O Covidímetro – aparelho que indica a taxa de reprodução do coronavírus (o “R” da pandemia), com base em estatísticas oficiais – indicou que não há nenhuma possibilidade de a UFRJ retomar suas atividades presenciais. Os pesquisadores criaram uma espécie de “Ecossistema de Saúde da UFRJ” e mapearam endereços da maioria do corpo social da universidade para estudar as taxas de contágio dos locais de onde vêm trabalhadores e estudantes e os reflexos disso na comunidade universitária. 

Os pesquisadores agregaram informações sobre as regiões onde a maioria reside — além do Rio, principalmente em Niterói e Baixada Fluminense –, e chegaram a um indicador específico para a UFRJ, que está na marca de 1,39, o que significa que cada indivíduo pode infectar mais 1,39 pessoas, ou seja, há condição da doença se propagar, o que contraindica qualquer atividade presencial que não seja essencial. 

Rigor 

“Este valor tem que estar abaixo de um. Na situação em que está só dá para fazer atividades remotas. Se tiver que ser presencial tem que ser com muito controle – como, por exemplo, as de laboratório –, com o uso de equipamentos de proteção individual e o controle de entrada e saída. Não há a menor chance de voltar a ter aula presencial”, alertou Guilherme Travassos, do Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ sobre a Covid-19 e um dos criadores do Covidímetro. 

O trabalho foi desenvolvido a pedido do Grupo de Trabalho Pós-Pandemia, do qual Travassos também faz parte. Segundo o coordenador do GT, pró-reitor Eduardo Raupp, os s números apurados serão usados como um indicador epidemiológico para orientar eventuais fases do plano da UFRJ para a retomada das atividades presenciais. “Mas está muito longe da próxima fase, que seria híbrida (entre presencial e remota), e não está no cenário diante do aumento da taxa de contágio”, afirmou. 

Covidímetro

Segundo Travassos, a aplicação do Covidímetro na UFRJ ainda está em evolução. A exemplo do que fez para o estudo geral, considerou que as unidades da universidade compõem uma comunidade e calculou o indicador com base em quem pertence a ela. “Então, fizemos a junção dos dados dos locais. É uma abstração para dar uma ideia do risco e calcular o R (da UFRJ). Claro que esse valor fica diferente daquele da cidade do Rio, porque é uma composição de fatores e de endereços para dar uma visão de como está a situação que nos circula e nos afeta”, explicou. 

Ele enfatizou que não é um elemento que por si só pode definir medidas na UFRJ, mas é uma informação importante no processo de decisão: “Não adiante o R estar baixo do lado de fora e aqui dentro ter uma constante da evolução. Não tem como abrir salas e funcionar”, frisou o pesquisador. 

O “R” do Rio

A última projeção do GT Pós-Pandemia da UFRJ, no dia 3 de julho sobre “R” no Estado do Rio de Janeiro (número de reprodução calculado com base em fatores como probabilidade de transmissão, quantidade de indivíduos suscetíveis, tamanho da população, número de óbitos, indivíduos recuperados, letalidade, casos confirmados, entre outros) está em 1,37, (confira na página www.dadoscovid19.cos.ufrj.br). O que representa um risco alto.

Além da taxa, o estudo aponta estimativas: num extremo, o afrouxamento total do isolamento levaria ao aumento de casos por mais 10 semanas, com uma estimativa de 640 mil casos sintomáticos no pico. Por outro lado, se houvesse isolamento total imediato, haveria aumento de casos por mais duas semanas com estimativa de 149 mil casos sintomáticos no pico.

