A aluna do curso de Português-Francês da Faculdade de Letras da UFRJ Rayssa Santos denuncia que foi vítima de preconceito racial no bloco H da unidade por uma mulher identificada como Giselle Neralta, que nada tem a ver com a universidade.
Segundo testemunhas, um aluno estaria dando aula particular para Giselle em uma sala da unidade quando Rayssa chegou na porta e pediu licença para entrar. Giselle não teria gostado da interrupção e passou a ofender a estudante com palavras racistas e mandou que ela fosse “pintar o cabelo”.
Caso de polícia
Alunos que estavam em aula em salas próximas disseram que ouviram os gritos de Rayssa de “racista” e correram para o corredor para saber o que estava ocorrendo. “De início, nós achamos que era algo relacionado a incêndio ou que algum professor estivesse passando mal, porque foram muitos gritos. Só depois ouvimos a palavra racista e saímos”, contou Caio Marques.
Rayssa foi à diretoria acompanhada de colegas, membros do Coletivo Negro Conceição Evaristo. A Polícia Militar foi chamada e vítima e agressora foram levadas à 27ª Delegacia, na Ilha do Governador. “Ela não pisou no meu pé, mas na minha cabeça, na minha história. Um pedido de desculpas não é e nunca será suficiente. Racismo é crime e nós não toleramos esse tipo de atitude aqui na faculdade”, afirmou Morganna Gumes, estudante de Português-Russo.
Reincidência
Essa não foi a primeira vez que caso de racismo é denunciado por integrantes da comunidade universitária da Faculdade de Letras. Há pouco mais de um ano, a própria Rayssa Santos foi vítima de preconceito racial junto com a amiga Naomi Nicolau, e o caso foi denunciado pelo Jornal do Sintufrj. Pessoas não identificadas escreveram no banheiro feminino frases como: “Naomi e Raiza, macacas vitimistas. Voltem para a jaula”. Na época, a Seção de Ensino e a direção da faculdade se manifestaram repudiando o fato. Mas nenhuma comissão de sindicância foi instalada. Os sanitários, inclusive, continuam a ter pichações preconceituosas expostas.