Organização dos trabalhadores

Um histórico de lutas

Representação por local de trabalho já fez história nas lutas sindicais da UFRJ

Entre os anos de 1989 e 2001, a representação por local de trabalho foi muito atuante no Sindicato. Em 1989, a então Associação dos Servidores da UFRJ (ASUFRJ), contava com um Conselho que discutia as lutas sindicais e o uso dos recursos da Associação.

A partir de 1991, com a mudança de direção política na entidade, essa prática sofreu mudanças, pois a nova diretoria não estimulava as discussões e o Conselho retrocedeu em sua participação. Em 1993, quando a ASUFRJ transformou-se em SINTUFRJ, um conjunto de conflitos envolveu a militância na redefinição da natureza jurídica e social da entidade. Por isso, o Conselho acabou sendo reabilitado pela diretoria para discutir o Plano de Carreira dos funcionários, mas a participação não passou daí, pois a instância não tinha poder de decisão. Então surgiu o movimento “É hora de Reagir”, encabeçado por Lênin Pires e Roberto Gambine, que adotou como compromisso a composição de uma Comissão Sindical de Base.

Mas só a partir de 1996, com a gestão proporcional, que o Sindicato passou a trabalhar com o objetivo de constituir essa Comissão Sindical de Base. Assim, algumas das principais unidades da UFRJ, constituíram rapidamente sua representação, como Coppe, Decanias do CT, CCS e CCMN, assim como unidades externas ao Fundão, como Hesfa, IFCS, Escola de Música, Museu, entre outros. Dessa forma, houve um dinamismo na participação da militância na vida do Sindicato.

Na época, a acirrada luta contra o governo FHC facilitava a participação. No entanto, no interior da diretoria havia um contingente significativo de diretores com dificuldade de entender e reconhecer como soberanas as decisões dos representantes de base. Existia um clima de desconfiança mútua. Os representantes achavam que se reuniam à toa, pois suas decisões só eram parcialmente implementadas. Por outro lado, muitos membros da diretoria viam nas discussões suscitadas pelos representantes um desafio a sua autoridade.

No entanto, com todos os problemas, uma das principais vitórias do Conselho foi a mobilização da massa, só comparável àquela patrocinada pela militância no início da década de 1980. Graças a isso, foi possível enfrentar um período muito difícil vivido na UFRJ, entre 1998 e 2002. Naquele período, o MEC estabeleceu uma séria intervenção política na universidade, designando um reitor sem legitimidade para administrá-la. Houve várias tentativas de atingir a comunidade universitária, em particular os funcionários. Mas estes estavam organizados e não permitiram tais desmandos.

1960 – Nesse ano, em 11 de junho, foi criada a Associação de Servidores da Universidade do Brasil (ASURJ).

1970 – Em todo o país, assim como na UFRJ, os trabalhadores foram se apropriando das entidades subservientes e fisiológicas e transformando-as num instrumento sindical.

1980 – Em 1982, os trabalhadores vencem o imobilismo da ASUFRJ e realizam sua primeira greve. A partir de então, um conselho de representantes independentes da diretoria da associação tornou-se o interlocutor de fato da categoria.

1984 – Vence a eleição da ASUFRJ a chapa combativa. Nesse mesmo ano, a categoria faz uma greve de 84 dias, junto com os professores. As pautas eram unificadas. Conquista 40% de reajuste e o compromisso de isonomia com as universidades fundacionais.

1985 – Categoria entra em greve reivindicando isonomia, plano de carreira e democratização nas universidades: eleição direta para reitor. Na UFRJ o reitor eleito é empossado.

– Deflagrada a 5ª greve por isonomia. O governo tenta barganhar a reivindicação em troca do apoio ao projeto Geres: uma reforma universitária que desfiguraria o caráter público e gratuito do ensino superior federal. A proposta é rejeitada em todo o país.

1987 – Entre abril e maio, explodem as greves que conquistaram a lei da isonomia e a primeira carreira própria.

1989 – As universidades federais participam da greve geral que impõe a política salarial de reposição mensal da inflação para todos os trabalhadores. Além disso, depois de 54 dias em greve, a categoria obtém a reposição de todas as perdas acumuladas.

