Começou, na manhã desta terça-feira, dia 11, e segue até o dia 13, mais uma edição do Conhecendo a UFRJ, maior evento de extensão da universidade que abre as suas portas para estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares para que conheçam seus cursos e a produção em ensino, pesquisa e extensão.

Desta vez, com um novo formato. Em vez de um megaevento concentrado num só lugar, como nas outras edições, as palestras e estandes se dividem em quatro pontos: no Centro de Ciências da Saúde (CCS), no Centro de Tecnologia (CT), no Centro de Ciências Matemáticas e na Natureza (CCMN) e Faculdade de Letras.

Assim, desde o início da manhã até o fim da tarde, cerca de 1800 estudantes do ensino médio (público médio previsto por dia) agitam corredores tomados por estandes com professores e estudantes que se esmeram em explicar cada curso onde atuam.

 Onde é o quê

No CCS, há palestras nos auditórios do Quinhentão e Hélio Fraga, e estandes sobre cursos como Ciências Biológicas, Odontologia, Medicina, Nutrição, Gastronomia, Educação Física e Dança.

No CCMN, há palestras nos auditórios auditórios Roxinho, Novos Ventos e Pangea e estandes no corredor da Geologia sobre cursos como Arquitetura e Urbanismo, Psicologia, Ciências Sociais, História e Astronomia.

No CT, as palestras (no auditório Horta Barbosa, no bloco A) e estandes abordam os cursos das Engenharias, Administração e Comunicação Social.

Na Faculdade de Letras, há  nos auditórios G2 e E3 sobre Música, Música, Belas Artes, Letras e Artes Ciência.

O evento também contou com apresentações de dança e música, oficinas para o teste de habilidade específica (THE), visitas guiadas a laboratórios e exposições.

 

Da trajetória do movimento operário resulta o desenho de uma gangorra, com períodos de crescimento e declínio. Em situações de conflito e quando obtiveram adesão de outros setores engajados da sociedade, os trabalhadores tiveram influência no ritmo da história

 

As greves operárias iniciadas em 1979 no ABC paulista precipitaram os estertores da ditadura civil-militar, que chegou ao fim poucos anos depois. Os metalúrgicos de então – que projetaram Lula e lançaram as bases de um partido político de massas – encontravam sua ancestralidade na saga de greves gerais iniciada pelos sindicatos anarquistas em 1917.
Nesses 100 anos que nos distancia da primeira greve geral no início do século XX, puxada por mulheres no bairro da Mooca (SP), pelo menos dez greves se destacam por sua abrangência, em alguns casos, ou pelas circunstâncias adversas. No segundo caso estão as paralisações de Osasco e Contagem em 1968, que desafiaram a ferocidade dos generais.
Após a redemocratização iniciada em 1985, foram seis greves gerais envolvendo milhões de trabalhadores. Paralisações de grandes proporções aconteceram especialmente na década de 1980. No momento, o país começa a viver a expectativa da greve geral convocada para 14 de junho, na sequência de duas fortes manifestações contra o governo Bolsonaro.

 

1917, mulheres na vanguarda

A primeira greve geral do país foi iniciada por mulheres, no mês de junho, e durou 30 dias. Cerca de 400 operários – a maioria mulheres – da fábrica têxtil Cotonifício Crespi, na Mooca, em São Paulo, paralisaram suas atividades por aumento de salários e redução da jornada de trabalho. Em algumas semanas a greve contagiou outros operários e se espalhou por diversos setores da economia por todo o estado de São Paulo, e em seguida para o Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Em julho, o movimento ganhou mais fôlego no dia 11 com o enterro do sapateiro José Martinez, morto pela polícia, o que mobilizou milhares de pessoas. A partir daí o movimento reivindicatório se alastrou mais ainda: 70 mil trabalhadores, organizados em sindicatos anarquistas, pararam a produção na indústria e as vendas no comércio reivindicando aumentos salariais que compensassem a inflação elevada da época, melhores condições de trabalho e jornada diária de oito horas.

 

1962, greve conquistou o 13º salário

O 13º salário não era uma obrigação legal em 1962. Ele foi conquistado devido à paralisação dos trabalhadores de ferrovias, bancos, portos, refinarias e distribuidoras de combustível, nas capitais e cidades médias. No Rio, os trabalhadores mostraram sua força, parando praticamente toda a cidade. Houve confronto com a polícia e mortes.

 

1968, metalúrgicos desafiam o regime

Minas Gerais e São Paulo registram as primeiras greves na ditadura (1964-1985). Os metalúrgicos foram a linha de frente do combate reivindicando melhores salários e condições de trabalho. Em Contagem (MG), a mobilização, iniciada em 16 de abril, reuniu 16 mil metalúrgicos; em Osasco (Grande São Paulo), 12 mil metalúrgicos pararam no dia 16 de julho. Foram reprimidos com violência. Dezenas de trabalhadores e alguns dirigentes sindicais foram presos e levados ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Foi o primeiro movimento de resistência dos trabalhadores em um período de grande repressão.

 

1979, Lula lidera trabalhadores

Mais de cem mil trabalhadores, principalmente metalúrgicos da região do ABC paulista, pararam suas atividades em 13 de março, véspera da posse de João Figueiredo, último ditador do regime militar. A greve marcou o surgimento de Luiz Inácio Lula da Silva como liderança nacional. Lula era então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e liderou a paralisação de cerca de 80 mil trabalhadores, que se recusaram a aceitar a contraproposta patronal de reajuste salarial, numa assembleia histórica realizada no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.

