Na periferia de SP, supermercados vendem de feijão quebrado a pele de frango

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Com a fome atingindo mais de 15 milhões de brasileiros, donos de supermercados e açougues aderem a Lei do Gerson, a tal de levar vantagem em tudo, e passam a vender até o que era jogado no lixo

Com 61,3 milhões de brasileiros sem saber se terão comida na mesa em alguma das refeições, com algum tipo de insegurança alimentar e, deste total 15,4 milhões passando fome, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), os comerciantes aproveitam para vender produtos perto da data de validade, soro de leite ao invés do longa vida, feijão quebrado, bandejas com restos de queijo e presunto, carcaça e pele de frango.

É a volta da chamada Lei do Gerson, expressão que ficou famosa na década de 1970, após o ex-jogador estrelar uma propaganda de uma marca de cigarros que dizia: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila Rica!”.

Como definiu o Wikipédia: “Na cultura midiática brasileira, a Lei de Gérson é um princípio em que determinada pessoa ou empresa obtém vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais”.

De acordo com reportagem da equipe da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, publicada no UOL, a crise e a inflação têm levado os donos de supermercados a venderem esses produtos, mas tem mais, eles sempre levam vantagem em tudo.

Os jornalsitas foram ao Capão Redondo, na zona sul da capital paulista e encontraram ao lado do feijão comum o chamado “feijão fora do tipo”, composto por 70% de grãos inteiros e 30% feijão bandinha [partido], segundo o site da marca Solito Alimentos, que vendia o produto por R$ 8,48. O  carioca tradicional da mesma marca custava um pouco mais, R$ 9,98. Na mesma loja, pontas de frios eram vendidas como promocionais, com pedaços de restos de queijo, diz o jornal.

O mesmo cenário foi encontrado no Grajaú, também na zona sul da capital, onde mercados e açougues estavam vendendo carcaça e pele de frango em sacos plásticos e bandejas. No mercado Fonte Nova, em Guarulhos, na Grande São Paulo, uma caixa de leite varia de R$ 8 a R$ 10. Por ali, subprodutos como soro de leite e misturas condensadas se tornaram a alternativa mais barata.

Esta semana, mais um caso de pessoas pegando comida no lixo foi registrado no Rio de Janeiro pelo fojornalista Onofre Veras. Em Maceió tem fila para pegar ossos e pele de frangos doados. A tragédia não para nunca.

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