Área de veículos automotores caiu do segundo para o quarto lugar na receita líquida. Sudeste perde participação

Reprodução/Montagem RBA

Em um período de 10 anos, de 2011 a 2020, a indústria brasileira perdeu 9.579 empresas (3,1% do total). E eliminou 1 milhão de empregos, basicamente no setor de transformação. Os dados são de pesquisa anual divulgada nesta quinta-feira (21) pelo IBGE. Segundo o instituto, metade do corte se concentrou em três atividades: artigos de vestuário e acessórios (-258,4 mil), artigos de couro, para viagem e calçados (-138,1 mil) e produtos de metal (-134,2 mil).

Assim, em 2020, havia 303,6 mil empresas com um ou mais ocupados, sedo 297,3 mil na área de transformação e 6,3 mil indústrias extrativas. O setor tinha naquele ano 7,7 milhões de ocupados – 7,5 milhões na indústria de transformação e 200 mil nas empresas extrativas. A receita líquida, somada, chegou a R$ 4 trilhões, com pagamento de R$ 308,4 bilhões em salários e outras remunerações. E o salário médio era equivalente a três salários mínimos, ante 3,5 há 10 anos.

Setor de alimentos lidera

Confirmando o cenário geral de queda da indústria brasileira, o número de empresas diminuiu pelo sétimo ano seguido. O ponto mais alto da série foi 2013, com retração a partir do ano seguinte. Desde então, o total de indústrias caiu 9,4% e o de empregos, 15,3%.

Entre os segmentos, a indústria alimentícia tem 24,1% de participação, com crescimento de 5,9 pontos percentuais em 10 anos – e 3,6 apenas de 2019 para 2020. O setor concentra 1,758 milhão de empregados. A área de produtos químicos foi de 8,8% para 10,5%, saindo da quarta para a segunda posição. Já o setor automobilístico fez o caminho inverso, perdendo 4,9 pontos em 10 anos, de 12% para 7,1% de participação.

Sudeste cai, Norte cresce

A região Sudeste teve a maior perda em 10 anos (menos 4,6 pontos percentuais), mas ainda concentra 56,3% do Valor de Transformação Industrial (VTI). A região Norte foi a que mais cresceu (2,5 pontos), para 9,3% do total, enquanto o Centro-Oeste subiu 1,7 ponto, para 6,3%. O Sul tem 18,7% (praticamente estável, com 0,2 ponto de variação), enquanto o Nordeste soma 9,5% (0,3 ponto m 10 anos).

“O avanço na participação das regiões Norte e Centro-Oeste pode ter sido influenciado pela indústria extrativa e a agroindústria, que foram menos prejudicadas pela crise sanitária”, observa a gerente de Análise Estrutural, Synthia Santana. A indústria paulista concentra 30,4% da produção e a mineira, 12,5%.

Um dia após o presidente Jair Bolsonaro reunir embaixadores para levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral sem apresentar provas, o núcleo político que trabalha pela reeleição do atual titular do Palácio do Planalto tratar o assunto como “página virada”, nas palavras de um integrante do grupo. A ordem agora é aproveitar o anúncio de redução do preço da gasolina para virar a pauta negativa e embalar a convenção do PL que acontece no próximo domingo, no Rio.

Reunião com embaixadores: Após 24 horas dos ataques de Bolsonaro ao TSE, Lira permanece em silêncio

Eleições 2022: Grupo de 43 procuradores diz que conduta de Bolsonaro ‘afronta’ democracia e pede a Aras abertura de investigação

 

Bolsonaro se reuniu com cerca de 70 embaixadores e outros representantes diplomáticos no Palácio Alvorada ontem à tarde e reiterou os ataques às urnas eletrônicas e aos magistrados dos tribunais superiores. A nova investida gerou reações duras por parte dos presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e presidenciáveis.

A péssima repercussão do evento foi discutida hoje em reunião do comitê de campanha. Segundo pessoas presentes à conversa desta terça, a ordem é evitar declarações sobre o caso, sobretudo críticas ao presidente, para tentar baixar a temperatura do assunto. Aliados do presidente têm tentado convencê-lo de que o assunto não atrai votos à reeleição, sem sucesso.

