A semana do servidor público promovido pelo Sintufrj encerrou as atividades com futebol e churrasco na tarde/noite de 26 de outubro. O campo de futebol da prefeitura da UFRJ reuniu mais de 50 trabalhadores de diversas unidades que formaram quatro times e fizeram a bola rolar. Atletas da Pelada do Coração e dos times de unidades da UFRJ abrilhantaram o evento. O objetivo maior foi o da integração e do fortalecimento da campanha em defesa da educação, da saúde, da valorização dos servidores.
“Todos serão premiados pela participação. Realizamos esse torneio relâmpago com o mote antifascista porque no esporte também é preciso consciência de classe. Ainda mais nesse momento tão crucial, a três dias da eleição. Acreditamos que na organização do torneio conseguimos fazer um bom trabalho de mobilização sobre a importância de eleger um governo que interesse aos servidores. Conseguimos virar alguns votos e cada voto vale muito”, declarou o coordenador de Esporte e Lazer do Sintufrj, Jorge Emanuel.
“Nós vamos passar o trator”, falou com entusiasmo, o também coordenador da pasta, Waldir Dias, o Lalá, numa referência a eleição. Embora ele tenha dito que os colegas do IPPMG tenham dado trabalho para poder virar voto, o esforço valeu. “De qualquer forma conseguimos fortalecer a campanha”, completou Lalá.
No colete dos jogadores suados e felizes o recado foi dado: “Resistindo em Defesa da Universidade”.
Torneio de Futebol dia do Servidor Público no Sintufrj. Rio,27/10/22 Fotos de Elisângela LeiteTorneio de Futebol dia do Servidor Público no Sintufrj. Rio,27/10/22 Fotos de Elisângela LeiteTorneio de Futebol dia do Servidor Público no Sintufrj. Rio,27/10/22 Fotos de Elisângela LeiteTorneio de Futebol dia do Servidor Público no Sintufrj. Rio,27/10/22 Fotos de Elisângela Leite
“Todo mundo que estuda aqui na UFRJ tem que entender a importância do seu voto no dia 30 de outubro”
A três dias para da eleição, a expectativa sobre o resultado que sairá das urnas é grande no país e também na UFRJ. Afinal, está em jogo o futuro da universidade ou melhor, da educação pública. Por conta disso, várias atividades políticas foram realizadas durante a semana pelas entidades de classe Sintufrj e Adufrj, e estudantil: DCE Mário Prata e APG (Associação dos Pós-Graduandos), principalmente na quarta-feira, 26, Dia L na UFRJ.
O Comitê Popular de Luta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Escola de Belas Artes (EBA) foi responsável pela roda de conversa “Sem medo de ser feliz: política e cotidiano universitário no Brasil da esperança”. As professoras da UFRJ Dani Balbi e Luciana Boiteaux, parlamentares eleitas do PCdoB e PSOL respectivamente, foram as palestrantes.
A atividade na Reitoria objetivou, segundo Kelbia Maia do comitê organizador, ratificar o espaço coletivo de construção política e que na história recente do país foi palco de censura das manifestações democráticas da comunidade universitária.
Dani Balbi
Danieli Christovão Balbi, mais conhecida como Dani Balbi é a primeira professora transexual da UFRJ e agora a primeira parlamentar transexual da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ela também é roteirista e leciona literatura na rede pública. Ela chamou a atenção para a importância do momento e a urgência de eleger Lula presidente.
“O desgoverno de Bolsonaro ameaça sistemática e cotidianamente a participação popular e a organização social. Suas medidas direcionadas à educação vão no sentido de pôr um freio no movimento que nós construímos de democratização da universidade pública com os cortes de verbas”, disse a deputada.
