, mas com a Justiça determinando que isso aconteça individualmente.

No entanto, está circulando nas redes uma mensagem que é prova inequívoca de desconhecimento ou má fé. Mais uma vez, tentam manipular a categoria, criar um clima de pânico e transformar uma boa notícia em algo ruim. Chegam ao cúmulo de dizer que os servidores podem ser obrigados a devolver um dinheiro que eles nem receberam ainda!

Repetimos: a decisão da Justiça é uma vitória e permite, finalmente, a execução das ações. Convocaremos a categoria assim que os procedimentos para as ações individuais estejam prontos, e repudiamos o terrorismo barato das fake news contra o nosso sindicato e nossa categoria. Não se brinca com o bolso dos trabalhadores!

ACESSE AQUI A CARTILHA

Para auxiliar os trabalhadores a compararem como ficaria sua aposentadoria com as regras atuais e como será se as alterações propostas por Bolsonaro forem aprovadas por deputados e senadores, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) lançou uma calculadora fácil e prática, o chamado ‘Aposentômetro’.

Acesse pelo link http://aposentometro.org.br.

No Aposentômetro tem as regras gerais para os trabalhadores da iniciativa privada, e também para os trabalhadores de regimes próprios do serviço público e aposentadorias específicas, como é o caso dos técnicos-administrativos em educação e os professores da UFRJ, trabalhadores rurais e agricultores familiares.

Passo a passo

Ao acessar a calculadora, a trabalhadora ou o trabalhador poderá escolher entre seis opções, dependendo da sua profissão:

1 – Trabalhador regime geral – setor privado, ou seja, contratado com carteira assinada (CLT) ou que contribui para o regime geral com pagamentos mensais ao INSS por meio de carnês.

2 – Professor do ensino básico celetista (contrato CLT).

3 – Agricultor familiar.

4 – Trabalhador assalariado rural.

5 – Servidor público.

6 – Professor servidor público

Em seguida, o trabalhador deverá informar o sexo, a data de nascimento e quanto tempo de contribuição conseguiu atingir até o momento. Por exemplo, um trabalhador ou trabalhadora de 50 anos de idade que começou a trabalhar cedo, porém só conseguiu contribuir com o INSS por 10 anos, deverá informar no campo ‘tempo de contribuição’ o período que contribuiu, ou seja, 10 anos.

Com base nessas informações, a calculadora irá comparar como seria a aposentadoria e o valor do benefício com as regras atuais e com as alterações propostas por Bolsonaro. Os cálculos serão feitos com base nas regras de aposentadoria por idade, valor do benefício integral (100%) e com base nas propostas de regras de transição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 006/2019).

Atenção: Se tiver dificuldade em utilizar o “Aposentômetro”, procure o Sintufrj.

(com o site da CUT)

A Reitoria da UFRJ encaminhou à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) mensagens que circulam nas redes sociais com ameaças à comunidade universitária. Para esta sexta-feira, 5 de abril, no salão do Conselho Universitário, está marcada a apuração dos votos da consulta para a indicação de reitor ou reitora da universidade.

Aqui a nota oficial sobre as ameaças divulgadas pela Administração Central da UFRJ.

“A Reitoria da UFRJ tomou conhecimento de mensagens com ameaças de violências contra a comunidade universitária. As mensagens, que circularam em mídias sociais, foram encaminhadas à Polícia Federal e Polícia Civil para identificação de autoria. Os conteúdos estão sob investigação criminal na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Paralelamente, a Prefeitura da UFRJ orientou a Divisão de Segurança (Diseg) a atuar em protocolo adequado para monitorar atividades suspeitas nos campi e pediu reforço à Polícia Militar, responsável pelo policiamento das áreas externas.

Considerando as providências tomadas, estão mantidas sem prejuízos as atividades da Universidade. A UFRJ é um lugar de promoção da paz e de valorização da diversidade humana. Não seremos tolerantes e tomaremos providências categóricas contra qualquer tipo de ameaça.”

Reitoria da UFRJ

Manobra em universidade federal não respeita resultado das urnas e indica professor, que sequer disputou a consulta à comunidade universitária, para reitor

Decisão do Colégio Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), reunido no dia 11, surpreendeu estudantes, professores e técnicos-administrativos por desrespeitar a vontade explicitada nas urnas da pesquisa à comunidade universitária para escolha de reitor e vice-reitor da instituição (gestão de 2019 a 2023).