1990 – Após muitas lutas, o RJU é aprovado. Nesse ano, também, a categoria é a primeira do serviço público a fazer greve contra a política de demissões do governo Collor e lidera a luta “Fora Collor, por eleições gerais.”

1992 – A reitoria reconhece que todos os trabalhadores são estatutários, preservando direitos de quatro mil extraquadros.

1993 – Nasce o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (SINTUFRJ).

1994 – Cinquenta dias de greve resultam na conquista da complementação de três referências para todas as Ifes e a assinatura de intenções da isonomia. Começa a campanha pelo 13º salário.

1995/96 – A categoria volta às ruas contra a revisão constitucional, pelo pagamento dos 26%, em defesa da autonomia universitária e da previdência pública.

1997 – O SINTUFRJ engrossa a luta em defesa da Cia Vale do Rio Doce; realiza os eventos “Universidade na Praça” e “Show dos Sem”, a campanha “Fome de Justiça” e a exposição no IFCS “Terra, MST e Sebastião Salgado.”

1998 – Segue a luta pelo direito aos 28,86%. E, em meio a uma das maiores greves da história das universidades, 15 mil trabalhadores da UFRJ elegem Aloísio Teixeira reitor. Nesse ano, trabalhadores e estudantes ocupam por 44 dias a Reitoria.

1999 – O SINTUFRJ luta contra as falcatruas do reitor nomeado José Henrique Vilhena, intensifica o combate à precarização e exploração da mão de obra na UFRJ. A palavra de ordem mais ouvida é “Fora FHC.”

2000 – Categoria fecha por uma hora a Linha Vermelha e a luta pelo resgate da legalidade na UFRJ continua.

2001- 6º Consintufrj aprova a majotariedade para a direção do Sindicato e o Consuni, o Estatuto da UFRJ. Jornal do SINTUFRJ completa 500ª edição. Categoria reconquista os 26%. Vestibular em plena greve é anulado.

2002 – UFRJ comemora fim da Era Vilhena e MEC é obrigado a dar posse a Carlos Lessa, o escolhido pela comunidade universitária. Pré-Vestibular do SINTUFRJ comemora 15 anos de criação.

2003 – Categoria conquista integralização dos 28% e se une à luta contra a reforma da Previdência Social.

2004 – Depois de 70 dias de greve, a conquista do novo Plano de Carreira.

2005 – Greve garante recursos para implantação da segunda etapa da carreira. O 8º Consintufrj restabelece o critério da proporcionalidade para composição da direção do SINTUFRJ. Fim da era obscura na FND, marcada por anos de arbítrio e irregularidades.

2006 – Consuni homologa segunda etapa do enquadramento na nova carreira. SINTUFRJ, Iesc e DVST lançam portal Assédio Moral no Trabalho (assediomoral.org.br). Estudantes agitam a UFRJ por bandejão.

2007 – Categoria faz quase cem dias de greve contra o projeto contido no PAC que limita as despesas com o funcionalismo até 2016 e contra a transformação dos HUs em fundações. Conselho Universitário aprova o Programa de Reestruturação e Expansão da UFRJ (PRE).

2008 – Complexo Hospitalar é aprovado pelo CCS. Comunidade do HU, liderada pelo CA de Medicina, realiza manifestação em defesa da unidade, que vive sua pior crise em 30 anos.

2009 – A UFRJ adere ao Enem e deixa de cobrar pela inscrição ao vestibular. SINTUFRJ participa da jornada unificada de luta pela manutenção de direitos, do Dia Nacional de Luta em Defesa da Carreira e da 6ª Marcha da Classe da Trabalhadora.

2010 – Movimento sindical comemora 100 anos do Dia Internacional da Mulher. A chapa Novo Começo assume a direção do Sindicato que, meses depois, elege os representantes da categoria nos órgãos colegiados. As vitórias dos trabalhadores são comemoradas no fim de ano com show da banda Celebrare. UFRJ comemora 90 anos de existência.

2011 – UFRJ vai às urnas e elege novo reitor pelo sistema paritário. Assédio moral na instituição entra na pauta do SINTUFRJ. Em 14 de junho, categoria entra em greve por reajuste salarial.