Brasil, 9º país mais desigual

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Brasil, 9º país mais desigual do planeta

A piora na desigualdade da renda está de volta, resultado da desconstrução de políticas que melhoraram a vida dos pobres

Entre 2016 e 2017, a redução da desigualdade de renda no Brasil foi interrompida pela primeira vez nos últimos 15 anos, como mostra o relatório “País estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras 2018”, divulgado no dia 26 de dezembro pela organização não governamental Oxfam Brasil.
A estagnação fez com que o Brasil caísse da 10ª para 9ª posição de país mais desigual do planeta, no ranking global de desigualdade de renda de 2017.
A onda de desemprego reduziu a renda geral, sobretudo entre os mais pobres. Houve aumento da desigualdade na renda do trabalho, aumento da pobreza e estagnação da equiparação de renda entre os gêneros, e recuo na equiparação de renda entre negros e brancos.

Relatório aponta que o aumento real do salário mínimo e a revogação da lei do teto dos gastos, que reduz investimentos na área social, são caminhos para a redução das desigualdades.

 

Retrocesso
A distância entre os mais ricos e os mais pobres vinha diminuindo há 15 anos no Brasil (desde 2002), conforme o índice de Gini de rendimentos totais per capita medido pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads-IBGE). Mas em 2017 o país voltou ao patamar de 2012.
Para o autor do relatório e coordenador de campanhas da organização no Brasil, Rafael Georges, em entrevista à Agência Brasil, o país está tendo que aprender a “dura lição” de que conquistas sociais se perdem muito rapidamente.
“Em 2017, nós voltamos para os mesmos níveis de 2012 em termos de porcentagem da população na pobreza. Em dois anos, voltamos cinco. Esse movimento nos lembra que é importante adotar medidas estruturais. O Brasil aprendeu a combater a desigualdade por meio do incremento de renda, o que é importante, mas renda não é tudo. É importante garantir uma infraestrutura social por meio da oferta de serviços de saúde e educação, principalmente, com aumento de investimentos nessas áreas”, analisa Georges.

 

Temer serviu aos ricos

O economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp, em artigo para a Rede Brasil Atual, explica que após o golpe de 2016 e as reformas do governo Temer contra os pobres e os segmentos de rendimentos intermediários o favorecimento aos mais ricos aumentou.
Em 2004, estudo de economistas publicado no livro Os ricos no Brasil informava que somente 0,001% das famílias brasileiras concentravam 40% de todo o estoque da riqueza nacional.
Já um estudo de 2017 – “Desigualdade extrema e persistente”, de M. Morgan, cuja pesquisa foi feita entre 2001 e 2015 – indica que a desigualdade havia caído para o conjunto dos pobres e dos segmentos de renda intermediária, isto é, para aqueles que se sustentam dos rendimentos do trabalho e das políticas públicas (pensões, aposentadorias e bolsas), mas manteve a renda extremamente elevada nos detentores do capital.
Desigualdade caiu
nos anos 2000
Segundo Pochmann, os dados censitários e das Pesquisas Nacionais por Amostra de domicílios (Pnads), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que nos anos 2000, ao contrário da década de 1990, a desigualdade de renda caiu significativamente com o avanço de políticas para melhorar a vida dos pobres e daqueles com renda intermediária.
“Quando as políticas públicas começavam a desenhar uma ação para atacar a desigualdade extrema do capital, o condomínio de interesses em torno do Projeto para o Futuro destitui a presidenta democraticamente eleita. No seu lugar, emergiram as reformas contra os pobres e os segmentos de rendimentos intermediários, o que tem favorecido ainda mais as rendas do capital”, diz Pochmann, concluindo: “Mas isso os estudos recentes não mostram.”

 

 

 

 

 

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