Assembleia aprova nova paralisação de 48 horas e agenda de luta

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A assembleia simultânea na quarta-feira, 16, foi aberta com a categoria presente nos três locais — Fundão (Centro de Tecnologia), Museu Nacional (sala da biblioteca) e UFRJ Macaé (Decania do bloco A) fazendo um minuto de silêncio em memória dos três estudantes (militantes da UP), motorista e um servidor, mortos durante a madrugada desta quarta-feira em acidente na estrada quando viajavam para o 60º Congresso da UNE, em Goiás.

Esta assembleia fez parte do calendário de lutas com paralisações de 48h da Fasubra — terça-feira, 15, e quarta-feira, 16 –, contra a Reforma Administrativa e pelo cumprimento integral do acordo de greve.

A pauta desta assembleia foi deliberar, à luz da análise da conjuntura, pelas atividades da categoria em outros dois dias de mobilizações com paralisação orientados pela federação: 29 e 30 de julho. E eleger a delegação para a Plenária Nacional da Fasubra que ocorrerá de 29 a 31 de agosto.

Manifestação dos médicos

A médica aposentada do IPPMG, Clarisse Barata, acompanhada de colegas de profissão em atividade e/ou aposentados de outras unidades hospitalares, leu o ofício enviado pela Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) à ministra de Gestão e Inovação (MGI), Esther Dweck.

O documento reivindica o reconhecimento dos médicos e veterinários como integrantes da carreira PCCTAE, ou seja, compõem o quadro de técnicos-administrativos das Ifes, além de atuarem nos hospitais universitários. Sendo assim, têm direito às conquistas do acordo de greve na mesma foram concedidas aos demais servidores do mesmo plano de cargos e salários.

Por decisão da mesa, Clarisse integrará como observadora, a delegação á plenária da Fasubra em agosto.

Deliberações

Por unanimidade nos três campi onde foi realizada a assembleia, que também teve transmissão online, os técnicos-administrativos em educação aprovaram, além de reafirmarem a adesão à paralisação de 48h da Fasubra, a realização de agitações nas unidades hospitalares da UFRJ, participação no ato unificado que deverá ser aprovado pelo Fórum Estadual dos Servidores Federais e nas ações pautadas pelo Sintufrj para os dois dias.

Também foi aprovado que o Comitê de Mobilização do Sintufrj chamará para uma reunião nos próximos dias para organizar o Plebiscito Popular nos campi da UFRJ. Uma das decisões dos trabalhadores sobre o tema foi instalar urnas do plebiscito nos locais de assembleias e promover um mutirão de urnas na quarta-feira, 30 de julho.

Fora Sara!

O coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente, informou na assembleia sobre a atitude de intimidação ao Sintufrj desencadeada pela coordenadora-geral da Coordenação de Políticas de saúde do Trabalhador (CPST), Sara Lucia Silveira de Menezes, em resposta à mobilização dos servidores da unidade, com o apoio do sindicato, contra seu comportamento assediador. Ela denunciou dois coordenadores da entidade e um militante de base ao Ministério Público, alegando que fora ameaçada de morte por eles.

“O Sintufrj está fechado com todos; que a Administração Central da UFRJ saiba disso. Não vão nos intimidar nas nossas ações de combate ao assédio moral em todas as unidades da universidade,”  avisou o dirigente. A categoria na assembleia aplaudiu a decisão. “Temos provas dos fatos que são verdade”, prosseguiu.

Conquista importante!

Durante a assembleia foi dado o informe sobre a exoneração da coordenadora da CPST. “Por falar em ataques, essa é uma vitória importante da luta do movimento sindical em relação a essa pessoa que tanto atacou o direito dos trabalhadores na CPST. Uma conquista importante do movimento”, sinalizou o coordenador-geral do Sintufrj e de Comunicação da Fasubra,  Francisco de Assis.

Greve geral

Na avaliação política do coordenador Esteban Crescente, os cortes recorrentes no orçamento da universidade não são de agora e a  política econômica aplicada pelo atual governo, que é a política do arcabouço fiscal, está espremendo o orçamento público da educação e da saúde. “Essa política espreme a condição de reajuste salarial dos servidores na mesa de negociação”, disse

“Vamos dar um dado aqui: anualmente, de juros para a dívida pública, o nosso país paga mais de R$ 800 bilhões. A sobretaxação do IOF, no último período, segundo o próprio governo, teria o potencial de, em dois anos, arrecadar R$ 66 bilhões. Vamos comparar? R$ 800 bilhões em juros para banqueiro, R$ 66 bilhões no IOF, que não é um imposto sobre fortuna ou propriedade, mas um imposto sobre uma operação econômica, financeira. Concordo que tinha que ser feito, mas, companheiros, temos que botar o dedo na ferida,” sustentou

“Está na hora, de fato, de enfrentar o Centrão e a extrema-direita. Está na hora de levantar nossas bandeiras. Se o governo realmente está preocupado em não ser emparedado pela extrema-direita, deve ouvir os movimentos sociais nas ruas, a classe trabalhadora. Com certeza esse governo tem seu mandato legítimo. Nós não aceitamos ataque imperialista e ingerência imperialista no nosso país. Fora Trump e seus interesses daqui. Mas nós temos que levantar bem alto a nossa bandeira pela recomposição do orçamento da universidade. A educação física tem que voltar a funcionar, o acordo tem que ser cumprido integralmente e fim da escala 6 X 1”. Esteban encerrou sua análise defendendo a construção de uma greve geral. “Temos que caminhar para poder botar a direita e a extrema direita na parede, que é o que eles estão querendo fazer com a gente”.

Construir a unidade

“Vou tentar fazer uma fala dentro do que a gente veio fazer nesta assembleia, que foi construir a unidade de todas as forças políticas para a gente consolidar, de fato, a luta que é necessária para enfrentar tanto a questão do termo de acordo, que deixou os médicos e os aposentados de fora, assim como deixou as 30 horas de fora. Então, tem muitas pautas para a gente lutar”, afirmou Francisco de Assis.

“Acho que este é o momento que exige ainda mais essa unidade, por conta dos ataques que a gente está sofrendo externos e de um Congresso que já se mostrou muito alinhado para derrubar o governo. E isso só não aconteceu ainda porque Lula é diferente da Dilma Rousseff e resolveram dar um passo atrás, trabalhando pelo emparedamento do governo, deixando-o numa situação travada de ter que fazer a escolha de Sofia. E o governo está lá ainda querendo fazer a escolha de Sofia na reforma administrativa, pegando parte da reforma administrativa que interessa a ele, mas chamando a gente para uma conversa”, analisou Assis.

E prosseguiu: “E a gente tem que construir a unidade entre nós e buscar quem de fato são nossos aliados para enfrentarmos essa reforma administrativa, que é a volta da PEC 32. Se a gente não fizer isso, realmente vamos caminhar para ficar aqui contando quem tem maioria ou minoria dentro da assembleia e sem avançar. A gente precisa de unidade, por mais diferença que os companheiros da oposição tenham com essa direção, que é legítima, e a gente também tem e vai mantê-las, mas a gente precisa construir a unidade verdadeira. Ou a gente unifica para a ganhar onde tem voto, que é o Congresso Nacional na próxima legislatura, ou a gente vai ficar se martelando, se batendo e a não  chegar a lugar nenhum”, finalizou sua análise Assis. FOTOS: RENAN SILVA

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