Os responsáveis por dois dos projetos mais avançados para fabricação de vacina contra o coronavírus, o da Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca, e o da chinesa Sinovac, realizarão em milhares de brasileiros os testes da fase 3, última etapa antes da homologação. Esse procedimento faz parte do acordo com dois dos maiores produtores de vacinas do Brasil, Bio-Manguinhos, da Fiocruz, e o Instituto Butantan, de São Paulo.

O governo de São Paulo deve começar a testar a vacina chinesa Sinopec em 9 mil voluntários em 20 de julho. Para o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, com os dois testes em larga escala em território nacional, “aqui no Brasil, nesse momento, é depositada a esperança de boa parte do mundo”.

A Fiocruz firmou acordo com a AstraZeneca para compra de lotes e a transferência de tecnologia da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford. “Como instituição estratégica do Estado brasileiro, a Fiocruz carrega 120 anos de experiência de atuação na saúde pública. Num momento como esse, de emergência sanitária, já temos uma infraestrutura robusta e com capacidade produtiva para incorporar novas tecnologias e introduzir novas vacinas rapidamente no Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou a presidenta da instituição, Nísia Trindade Lima.

Vai demorar
A chegada da vacina para ser aplicada à população ainda percorrerá um longo caminho, disse o coordenador do GT Coronavírus da UFRJ, Roberto Medronho. O que deve ser destacado, segundo ele, é que o país está participando deste esforço graças aos institutos de pesquisa que são referência mundial na área: Bio-Manguinhos, da Fiocruz, e o Instituto Butantan, do Estado de São Paulo. “Isso mostra também a importância da ciência brasileira no cenário internacional”.

Medronho explicou que, no caso da vacina de Oxford, a Fiocruz conseguiu uma negociação muito importante para transferência de tecnologia: “Se a vacina for exitosa, o Brasil incorporará essa tecnologia e nós passamos a produzir para nossa população e eventualmente para o mundo, como fazemos com a vacina conta a febre amarela” (A Fiocruz produz 80% da vacina da febre amarela que é distribuída no mundo).

“Mais uma vez as instituições públicas mostram que, mesmo sem atenção adequada por parte das autoridades, a despeito de uma verdadeira cruzada contra a ciência e de muitas vezes ficarmos estagnados com o subfinanciamento, conseguimos dar respostas poderosas para a nossa população”, disse Medronho, acrescentando que o Brasil possui um Programa Nacional de Imunização (PNI) totalmente público, com vacinas gratuitas, considerado um dos melhores do mundo.

Para o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, tudo isso mostra a importância do Sistema Único de Saúde, público, de qualidade e que possa dar conta de momentos como a pandemia do coronavírus. “Temos um número elevado de mortos e seria muito pior não tivéssemos o SUS, que está salvando muitas vidas”, concluiu.

 

Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ

 

 

Como a UFRJ, o ensino remoto como alternativa de emergência é o caminho adotado por várias instituições federais de ensino superior (Ifes) que já iniciaram ou se preparam para a retomada das atividades pedagógicas em meio à quarentena provocada pelo coronavírus.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), desde 1º de julho aulas já são ministradas de forma remota para estudantes de graduação considerados concluintes, aqueles para os quais faltam 272 horas ou quatro disciplinas para terminar o curso.

A universidade está finalizando o Programa de Inclusão Digital e Apoio às Atividades Remotas para ampliar o modelo, em caráter excepcional, a outros estudantes.

Para isso, o corpo docente está sendo treinado e a universidade está mapeando as necessidades e condições de acesso dos estudantes à internet para estruturar a transição. Apresentações de trabalhos de conclusão de curso, monografias, atividades complementares e de pós-graduação e de extensão estão sendo feitas de forma remota.

A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) ainda discute a sua retomada. No dia 14 de julho haverá Sessão Remota Ordinária do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). A pauta inclui, entre outros pontos, a apresentação e deliberação sobre alternativas de retorno das atividades acadêmicas.

Na Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), os Conselhos dos Institutos realizaram discussões sobre a “Proposta Preliminar para Estudos Continuados Emergenciais 2020”. Uma segunda versão será elaborada pelo Comitê dos Grupos de Trabalho após avaliação das contribuições recebidas. Posteriormente, haverá uma audiência pública com a comunidade universitária sobre a segunda versão da proposta.

