“Vacinação em massa da população é a saída contra a pandemia”, alertam especialistas da UFRJ

Compartilhar:

Dezoito estados – entre eles o Rio de Janeiro que está com restrições sanitárias desde 26 de março até o dia 4 de abril para conter o avanço da pandemia – estão com alta nas mortes pela covid-19.  Dados de 29 de março contabilizam que, nos últimos 14 dias, o Rio registrou mais de 33 mil casos, num total de  641 mil e 36 mil vítimas desde o início da crise pandêmica. 

As especialistas do Centro de Triagem e Diagnóstico para covid-19 da UFRJ (CTD-COVID-19), professoras Terezinha Castiñeiras e Débora Faffe, informam que o percentual de casos positivos atingiu 36,7% no dia 26 de março, justamente no primeiro dia das restrições sanitárias no Rio e em Niterói. Elas integram o Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ.

Na avaliação das especialistas, esses 10 dias de restrições no Rio e no município de Niterói podem, sim, contribuir para minimizar o avanço da doença, embora considerem as medidas insuficientes. Tanto erezinha como Débora apontam que a vacinação da população é o caminho para debelar a pandemia.

Alerta das especialistas

“Até o momento, as principais ferramentas para minimizar o avanço da covid-19 são o distanciamento social, uso de máscara e a vacinação em massa da população. Como nossa disponibilidade de vacinas é restrita e o processo de vacinação progride lentamente, torna-se imperativo assegurar o controle de contato. Acredito sim que esses 10 dias possam contribuir para minimizar o avanço da doença, como qualquer redução de aglomeração, mas muito provavelmente serão insuficientes. Até que uma significativa parcela da população esteja vacinada, é fundamental evitar ao máximo todos os tipos de aglomeração humana”, alertou Terezinha Castiñeiras. 

Segundo Terezinha e Débora Faffe, nas primeiras semanas de março houve um aumento de resultados positivos nos exames de RT-PCR dos casos sintomáticos atendidos no Centro de Triagem, em relação aos meses de janeiro e fevereiro. O percentual de resultados positivos passou de 11,6% para 20,1%. Essa observação gerou, inclusive, uma nota técnica de alerta emitida pelo GT Coronavírus da UFRJ, em 21 de março. Esse percentual de casos positivos continuou aumentando progressivamente e na última sexta feira atingiu 36,7%”.

Além do aumento de casos o vírus ficou mais forte

“De certa forma podemos afirmar que sim”, afirmou Débora Faffe. “Neste mesmo período, constatou-se uma queda progressiva do Ct (limite de detecção, do inglês Cycle Threshold) do RT-PCR, que atingiu na última semana o valor médio mais baixo detectado em toda pandemia (Ct < 22).  Como o Ct reflete inversamente a carga viral estimada, os valores mais baixos de Ct correlacionam-se com cargas virais mais elevadas, indicando risco de aumento de transmissibilidade e, consequentemente, potencial de explosão de casos nas semanas subsequentes”, explicou a especialista.  

 “Baixos valores de Ct estão associados com maior transmissibilidade. Cada pessoa infectada com carga viral estimada elevada poderá transmitir o vírus, em média, para outras seis pessoas. No entanto, esse número pode aumentar exponencialmente em ambientes fechados e/ou de aglomeração. Logo, espera-se uma propagação mais rápida”, disse  Débora Faffe. 

Recordes

O Brasil vem batendo recordes de vítimas por covid-19. A média móvel de mortes chegou a ultrapassar 2,5 mil por dia, a maior desde o início da pandemia, em março do ano passado. No total, o país contabilizou quase 13 milhões de casos e mais de 314 mil óbitos. 

No mundo, mais de 126 milhões foram infectadas. Do total de doentes, mais de 2,7 milhões morreram, segundo a Universidade Johns Hopkins. O Brasil segue como o terceiro país do mundo em número de casos de Covid-19 e o segundo em mortes, atrás dos Estados Unidos.

 

 

COMENTÁRIOS