Eméritos da UFRJ divulgam carta contra os ataques à universidade, à ciência e a tecnologia

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Em carta lida no Conselho Universitário (Consuni) pelo professor Ricardo Medronho, nesta quinta-feira, dia 27, 50 professores eméritos da UFRJ se posicionam em defesa da educação, da ciência, da cultura, do meio ambiente, da tecnologia e da democracia e contra os desmandos do atual governo — “claramente empenhado em asfixiar as universidades federais e em desmontar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia” e “reduzindo drasticamente os auxílios à pesquisa e a concessão de bolsas para pós-graduandos, fragilizando a educação superior e a ciência como um todo”, diz o texto.

Os professores se colocam como defensores da ciência, da educação, da saúde pública e do Estado Democrático de Direito, e  contra o negacionismo –, “que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia –”, contra o totalitarismo, o armamento da população, que serve para munir as milícias e contra o projeto de um governo que colocou o país de volta no mapa da fome da ONU.

 

VEJA A CARTA

“Nós, Professores Eméritos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vimos a público manifestar nossa total indignação frente aos desmandos do atual governo, claramente empenhado em asfixiar as universidades federais e em desmontar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, duramente construído e continuamente aperfeiçoado desde 1951, quando da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

O governo atinge este objetivo ao retirar verbas das universidades federais, comprometendo seriamente seu funcionamento.  Da mesma forma age em relação à Capes, ao CNPq e ao FNDCT, reduzindo drasticamente os auxílios à pesquisa e a concessão de bolsas para pós-graduandos, fragilizando a educação superior e a ciência como um todo. Como consequência disto, vemos nossos mais brilhantes jovens pesquisadores emigrarem para países mais ricos, a fim de avançar com suas pesquisas, uma vez que isso se tornou impossível no Brasil, resultado desse monstruoso corte de verbas.

As universidades públicas são responsáveis por mais de 95% da pesquisa produzida no país. Assim, deixá-las à mingua, sem recursos que garantam seu pleno funcionamento e sem verbas para bolsas de pósgraduação e pesquisa, torna evidente o projeto de nação engendrado pelo atual governo para o País, ao qual caberia apenas a exportação de commodities, tais como petróleo bruto, minério de ferro e soja.

Como defensores incontestes da ciência, da educação, da saúde pública e do Estado Democrático de Direito, posicionamo-nos fortemente contra o negacionismo que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia; contra o totalitarismo, que ataca os meios de comunicação e espalha o ódio e o terror na sociedade, com o uso contínuo e recorrente de fake news; contra o armamento da população, que serve apenas para munir as milícias com armamentos comprados legalmente; contra o desenfreado desmatamento da Amazônia, que altera as condições climáticas do planeta; contra a invasão de terras indígenas; contra o garimpo ilegal, que provoca destruição do meio ambiente; contra o desmonte da FUNAI e do IBAMA; contra os falsos profetas que manipulam os mais pobres, incutindo-lhes o medo e o ódio; e, finalmente, contra o projeto de um governo que nos colocou de volta no mapa da fome da ONU.

Em 25 de outubro de 2022.

Adelaide Maria de Souza Antunes

Adalberto Ramon Vieyra

Ana Ivenicki

Andrea Viana Daher

Anita Dolly Panek

Antonio Carlos Secchin

Antonio Flavio Barbosa Moreira

Antonio Giannella-Neto

Arthur Octavio de Avila Kós

Beatriz Becker

Carlos Aguiar de Medeiros

Celina Moreira de Mello

Clarisa Beatriz

Palatnik de Sousa

Claudio Costa Neto

Consuelo da Luz Lins

Dinah Maria Isensee Calou

Erasmo Madureira Ferreira

Dani Gamerman

Francisco Radler de Aquino Neto

Gilberto Barbosa Domont

Jorge Almeida Guimarães

Helio dos Santos

Migon Jayme Luiz Szwarcfiter

Jose Angelo de Souza Pappi

José Egídio Paulo de Oliveira

José Luís da Costa Fiori

Jose Mauro Peralta

Liu Hsu

Luiz Bevilacqua

Luiz Davidovich

Luiz Felipe Alvahydo de Ulhoa Canto

Manuel Antônio de Castro

Márcio Tavares d’Amaral

Maria Antonieta Rubio Tyrrell

Marieta de Moraes Ferreira

Martin Schmal

Muniz Sodre Cabral

Nei Pereira Junior

Nelson Maculan Filho

Nelson de Souza e Silva

Nelson Spector

Nicim Zagury

Nubia Verçosa Figueiredo

Olaf Malm

Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho

Raquel Paiva de Araújo Soares

Ricardo de Andrade Medronho

Roberto Lent

Takeshi Kodama

Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek

PROFESSOR RICARDO MEDRONHO leu a carta no Conselho Universitário
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