Servidores e estudantes que lotaram o auditório reagiram aos gritos de “É Golpe” à decisão do Colégio Eleitoral de elaborar a lista tríplice a ser enviada ao MEC, não respeitando o resultado das urnas. O nome de Leonardo Villela de Castro, cuja chapa obteve 72% da preferência da comunidade, e Claudia Aiub,que obteve 28%, entraram na lista em segundo e terceiro lugares. Encabeça a lista o atual vice-reitor da Unirio, Ricardo Silva Cardoso, que nem sequer disputou a preferência da comunidade.

Retrocesso  

Em fevereiro, uma reunião dos conselhos superiores decidiu por ampla maioria pela realização da consulta paritária, como ocorre desde 2004 na Unirio. Duas chapas participaram da consulta: a vencedora foi a de Leonardo Villela de Castro e Maria do Carmo Ferreira, que conquistou 72% dos votos. O resultado não balizou o Colégio Eleitoral, que, além do vice-reitor, considerou também a candidatura de uma outra pessoa de fora da consulta, o professor de medicina e militar da Marinha, Helton Setta.

O resultado da votação no Colégio Eleitoral – que é formado por 70% de docentes, 15% de estudantes e 15% de técnicos-administrativos – foi a seguinte: Ricardo Silva Cardoso teve 65 votos, Leonardo Castro, 52, Claudia Aiub, 20, e Helton Setta, 10.

Servidores e estudantes disseram que essa é a primeira vez desde a redemocratização do país que um candidato é escolhido pelo Colégio Eleitoral da universidade sem passar pela consulta à comunidade. Ricardo Silva Cardoso foi recebido com uma grande vaia e uma faixa onde se lia “Abaixo a intervenção bolsonarista na universidade e que a comunidade seja respeitada”.

“Foi um ataque à democracia”

“A democracia foi atingida. Todo mundo foi votar, e isso não tem valor nenhum? Não está certo”, disse o diretor financeiro da Associação de Servidores da Unirio, Marcio Jaimoviceh. “O Colégio Eleitoral vai mandar  a lista tríplice e ninguém sabe o que vai acontecer agora”, acrescentou.

A coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes da Unirio, Ana Laura Asty, disse: “Estudantes, docentes e técnicos-administrativos, todos fomos fazer pressão no conselho, com palavras de ordem, mas mesmo assim a consulta não foi respeitada. Vários conselheiros votaram a favor de Ricardo. Isso é bem grave”.

No mesmo dia os estudantes realizaram uma plenária, que aprovou que saíssem em passeata pela Avenida Pasteur até a Reitoria, na Urca, para pressionar para que a comunidade universitária fosse respeitada. No dia 17 de abril, os centros e os diretórios acadêmicos se reunirão para organizar os próximos passos da mobilização contra o golpe.

Ex-reitora condena

Malvina Tuttman, ex-reitora da Unirio em dois mandatos – “Graças a Deus de forma democrática”, destaca ela –, e atual presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, analisou a situação.

“Isso aconteceu pela primeira vez. Entrei na universidade em 1980, época da lista sêxtupla, e sempre houve uma consulta pública e democrática à comunidade. Inclusive, no nosso estatuto aprovado ano passado, no artigo 11, inciso 3, consta com clareza que a indicação dos nomes da lista tríplice será feita pelo Colégio Eleitoral precedida pela consulta à comunidade”, disse Tuttman.

A ex-reitora confirma que houve discussão sobre a sucessão na universidade feita pelos conselhos superiores, e que foi aprovada a realização de consulta paritária, como sempre ocorreu, e sob a responsabilidade das entidades representativas dos segmentos. E, paralelamente, a Reitoria abriu inscrições somente para o Colégio Eleitoral.

Com um auditório lotado e em meio a protestos, sem permitir qualquer questionamento, o reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca pôs os nomes em votação, colocando os que se submeteram à consulta em segundo e terceiro.

Comunidade universitária protesta contra ataque à democracia e à autonomia universitária