 

Evento que envolve toda a comunidade universitária. Confira a participação do Sintufrj

Começa nesta terça-feira, 14, e segue até 24 de julho, o Festival do Conhecimento, espaço virtual de reconhecimento e integração da produção científica e cultural da UFRJ. O evento, que pretende mobilizar toda a comunidade universitária e surpreender a sociedade, faz parte das comemorações do centenário da instituição que é celebrado este ano. “A universidade viva no enfrentamento da pandemia e na construção do bem comum”, informa a Reitoria em seu site: www.festivaldoconhecimento.ufrj.br

A maior universidade federal do país tem muito a comemorar no ano em que completa cem anos de existência. A inigualável produção científica e acadêmica e assistência são destaques no combate à pandemia do novo coronavírus. Com o encontro do ensino, da pesquisa e da extensão que a comunidade da UFRJ brindará o seu centenário, de modo remoto, é claro, mas em alto estilo para evidenciar ainda mais a interação entre a universidade e a sociedade.
Inscrições

Termina hoje, dia 13, o prazo para a inscrição de ouvintes para o Festival do Conhecimento – certificados serão conferidos também aos ouvintes, assim como para os participantes das atividades, cuja inscrição terminou em 30 de junho.

Entre estudantes, técnicos administrativos em educação e docentes inscritos para apresentação de atividades gravas são 1.542 e 581 para apresentação de atividades ao vivo.

Programação
Confira no site festivaldoconhecimento.ufrj.br a programação completa do evento, que constará de painéis, papos-virtuais, entrevistas, rodas de conversa, minicursos, apresentações culturais e Conhecendo a UFRJ. Estão confirmadas a participação da cantora Elza Soares, Fernando Haddad, Boa Ventura Souza Santos, entre outros personagens ilustres do mundo acadêmico, cultural e político.

Os temas são livres e abertos, mas que não podem faltar no Festival do Conhecimento, tais como: Os 100 Anos da UFRJ; O Enfrentamento da Pandemia; Saúde; Cultura; Ciência; Novo Normal; Ambientes Virtuais; Territórios e Comunidades; Ações Emergenciais Frente à Covid-19; Saúde Mental; Novos Mundos e Pós-Pandemia; Ações de Extensão; Ensino Emergencial; Democracia; Antirracismo; Antifascismo, entre inúmeros outros.

Participação do Sintufrj:

▪️”Trabalho remoto na UFRJ: balanço e perspectivas” – dia 15 (quarta-feira), das 17h às 19h.

▪️”Novos atores na cena universitária” – dia 17 (sexta-feira), das 11h30 às 13h30.

▪️”Saúde mental do trabalhador(a) na pandemia” – dia 22 (quarta-feira), das 17h às 19h.

▪️”Recortes raciais da sociedade em debate” – dia 24 (sexta-feira), das 17h às 19h.

O que é PLE?
. O Consuni (Conselho Universitário) estabeleceu um Período Letivo Excepcional (PLE) para 2020, considerando, entre outros motivos, que a pandemia do novo coronavírus pode se estender indeterminadamente, impondo modificação às práticas de trabalho. E o retorno às atividades presenciais e ao ensino semipresencial ou presencial ocorrerá quando as condições sanitárias permitirem.
Adesão

. O PLE é composto de 12 semanas na graduação e a participação é facultativa, ou seja, não é obrigatória. O texto aprovado no Consuni menciona artigos de resoluções do Conselho de Ensino de Graduação (CEG) que faculta a professores e estudantes a adesão às atividades não presenciais. E assegura o direito do estudante que não optar pela adesão, retomar suas atividades acadêmicas presenciais após o restabelecimento do calendário acadêmico regular da UFRJ.

Trancamento
. O CEG autorizará, em caráter excepcional, o trancamento de disciplinas e o trancamento de matrícula, com a interrupção da contagem do prazo máximo de integralização do Curso.

Inscrição em disciplinas
Está garantida a inscrição em disciplinas de estudantes que possuam débitos referentes à retenção indevida de livros de bibliotecas ou de qualquer outro material de ensino pertencente à UFRJ e não reprovação por frequência durante os períodos letivos excepcionais.

Pós- graduação
. De acordo com resolução do CEPG (Conselho de Ensino dos Pós-Graduandos), é possível o trancamento justificado por motivo da pandemia a qualquer momento pelos alunos participantes de disciplinas ministradas remotamente durante o período de excepcionalidade; nenhum discente pode ser penalizado por não aderir a disciplinas ou atividades remotas.

