Um assunto até certo pon¬to surpreendente ocupou a sessão do Conselho Universi¬tário (Consuni) desta quinta¬-feira. O reitor da UFRJ, Ro¬berto Leher, apresentou na sessão do Consuni, no dia 12, uma proposta de contrato do Banco Nacio¬nal de Desenvolvimen¬to Econômico e Social (BNDES) como consultor da UFRJ.
O banco daria consul¬toria para concessão de uso de imóveis, criação de fundos de investimento de ativos imobiliários e outras formas de aproveitamento econômico. Segundo Ro¬berto Leher, a intenção é viabilizar, com esses inves¬timentos, a construção e manutenção de infraestru¬turas acadêmicas e de equi-pamento cultural.
“É uma consultoria, um serviço que a UFRJ está con¬tratando do BNDES com o objetivo de avaliar o patri¬mônio da UFRJ e, sobretudo, fazer uma prospecção sobre valores, uma expertise que a universidade não possui e que envolve expectativa de mercado. Esse trabalho visa aferir a potencialidade econômica de cada área”, explicou o reitor.
Trata-se de assunto de¬licado. É fato que as univer¬sidades federais padecem de asfixia financeira, alvo da política de desmonte de um governo inimigo. Mas, quando envolve setores pri¬vados, todo cuidado é pouco. Setores da esquerda sempre criticaram a transferência de recursos públicos para a iniciativa privada, como no caso do Próuni. O aprofun¬damento dessa discussão é necessário, com pondera¬ção e considerando todos os cenários.
Entre os imóveis que seriam avaliados dentro do contrato encontra-se o que abrigou a famosa casa de espetáculos Canecão, na zona sul da cidade, fe-chada há oito anos, depois de uma longa briga judicial com os antigos inquilinos. Espaço artístico-cultural objeto de cobrança de rea¬bertura pela sociedade.
Debate amplo
A representante técnico¬-administrativa e coorde¬nadora-geral do Sintufrj, Gerly Miceli, disse que um projeto estruturante des¬sa envergadura, não pode ser decidido às pressas. De acordo com a dirigen¬te, a consolidação dessa proposta tem necessaria¬mente que ser precedida de ampla discussão com todos os três segmentos na UFRJ. “Toda comunidade universitária tem que par¬ticipar e ser amplamente consultada.”