Estudo mostra que modelo adotado pelo município, unindo esforços públicos e privados, reduziu cinco vezes mais a letalitade dos casos

Cidade de Macaé, no litoral fluminense, destacou-se como a mais eficiente no enfrentamento da covid-19 no estado do Rio de Janeiro | Foto: Ana Marina Coutinho (Coordcom/UFRJ)

A cidade de Macaé, no litoral fluminense, destacou-se como a mais eficiente no enfrentamento da covid-19 no estado do Rio de Janeiro, em 2020. Um estudo levado à frente pelo Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nupem/UFRJ), publicado no dia 13/10, na Nature Scientific Reports, aponta que as ações articuladas envolvendo os setores público (UFRJ, Prefeitura Municipal, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho) e privado (hospitais e empresas do ramo do petróleo) possibilitaram prevenir tanto contaminação quanto mortes pela covid-19.

No primeiro semestre de 2020, Macaé registrou 1,8% de letalidade associada à covid-19, uma fração pelo menos cinco vezes menor que a da capital, que registrou 10,7%. A metodologia multidisciplinar inovadora para a realização de testes moleculares em massa associados à análise científica de dados sobre a disseminação da covid-19 foi conduzida pelo Nupem/UFRJ e envolveu biólogos geneticistas, biomédicos, ecólogos, médicos, engenheiros e estatísticos, que uniram suas especialidades para trabalhar com ciência de dados.

A rotina das testagens iniciava com a coleta diária de amostras por meio do swab nasal de pacientes sintomáticos que procuravam o Centro de Triagem do Paciente do Coronavírus (CTC) ou estavam hospitalizados. Essas amostras eram, então, imediatamente enviadas para o instituto, junto com o termo de consentimento para o uso de informações relevantes para a pesquisa (idade, endereço residencial, sintomas e ocupação/profissão).

Na UFRJ, uma parte da equipe submetia cada amostra ao método padrão ouro RT-qPCR, e a notificação do paciente com o resultado do teste ocorria em até 48 horas após a coleta no CTC ou no hospital. Paralelamente, outra parte da equipe inseria os dados dos pacientes testados em um sistema de geolocalização desenvolvido pelo professor Marcio Medeiros e pela aluna de doutorado em Ciências Ambientais e Conservação (PPG-CiAC) Janimayri Forastieri de Almeida. Assim, o prazo entre a busca da população pelo serviço e a notificação com o resultado do teste realizado no Nupem/UFRJ era menor que aquele levado por outros laboratórios aptos a realizarem o teste, como o Lacen. Essa rápida notificação e a adoção do isolamento domiciliar dos casos positivos contribuíram para a restrição de contaminação no município.

Para a Prefeitura de Macaé, a metodologia desenvolvida no Nupem/UFRJ foi uma importante ferramenta de gestão. A análise semanal dos dados disponibilizou informações de caráter gerencial da pandemia ao poder público municipal, como índices de incidência dos casos, que permitiam a emissão de alertas e chamados para testagens direcionadas a determinados bairros, isolamento e acompanhamento da evolução das pessoas contaminadas.

De acordo com o professor Rodrigo Nunes da Fonseca, diretor do Nupem e autor correspondente do estudo, “os resultados do artigo demonstram que a abordagem multidisciplinar e multi-institucional, com o engajamento da sociedade macaense, foi capaz de mitigar os efeitos da pandemia no município. Esse é um claro exemplo de como o conhecimento científico pode ajudar diretamente em questões que afetam a sociedade”.

Para a professora Ana Petry, a professora Natalia Martins Feitosa e o tecnólogo Bruno Rodrigues, que são os primeiros autores do artigo, “o estudo revela que as regiões mais populosas da cidade tiveram mais casos e mortes e que homens em idade de trabalho foram os mais acometidos”. Segundo a professora Petry, que é ecóloga, foram adaptadas técnicas de análises e dados ambientais para a área da saúde, buscando padrões nos sintomas e nos dados de biologia molecular de pacientes positivos para a covid-19.

Agentes públicos e privados colaboraram no suporte em estrutura física e recursos financeiros para a realização de milhares de testes para a detecção do Sars-CoV-2. Além disso, doações de pessoas físicas e jurídicas foram direcionadas a uma conta gerenciada pela fundação Coppetec/UFRJ, em projeto que teve o apoio do Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Justiça Federal de Macaé e Itaperuna, Adufrj, médicos do trabalho da região, além de hospitais e cooperativas de saúde, como a Unimed Costal do Sol, a Irmandade São João Batista e o Hospital São Lucas. A prestação de contas completa do projeto encontra-se aqui.

Com informações da Assessoria do Nupem/UFRJ.

 

 

A luta em defesa dos serviços públicos e contra a proposta de reforma administrativa de Guedes e Bolsonaro, a PEC 32/2020, segue firme em Brasília e nas capitais com pressão aos parlamentares nos aeroportos, gabinetes, assembleias legislativas, nos municípios onde moram e guerrilha virtual nas redes sociais. Nesta segunda-feira, 18, acontecerá a plenária virtual nacional cutista dos servidores municipais, estaduais e federais para intensificar as ações vitoriosas contra a PEC. 

A PEC 32 foi aprovada há quase dois meses em comissão especial e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), aliado de Bolsonaro, posterga a sua inclusão na pauta para votação pelo plenário, porque pode ser derrotado no voto. Lira continua à caça de no mínimo 308 votos – está oferecendo emendas aos parlamentares no valor de R$ 20 milhões – mas sua intenção não vai à frente por conta da forte campanha contrária do funcionalismo público. 

De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), ainda que Lira e o governo Bolsonaro “convençam” todos os deputados indecisos a votarem a favor da reforma administrativa, ficam faltando dois votos para aprová-la na Câmara, antes de remetê-la ao Senado. Segundo dados do Diap, 251 deputados são favoráveis  à Reforma administrativa, 207 contra e 55 indecisos. 

O placar apertado reflete a pressão dos servidores públicos, que há quatro semanas estão em vigília no Aeroporto Internacional de Brasília e no Anexo II da Câmara pressionando os indecisos e os favoráveis à PEC 32 a votarem com os trabalhadores. A palavra de ordem “Se votar, não volta!” tem ecoado nos ouvidos de deputados e senadores diariamente e a pressão tem conquistado a adesão até mesmo de deputados integrantes da base de sustentação de Bolsonaro. De olho nas eleições do próximo ano e na forte rejeição popular à Bolsonaro, eles não querem arriscar os próprios mandatos.

Desde a apresentação da PEC 32, há mais de um ano, oposição, servidores, suas entidades e centrais sindicais lutam contra esta proposta que irá destruir e privatizar os serviços públicos, exterminar direitos e carreiras e fazer dos servidores públicos espécie em extinção. De lá para cá a campanha fez estrago na base de apoio do governo Bolsonaro.

A Plenária Nacional CUTista dos Servidores das Três Esferas de Governo contra a Reforma Administrativa, acontece nesta segunda-feira, 18 de outubro, das 15 às 18h. Inscrições no link https://forms.gle/rpixucKhPjUYrmBX7

 

ANA LUIZA VACCARIN/MGIORA.

 

 

Ao mestre com carinho

Não há palavras que definam com precisão a importância dos professores na vida de todos nós. São eles que nos abrem as portas para o conhecimento, nos inspiram, orientam a seguir em frente, seja quais forem os obstáculos. Por isso, no seu dia, só há uma frase a ser dita: “Muito obrigada (o)”

Direção do Sintufrj – Gestão Ressignificar