Participaram da reunião o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fabio Faria (Comunicações), além do ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto. A conversa teve a participação também da equipe da comunicação da campanha: o coordenador Fabio Wajngarten, o marqueteiro do PL, Duda Lima, e o publicitário Sergio Lima.

O encontro de Bolsonaro com diplomatas, como mostrou O GLOBO, foi considerado “desastroso” por integrantes do núcleo duro do titular do Palácio do Palácio do Planalto. Integrantes da campanha concordaram que não adianta mais confrontar o presidente sobre os ataques às urnas eletrônicas, mas tentar neutralizar os efeitos do discurso dele com os principais temas campanha.

A ideia é que Bolsonaro, ao cumprir a agenda de candidato, se concentre em bater na tecla do “pacote de bondades” que o governo foi autorizado a oferecer com a promulgação na semana passada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Eleitoral.

Votação: Nem metade da população de rua de Rio, São Paulo e Distrito Federal tem título de eleitor

A proposta dribla a lei eleitoral e regras fiscais para permitir a distribuição de benesses a quatro meses do pleito. Ela permitiu o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e do Vale-Gás para 120, além de criar benefícios para caminhoneiros e taxistas.

Outra estratégia definida durante a reunião passa por Bolsonaro reforçar o anúncio de redução do preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras, feito pela Petrobras. Passará de R$ 4,06 para R$ 3,86 por litro, uma redução de R$ 0,20 por litro ou de 4,9%.

Eleições 2022: Sem candidato à Presidência, PSDB chega a três meses da eleição com só dois nomes ao Senado; veja o mapa de candidaturas

Horas antes de a anunciar a alteração que vai impactar nas bombas no curto prazo, o presidente afirmou que a empresa ia “achar seu rumo” e que ia “começar a dar boa notícia”.

— Os caminhoneiros sofreram com aumento no combustível, foi no mundo todo. Acho que a Petrobras vai achar seu rumo agora, (com um) novo presidente. Vai começar a dar boa notícia para a gente – disse Bolsonaro a apoiadores, no Palácio da Alvorada.

Efeito Moraes

Já os membros do núcleo jurídico da campanha reconhecem o que classificaram como “exageros” no discurso de Bolsonaro. Na avaliação deles, porém, embora a reunião com embaixadores já estivesse agendada desde a semana passada, a decisão do ministro do TSE Alexandre de Moraes que obrigou bolsonaristas do presidente a retirarem do ar publicações que continham informações falsas sobre o pré-candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inflou ainda mais os ânimos de Bolsonaro.

Pulso: Quatro anos depois, o resultado do ‘Ciro Games’

O despacho de Moraes ocorreu no domingo e foi divulgado na segunda-feira, horas antes da reunião com embaixadores.

Para os aliados, a decisão não poderia ter sido tomada porque Moraes não é o responsável por analisar as ações envolvendo propaganda antecipada. O ministro, que é vice-presidente do TSE e atua interinamente como presidente, tomou a decisão no plantão do tribunal, porque os juízes responsáveis estão de férias.

AddThis Website Tools

jul 20, 2022

 

Por Fernanda Rodrigues

 

O desserviço prestado pelo editorial do Jornal O Globo revela a necessidade de discutir a fundo a importância do serviço público.

Em texto editorial publicado no dia 18 de julho, com o título “Descaso do funcionalismo revela urgência de reforma administrativa “, o Jornal O Globo defende a reforma administrativa e desrespeita os servidores públicos federais ao retratar de forma equivocada a realidade do serviço público brasileiro. O texto tenta deslegitimar a luta dos auditores fiscais e peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos auditores fiscais da receita federal.

A primeira acusação citada na matéria é de que os médicos do INSS não têm cumprido os prazos estabelecidos pela Procuradoria-Geral da República juntamente com o INSS em 2020. A matéria desconsidera completamente que no período questionado o país passava por uma pandemia que aumentou o número de solicitações e afastamento do trabalho e de concessões de auxílio-doença. Até julho de 2021, foram registradas pelo Ministério do Trabalho e Previdência 68.014 concessões, o que equivalia a 54,5% das liberações para segurados.