Ao vivo/Gravadas
. A resolução do CEG prevê a realização de aulas síncronas (tipo Webconferências, com presença de todos) e assíncronas (sem necessidade que o aluno esteja conectado no momento). No caso das aulas síncronas, preferencialmente, devem ter sua gravação disponibilizada, respeitados os direitos de imagem de quem elaborou o material didático-pedagógico.

Condições
. Outra resolução do CEG prevê que UFRJ deverá disponibilizar aos estudantes, ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) e aos estudantes enquadrados como Pessoas com Deficiência (PCD) recursos de acessibilidade, que permitam o acompanhamento dos conteúdos. A UFRJ, por meio da PR7, estabeleceu política de inclusão pelo edital “Auxílio Emergencial Covid-19 – Inclusão Digital” para fornecer condições técnicas necessárias para o acesso à internet com a distribuição de chip e modem.

Depois de outubro
. Segundo o coordenador da Comissão de Formas Alternativas de Ensino, o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha, até o final deste período excepcional, haverá nova discussão no CEG para avaliar o que virá depois do PLE. Os estudantes, durante este período, podem abater disciplinas da grade total.

Tutorial
A Equipe da Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) elaborou um tutorial, na forma de perguntas e respostas, baseado em dúvidas que recebeu sobre a implantação do Período Letivo Excepcional (PLE). Consta de informações gerais, detalhamento sobre as atividades ofertadas, e sobre o preenchimento de um formulário sobre atividades não presenciais que deve ser apresentado ao MEC.

Outra edições do tutorial deverão ser editadas e, se alguma dúvida não estiver relacionada, o interessado pode enviar para o e-mail atividadesremotasgrad@pr1.ufrj.br.

“São muitas dúvidas, maiores as incerteza pois se trata de um momento novo, inédito para a maioria dos docentes, discentes, gestores. Tudo consiste em um grande aprendizado mas que, de forma inequívoca, contribuirá para a busca de soluções criativas para a nossa universidade”, menciona a equipe da PR-1 na apresentação do documento que pode ser acessado aqui.

 

 

 

 

 

O deputado estadual Rodrigo Amorim, do PSL, descobriu que a UFRJ existe. Deste sexta, as redes sociais do parlamentar contém postagens onde ele demonstra sua indignação com o conteúdo do portal da universidade. O print que ilustra o post de Amorim estampa uma foto com trabalhadores e estudantes negros e/ou LGBTs.

Amorim escandaliza-se com a promoção da igualdade, do respeito, do diálogo e da inclusão. Não nos surpreende. O deputado ficou famoso por, ainda candidato, rasgar uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada pela milícia carioca; e a ação de maior repercussão do seu mandato foi a invasão de uma audiência pública sobre cotas, realizada na UERJ, quando, acompanhado de capangas armados, hostilizou e intimidou os estudantes presentes.

Enquanto Amorim reclama de “doutrinação” e desperdiça tempo e dinheiro público, a UFRJ faz-se mais uma vez indispensável ao país. A pandemia de covid-19, ignorada pelo deputado, já causou mais de 72 mil mortes até o momento. Estes números certamente seriam maiores se, em 4 meses, a universidade não tivesse realizado dezenas de milhares de testes e prestado atendimento de referência em suas unidades hospitalares. Recentemente, a universidade desenvolveu um ventilador pulmonar mais de 10 vezes mais barato do que a média do mercado.

O Sintufrj repudia a postura autoritária, racista e intolerante do parlamentar. A universidade pública brasileira nunca estará a serviço da cultura da morte e da violência. Nosso compromisso com a ciência, o conhecimento, a democracia, os direitos humanos e o desenvolvimento é o alicerce da nossa trajetória centenária, e é incompatível com comportamento miliciano.

Coordenação do Sintufrj – Gestão Ressignificar