Segundo Dani, Bolsonaro sabe que uma universidade autônoma e com aportes de recursos, pode oferecer cada vez mais vagas e garantir assistência estudantil aos mais pobres, e aumentar o ingresso na pós-graduação. “E isso ameaça o seu projeto de aprofundamento do neoliberalismo no Brasil, que tem como limite a privatização desses espaços e a entrega de nossa vida e de toda a estrutura que oferece assistência social, educação e saúde públicas à população para a gestão do mercado. Entregando a população trabalhadora e os estudantes à própria sorte, sem perspectiva de futuro”, acrescentou.
“Em nome dos estudantes que ao longo da história militaram por uma educação pública, gratuita e de qualidade, enfrentaram a ditadura militar e o autoritarismo do governo (Getúlio) Vargas, foram às ruas para garantir mais verbas, mais investimentos e mais universidades é que não podemos titubear nesses próximos dias. Nós temos um compromisso de construir o fim do fascismo e do autoritarismo. Nós sabemos da responsabilidade que pesa sobre nós e, a partir daí, disputar as contradições de um governo democrático que será o governo do presidente Lula”, concluiu.
Luciana Boiteaux
Advogada, professora de Direito Penal e Criminologia da UFRJ e, a partir de janeiro de 2023, vereadora do Rio – como primeira suplente do Psol, ela assumirá a vaga de Tarcísio Mota, eleito deputado federal, na Câmara de Vereadores do Rio –, Luciana Boiteaux afirmou: “A gente nunca se viu num momento tão desafiador. Essa história de luta colocada por Dani é uma história de muitas individualidades, mas também de uma luta coletiva. Sem dúvida algum nenhum enfrentamento foi como está sendo hoje. O Brasil não vai ser o mesmo depois de Bolsonaro. A extrema-direita veio para ficar. O bolsonarismo está colocado e está fortalecido. Com a eleição de Lula, tenho confiança, a gente tem muita coisa para desconstruir do que foi feito até esse momento. A gente vai ter muita luta para fazer na universidade.”
“A maior a lógica e a mais perversa nesse momento que a gente vive é quando o engano e a mentira são colocados numa naturalização de uma política violenta, de uma política de ódio. E ao mesmo tempo isso acaba nos impondo medos. O fato é que muita gente acredita e vota no Bolsonaro. Para além das mentiras que conta, ele representa muita gente que se identifica com ele, com essa figura da masculinidade tóxica, racista, machista, LGBT fóbica.”
“Não é à toa que Bolsonaro corta dinheiro da universidade. Não é à toa que ele procura empreender o governo que nega a educação e que demoniza a política. Na verdade, quanto menos informados, quanto menos politizados, estudantes, técnicos e professores mais fácil vai ser convencer as pessoas por meio do WhatsApp.
“Vamos acreditar na luta e no futuro. Então é não parar um minuto, disputar voto a voto, mostrar que outro mundo é possível. Mostrar que, para a educação, eleger Lula será um mundo completamente diferente. É um programa, é uma pauta, é uma realidade oposta de Bolsonaro. Então, acho que a gente que cuida da educação, a gente tem que fazer essa fala também (para os eleitores). Vida longa, educação com Lula, liberdade, educação, evolução, vote pela educação e pela UFRJ! Todo mundo que estuda aqui na UFRJ tem que entender a importância do seu voto no dia 30 de outubro.”
LUCIANA E DANI..no hall do prédio da Reitoria, na Cidade Universitária, no Fundão (Foto: Lili Amaral)
Em carta lida no Conselho Universitário (Consuni) pelo professor Ricardo Medronho, nesta quinta-feira, dia 27, 50 professores eméritos da UFRJ se posicionam em defesa da educação, da ciência, da cultura, do meio ambiente, da tecnologia e da democracia e contra os desmandos do atual governo — “claramente empenhado em asfixiar as universidades federais e em desmontar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia” e “reduzindo drasticamente os auxílios à pesquisa e a concessão de bolsas para pós-graduandos, fragilizando a educação superior e a ciência como um todo”, diz o texto.
Os professores se colocam como defensores da ciência, da educação, da saúde pública e do Estado Democrático de Direito, e contra o negacionismo –, “que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia –”, contra o totalitarismo, o armamento da população, que serve para munir as milícias e contra o projeto de um governo que colocou o país de volta no mapa da fome da ONU.
