Conversas interrompidas por longos abraços de ex-colegas que há muito tempo não se viam e gostosas risadas se repetindo. Isso é o que ocorre todo mês na reunião do Sintufrj com os aposentados e pensionistas, e não foi diferente nesta quarta-feira, 23. Os aniversariantes de julho e agosto foram festejados com suco e o famoso bolo de glacê de noiva que somente a coordenadora Ana Célia tem a receita.
Na pauta, o X Encontro Nacional da Fasubra de Aposentados(as), Aposentados(as) e Pensionistas, dias 15, 16 e 17 de setembro, em Brasília, cujo tema escolhido para este ano foi “Viver é ter respeito, liberdade e amorosidade!” A representação do Sintufrj no evento será de oito delegados(as), entre efetivos e suplentes, e coordenadores sindicais.
Entre os assuntos que serão discutidos no encontro estão a reestruturação da carreira — assunto que tem dominado os debates em toda a base da federação –, plano de cargos e salários, planos de saúde privados, decretos e projetos de leis que podem prejudicar os aposentados e pensionistas.
Negociação com
o governo e Ebserh
“Sejam muito bem-vindos!”, saudou os cerca de 40 presentes no Espaço Cultural do Sintufrj a coordenadora de Aposentados e Pensionistas da entidade, Ana Célia. Em seguida, ela propôs uma dinâmica diferente para as próximas reuniões. “Nosso grupo no WhatsApp está aberto para sugestões de temas para discutirmos aqui”.
A convite da coordenadora, a aposentada Vânia Guedes, que participa do GT Carreira-Sintufrj e foi delegada ao XXIV Confasubra e à última plenária da federação, informou sobre as negociações com o governo e sobre a mobilização contra a adesão da UFRJ à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
“Não temos bons informes desta vez”, iniciou ela. “O governo não tinha proposta para apresentar na reunião dia 10 de agosto com o Fonasefe – Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Federais, do qual a Fasubra faz parte. “Porque condicionou o valor que será destinado à Educação e que entrará na LOA (Lei Orçamentária Anual), à aprovação do Arcabouço Fiscal, que substituirá o Teto de Gastos. Nessa data, o Sintufrj realizou um bonito ato e caminhada no centro do Rio como forma de pressão. A mobilização foi nacional,” acrescentou.
O arcabouço fiscal, explicou Vânia, tira dinheiro da saúde e da educação para os banqueiros. “A LOA”, disse, “terá que ser aprovada pelo Congresso Nacional até o dia 31 de agosto e o governo chamou uma mesa de negociação com o Fonasefe para três dias antes dessa data”.
“Queremos o reajuste da tabela, com piso de três salários-mínimos e step de 5% (step é a diferença percentual entre um padrão de vencimento e outro)”, detalhou a aposentada. Ela lembrou que os cargos de nível A, como de faxineiro, foram extintos pelo golpista Temer e genocida Bolsonaro, impondo à UFRJ a terceirização desses trabalhadores.
Segundo Vânia, os terceirizados ganham um salário-mínimo, mas saem mais caro para o governo, porque o dinheiro maior vai para as empresas, cujos donos muitas vezes são deputados, senadores ou empresários amigos do poder.
“A UFRJ é a única universidade federal que não aderiu à Ebserh”
Os informes sobre a luta do Sintufrj e parte da comunidade universitária contra a adesão da universidade à Ebserh rendeu muita discussão. A maioria dos servidores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) se manifestou. Vários disseram que está faltando informações a respeito do que ocorrerá com os trabalhadores se a gestão da unidade passar para a empresa.
Houve proposta de o Sintufrj elaborar um documento à população expondo o que significará a privatização das três maiores unidades de saúde da UFRJ – HUCFF, Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) e a Maternidade Escola –. “Precisamos chamar a atenção da mídia e convocar as associações de moradores do Complexo da Maré para nos ajudar na mobilização contra a Ebserh. As pessoas precisam saber que o número de atendimento irá diminuir”, defendeu Vânia.
“Os servidores do HU precisam ser esclarecidos sobre a Ebserh. Eles acreditam que com a empresa terão melhorias salariais e no plano de cargos”, reivindicou a aposentada Diná. “Existe a gratificação por chefia, mas a Ebserh pode contratar até profissionais pela CLT para ocupar esses cargos. É a empresa que escolherá seu pessoal de confiança. Vai ter cartão de ponto, inclusive,” alertou Vânia.