O dia a dia de um setor crítico no HU

Compartilhar:

Aqui é o Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP). Sabemos que o setor tem essa demanda. E os outros setores? Há pacientes com HIV e doenças respiratórias cujo diagnóstico só se sabe depois dos exames, mas o profissional já cuidou dessa pessoa. Seu corpo já teve contato. Esse é o nosso dia a dia. Como vai dizer que essa atividade não comporta insalubridade?”, desabafa a enfermeira do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) Luzia da Conceição Marques, uma das centenas de profissionais de saúde que teve seu adicional ocupacional arbitrariamente cortado.
Luzia trabalha há 30 anos no HUCFF, transita em vários setores como no DIP. Este é um setor nevrálgico em termos de segurança em saúde do trabalhador. O serviço é referência para doenças infecciosas como aids, malária, dengue, meningite, influenza, leptospirose, tuberculose, esquistossomose e demais doenças emergentes e negligenciadas. Um protocolo de segurança, como a utilização de avental, máscara e luvas, tem de ser cumprido pelos profissionais do setor. Além do corte insano num setor altamente insalubre, as trabalhadoras de saúde relatam que os percentuais também foram diminuídos.
“Um absurdo. Nossa função é a que mais se expõe atendendo o paciente. Tratamos da higienização e ficamos expostos a todos os tipos de secreções e sangue de pessoas com doenças infecciosas, contagiosas e também com HIV, aliás a maioria aqui no setor, isso diariamente. E nesse setor tivemos corte e diminuição dos percentuais”, relata a auxiliar de enfermagem Cátia Regina Moravia, que recebia seu percentual de 20% há 20 anos.
Cátia avalia que o funcionalismo está sendo bode expiatório do governo. “Estão querendo colocar nos servidores públicos a culpa pelos descompassos da nação. Os culpados sabemos quem são. Não são os trabalhadores”.
“Ganho meu percentual há 20 anos. Havia rumores do corte, mas é sempre uma surpresa. A gente conta com o dinheiro e faz falta! Você se sente desvalorizado e desalentado, pois sabe que exerce uma função que exige o pagamento de uma atividade que coloca em risco sua vida. E você não foi consultado, apesar de ser um direito. São vidas atingidas! O corte foi aleatório! Tem de fazer uma pesquisa e cortar de quem não tem direito”, declara a auxiliar de enfermagem da DIP Leila Miranda de Souza.

COMENTÁRIOS