VEJA A CARTA
“Nós, Professores Eméritos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vimos a público manifestar nossa total indignação frente aos desmandos do atual governo, claramente empenhado em asfixiar as universidades federais e em desmontar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, duramente construído e continuamente aperfeiçoado desde 1951, quando da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
O governo atinge este objetivo ao retirar verbas das universidades federais, comprometendo seriamente seu funcionamento. Da mesma forma age em relação à Capes, ao CNPq e ao FNDCT, reduzindo drasticamente os auxílios à pesquisa e a concessão de bolsas para pós-graduandos, fragilizando a educação superior e a ciência como um todo. Como consequência disto, vemos nossos mais brilhantes jovens pesquisadores emigrarem para países mais ricos, a fim de avançar com suas pesquisas, uma vez que isso se tornou impossível no Brasil, resultado desse monstruoso corte de verbas.
As universidades públicas são responsáveis por mais de 95% da pesquisa produzida no país. Assim, deixá-las à mingua, sem recursos que garantam seu pleno funcionamento e sem verbas para bolsas de pósgraduação e pesquisa, torna evidente o projeto de nação engendrado pelo atual governo para o País, ao qual caberia apenas a exportação de commodities, tais como petróleo bruto, minério de ferro e soja.
Como defensores incontestes da ciência, da educação, da saúde pública e do Estado Democrático de Direito, posicionamo-nos fortemente contra o negacionismo que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia; contra o totalitarismo, que ataca os meios de comunicação e espalha o ódio e o terror na sociedade, com o uso contínuo e recorrente de fake news; contra o armamento da população, que serve apenas para munir as milícias com armamentos comprados legalmente; contra o desenfreado desmatamento da Amazônia, que altera as condições climáticas do planeta; contra a invasão de terras indígenas; contra o garimpo ilegal, que provoca destruição do meio ambiente; contra o desmonte da FUNAI e do IBAMA; contra os falsos profetas que manipulam os mais pobres, incutindo-lhes o medo e o ódio; e, finalmente, contra o projeto de um governo que nos colocou de volta no mapa da fome da ONU.
Em 25 de outubro de 2022.
Adelaide Maria de Souza Antunes
Adalberto Ramon Vieyra
Ana Ivenicki
Andrea Viana Daher
Anita Dolly Panek
Antonio Carlos Secchin
Antonio Flavio Barbosa Moreira
Antonio Giannella-Neto
Arthur Octavio de Avila Kós
Beatriz Becker
Carlos Aguiar de Medeiros
Celina Moreira de Mello
Clarisa Beatriz
Palatnik de Sousa
Claudio Costa Neto
Consuelo da Luz Lins
Dinah Maria Isensee Calou
Erasmo Madureira Ferreira
Dani Gamerman
Francisco Radler de Aquino Neto
Gilberto Barbosa Domont
Jorge Almeida Guimarães
Helio dos Santos
Migon Jayme Luiz Szwarcfiter
Jose Angelo de Souza Pappi
José Egídio Paulo de Oliveira
José Luís da Costa Fiori
Jose Mauro Peralta
Liu Hsu
Luiz Bevilacqua
Luiz Davidovich
Luiz Felipe Alvahydo de Ulhoa Canto
Manuel Antônio de Castro
Márcio Tavares d’Amaral
Maria Antonieta Rubio Tyrrell
Marieta de Moraes Ferreira
Martin Schmal
Muniz Sodre Cabral
Nei Pereira Junior
Nelson Maculan Filho
Nelson de Souza e Silva
Nelson Spector
Nicim Zagury
Nubia Verçosa Figueiredo
Olaf Malm
Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho
Raquel Paiva de Araújo Soares
Ricardo de Andrade Medronho
Roberto Lent
Takeshi Kodama
Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek
PROFESSOR RICARDO MEDRONHO leu a carta no Conselho Universitário