 

1980, nova greve no ABC

Em fevereiro, o PT é fundado, e menos de dois meses depois uma nova greve teve início. Novamente liderados por Lula, 140 mil metalúrgicos do ABC paulista e de diversas cidades do interior decidem entrar em greve em 1º de abril devido à recusa dos empresários da contraproposta dos trabalhadores. O movimento acabou reunindo ao todo 300 mil metalúrgicos que interromperam as atividades por 41 dias. O governo interveio, e Lula foi preso pela Lei de Segurança Nacional. Ele permaneceu na sede do Dops durante 31 dias.

 

1986, a primeira greve após a ditadura

A primeira greve geral após a ditadura militar, em 12 de dezembro, uniu diversas categorias. O estopim foi o recuo das medidas implantadas pelo Plano Cruzado, entre eles o congelamento de preços, lançado pelo governo Sarney (PMDB) para controlar a hiperinflação. A greve paralisou 15 milhões de trabalhadores. A luta era ainda por salários e não pagamento da dívida externa. Houve prisão de 109 pessoas e realização de um “barulhaço”.

 

1989, a maior greve

A maior greve geral da história do Brasil durou dois dias, 14 e 15 de março. A inflação acumulada chegou a 1.782,9%, a maior taxa registrada na história do Brasil. Diante da perda do poder aquisitivo do trabalhador devido ao Plano Verão do governo José Sarney, o movimento foi convocado pela CUT e CGT. Mais de 30 milhões pararam.

 

1991, a primeira, depois das diretas

Em maio, aconteceu a primeira greve geral realizada após as eleições diretas para a Presidência, vencidas por Fernando Collor de Mello (PRN). Convocada pela CUT e CGT, foi um movimento pela garantia no emprego, reposição das perdas salariais e defesa dos serviços públicos. Mobilizou 19,5 milhões de trabalhadores e interrompeu o transporte coletivo de diversas capitais, como São Paulo, que paralisou completamente o metrô.

 

1996, contra as privatizações de FHC

A greve geral de 21 de junho de 1996, convocada pela CUT, CGT e Força Sindical, esvaziou as grandes capitais: 12 milhões de trabalhadores cruzaram os braços contra as privatizações e para combater a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em seu primeiro mandato.

 

2017, contra as reformas de Temer

Convocada contra as reformas trabalhista e da Previdência do governo Temer, a greve geral de 28 de abril de 2017 teve manifestações em todos os estados e no Distrito Federal. Houve bloqueios em estradas e vias de acesso ao centro de capitais, como a Ponte Rio-Niterói. Estima-se que 40 milhões de trabalhadores cruzaram os braços.

Arco de forças envolvendo trabalhadores, estudantes e movimentos sociais prepara paralisação gigante para barrar a reforma da Previdência

 

De acordo com a CUT, a força da Greve Geral do dia 14 de junho terá reflexo imediato na batalha parlamentar travada por deputados da oposição na Câmara para dificultar a aprovação do projeto de reforma da Previdência que acaba com as responsabilidades do Estado sobre a aposentadoria.
A greve vai ocorrer na sequência de duas grandes manifestações de fôlego realizadas nos dias 15 e 30 de maio. Embora os protestos tenham tido a educação como pavio, a temperatura das ruas, além da luta contra a reforma da Previdência, envolveu um sentimento geral de resistência à ofensiva do governo em vários campos.
O país está derretendo, com desemprego e aprofundamento da crise econômica.
Nos dois eventos (15 e 30 de maio), que serviram como espécie de aquecimento para a greve geral da próxima sexta-feira, a participação da comunidade universitária da UFRJ foi destaque.
A movimentação das lideranças sindicais e do movimento social na preparação da greve não encontra precedente na história recente. A última convocação de greve geral foi contra as reformas do governo Temer, em abril de 2017 (veja matéria especial sobre greves nas páginas 4 e 5).

Unidade
“Unidos vamos parar o Brasil no dia 14 de junho”, afirma convicto o presidente da CUT nacional, Vagner Freitas. Este é o clima que o dirigente vive nos dias que antecedem a greve geral de 14 de junho contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro.
A movimentação cresce a cada dia e todas as centrais sindicais – CUT, CTB, CSP-Conlutas, Intersindical, Força Sindical, Nova Central, CGTB, CSB, UGT –, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, como também movimentos sociais como MST (sem-terra) e MTST (sem-teto), estão participando ativamente.
Dos transportes aos bancos, todos os trabalhadores prometem cruzar os braços. As centrais realizaram expressivas plenárias de organização, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, em que diversas categorias já informaram a adesão à greve.
Paralisarão as atividades os servidores municipais e estaduais, bancários, metalúrgicos, químicos, trabalhadores do saneamento, do vestuário, metroviários, motoristas, rodoviários, portuários, aeroviários e aeroportuários, petroleiros, jornalistas, radialistas, comerciários. Algumas categorias que têm limites legais para fazer greve, como a da saúde, paralisarão as atividades administrativas
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Educação para novamente
Na contabilidade da CUT, trabalhadores da educação de vários estados e municípios aprovaram a adesão à greve geral. Além dos estudantes universitários e secundaristas, professores e técnicos-administrativos das universidades e institutos federais que antecederam o movimento paredista de forma vigorosa com as paralisações nacionais de 15 e 30 de maio realizam assembleias e plenárias. A expectativa é que todos não trabalhem dia 14 de junho.
No Rio de Janeiro, em assembleia organizada pelo Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio), foi aprovada, por unanimidade, a participação na greve.
Os trabalhadores da rede privada de ensino do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Pará, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco e Goiás, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), já confirmaram que vão cruzar os braços no dia 14 de junho.
Até a data da greve, várias ações de mobilização estarão em curso, como panfletagens e diálogo com a população, coleta de assinaturas para o abaixo-assinado contra a reforma da Previdência e distribuição de material. É ganhar as ruas para divulgar a greve e as razões do movimento.