Fachada de prédio da UFMG em Montes Claros

UFMG: aulas em agosto
O ensino remoto emergencial na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi aprovado pelo Conselho Superior (Consu) no dia 6 de julho. A sua realização foi autorizada para as turmas de cursos de pós-graduação lato e stricto sensu.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) definiu que a retomada das atividades acadêmicas da graduação ocorrerá a partir do dia 3 de agosto de forma remota e emergencial.
A fixação da data possibilitou aos colegiados avançar nas discussões sobre o planejamento das disciplinas e ações que serão oferecidas sobre a adaptação dos planos de ensino e as possibilidades de oferta de atividades práticas.

Vista de cima do campus da USP

Em São Paulo, estaduais em modo ensino remoto

A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já estão em sistema de ensino remoto emergencial.

Na Unicamp houve o fornecimento de recursos para que os estudantes tivessem acesso às aulas e flexibilização de tempo para trancamento de disciplinas, sem prejuízo para a vida acadêmica do aluno.

Na USP, mais de 90% das aulas teóricas dos cursos de graduação e mais de 900 disciplinas de pós-graduação estão sendo ministradas on-line. A instituição distribuiu mais de 2 mil kits de internet para os estudantes com necessidades socioeconômicas acompanharem as aulas.

A Unesp comprou chips para telefones celulares que serão distribuídos aos estudantes que não têm acesso à internet de casa.

Corredor principal do campus da UNB.

Brasília

Na Universidade de Brasília (UNB), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) discutiu em reunião no dia 2 de julho a minuta de resolução sobre o retorno das atividades de ensino.

O texto já incorpora sugestões feitas em junho pelas unidades acadêmicas e, agora, está novamente sob consulta nos institutos e faculdades, por meio dos representantes do colegiado.

A minuta apresentada aos conselheiros institui o plano de retomada das atividades acadêmicas, dividido em cinco fases: uma delas totalmente remota e outras parcialmente remotas e presenciais. O assunto voltará à pauta do colegiado no dia 9 de julho.

Rio Grande do Norte

Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) aprovou no dia 1º de junho a regulamentação, em caráter excepcional, da oferta de atividades remotas. No dia 16 de junho foi lançado edital de inscrições para o Auxílio de Inclusão Digital voltado para estudantes de mestrado e doutorado que estejam cursando componentes curriculares de forma remota.

O auxílio será concedido em parcela única, de R$ 150,00 para disciplina com duração de 4 a 6 meses e R$ 300,00 para aquela com duração de sete a nove semanas. A verba é para aquisição de pacote de dados e de acesso à internet para permitir aos estudantes de vulnerabilidade social a participar das atividades acadêmicas on line. As inscrições acontecem em duas etapas. De 22 de junho a 1º de julho, e num segundo momento de 13 a 17 de julho.

Pernambuco

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) retomou o calendário acadêmico da pós-graduação com aulas à distância no dia 4 de junho. Os encontros serão ministrados seguindo o modelo de ensino remoto emergencial.

Ceará

Em junho a Universidade Federal do Ceará (UFC) estabeleceu um período de planejamento rumo à reposição da jornada acadêmica e à conclusão do primeiro semestre letivo de 2020. A partir desse mês de julho a comunidade volta gradativamente.

O plano de retomada conta com atividades remotas e a universidade oferecerá a estudantes e servidores técnico-administrativos uma série de ações formativas, além de apoio pedagógico e tecnológico.

Na ação de Inclusão Digital da universidade está previsto a distribuição de 6 mil chips de planos de Internet móvel a alunos com vulnerabilidade socioeconômica.

Santa Catarina
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) o Conselho Universitário votará no dia 17 de julho as regras relativas à retomada do ensino. O prazo para envio de sugestões e de destaques à Minuta de Resolução que regulamentará o retorno das aulas encerrou-se no dia 6 de julho.

A UFSC criou um site para Inclusão Digital para o cadastramento de estudantes de graduação, pós-graduação stricto sensu e ensino fundamental e médio do Colégio de Aplicação que necessitam de computadores e acesso à internet.