As fortunas do super-ricos cresceram a níveis nunca vistos”, aponta relatório da Oxfam, organização internacional com presença em 90 países
Em 2018, os bilionários do mundo aumentaram seu patrimônio em 2,5 bilhões de dólares por dia, enquanto a metade da humanidade ficou mais pobre em 11%, ou 500 milhões de dólares por dia.
Esses são os números do mais recente relatório da Oxfam, uma confederação internacional de 19 organizações trabalhando em rede em mais de 90 países.
Segundo o documento, a desigualdade extrema não é inevitável. Ela é uma escolha política. Mas o que se vê mostra que as decisões têm sido no caminho contrário: centenas de milhões vivem em extrema pobreza, enquanto quem está no topo recebe enormes recompensas.
O relatório, intitulado “Bem público, riqueza privada?”, divulgado no dia 21 de janeiro, às vésperas do Fórum Econômico Mundial de Davos, informa que o número de bilionários duplicou desde a crise financeira de 2007-2008 e que suas fortunas cresceram bilhões de dólares por dia. Só que os super-ricos e as grande empresas estão pagando o menor nível de impostos em décadas.
Com base no relatório, o jornal e o site do Sintufrj iniciam a publicação de uma série de reportagens, repercutindo o conteúdo do documento, com atenção especial para o Brasil, país campeão em concentração de renda, no qual a desigualdade social alcança proporções obscenas.
“Diante da crescente desigualdade, até o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a revista britânica The Economist estão dizendo que há ampla margem para tributar os mais ricos sem prejudicar o desenvolvimento econômico e que essa redistribuição é necessária para combater a desigualdade.”, diz o texto.
Os custos humanos são imensos, atingindo serviços públicos, os quais poderiam reduzir o fosso da desigualdade (ou seja, crianças sem professores, unidades de saúde sem medicamentos).
Fazer com que o 1% mais rico pague apenas mais 0,5% de impostos sobre sua riqueza poderia gerar mais dinheiro do que o custo de educar todas as 262 milhões de crianças que estão fora da escola e fornecer serviço de saúde que salvaria 3,3 milhões de pessoas.
Autoritarismo
O relatório aponta que a desigualdade é desestabilizadora: “Nos últimos anos, assistimos a um aumento do autoritarismo por parte de governos em todo o mundo, com repressão à liberdade de expressão e à democracia. Também vimos um crescimento da popularidade de ideias racistas e sexistas e dos políticos autoritários que as apoiam. Muitos apontaram a ligação entre essa tendência global e altos níveis de desigualdade”.