O editorial responsabiliza os servidores e não a falta de estrutura pública pelo fato de segurados não conseguirem agendar consultas de perícia médica, além de justificar que a fila de espera, de 1 milhão de pessoas, era resultado da greve dos médicos e da suspensão dos serviços na pandemia. Contraditoriamente às declarações do presidente da república, que desmereceu a gravidade da situação de pandemia no brasil, a suspensão de serviços nas fases mais críticas visou proteger os servidores e a população, não aumentando os casos de Covid19. As greves ocorridas no período refletiram o desmonte do serviço público nos últimos anos, trazendo a bandeira de mais investimentos, respeito e estruturas para que os trabalhadores essenciais e da saúde pudessem atender com agilidade e qualidade os desafios da pandemia. Culpabilizar os servidores pela situação caótica em que o país se encontrou nos períodos mais agudos da pandemia de Covid19 é desonesto e irresponsável.

Quando toca na luta dos auditores da Receita Federal, o editorial ironiza a exigência da categoria a reajuste, colocando de forma negligente informações incompletas sobre a possibilidade de aumentos ao funcionalismo. Nessa rápida acusação, o jornal propositalmente não comenta sobre o fato desta categoria se encontrar a mais de 5 anos sem reajuste salarial, apesar das diversas tentativas de negociação com o governo federal anteriores ao período eleitoral.

Quando ilustra de forma fantasiosa o que chama de “mundo singular do serviço público”, o editorial cita “estabilidade no emprego para todos e uma série de benesses de que ninguém jamais ouviu falar em empresas privadas” e diz que não existe garantia de qualidade no serviço prestado uma vez que não há promoções por mérito e aumento salarial. Se contradiz ao colocar como solução a PEC32, conhecida como reforma administrativa, que quer retirar do servidor a estabilidade, conceito primordial para a garantia de lisura e efetividade no trabalho prestado à sociedade, sem brecha para troca de favores, corrupção ou fraudes no fluxo operacional dos serviços.

O único detalhe colocado de forma correta no texto é que a Reforma administrativa foi barrada por pressão das categorias do funcionalismo público. Em 2021, a unidade das categorias de servidores públicos foi determinante para o recuo do governo na tramitação da PEC-32. O serviço público e o servidor, que tiveram seus papeis fundamentais evidenciados na pandemia, precisam de investimento, melhores condições de trabalho e respeito, e não de uma reforma administrativa que o precarize e desmonte cada vez mais.

Afastado do Ministério da Educação (MEC) desde final de março, e preso após operação da Polícia Federal em meados de junho, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro é o pivô de um escândalo de corrupção de grandes proporções na pasta que comandava.

Envolvendo a mediação de pastores e, segundo o próprio Ribeiro, orientações diretas do presidente Jair Bolsonaro, o escândalo de corrupção no MEC sintetiza didaticamente a forma de atuação do Governo Federal, com o discurso falsamente moralista e ideologicamente inflamado, caminhando junto do saque dos cofres públicos e da troca de favores com a velha política.

Após reportagens que expuseram parte da rede de corrupção no MEC, investigações iniciais feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria Geral da União (CGU) estimam que R$ 31 bilhões de reais foram desviados dos cofres públicos em 2021.

Esse total inclui R$ 12,2 bilhões em irregularidades constatadas pelo TCU na prestação de contas do governo Jair Bolsonaro (motivo pelo qual as contas foram aprovadas com “ressalvas”) e R$ 18,8 bilhões mapeados por técnicos da CGU como distorções no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) – que está no centro do escândalo do MEC e é comandado por membros do partido ao qual Bolsonaro se filiou neste ano.

O Senado já aprovou o requerimento para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o MEC, mas os governistas manobram para postergar as investigações para depois das eleições. O medo toma conta de Brasília.

Eles transformaram o Ministério da Educação em um grande balcão para negócios corruptos. Agora, estão apavorados. (Associação dos Professores do Paraná)