Nada a comemorar, muito a defender e lutar. O dia 28 de outubro, dia do funcionalismo público, acontece este ano em meio a uma ofensiva brutal do governo para retirar direitos, ainda na ressaca da aprovação da reforma da previdência que exterminou o direito à aposentadoria.
Para um governo que serve aos interesses da banca de rentistas, classificar como privilégios os direitos que ainda conservamos é parte importante da ofensiva que busca “uberizar” todos os postos de trabalho.
Busca-se estigmatizar a regra a partir das exceções. Altos salários de juízes e membros do judiciário são noticiados como se fosse esta a realidade da massa trabalhadora do funcionalismo, a imensa maioria com salários congelados e carreiras paralisadas.
Esconde-se que somos nós, do funcionalismo público, que garantimos a execução de políticas públicas e a oferta de serviços de qualidade fundamentais para a maioria da população brasileira, muitas vezes em condições adversas.
É preciso rechaçar o discurso oficial de um governo comprometido até a medula com a privatização dos serviços, equipamentos e empresas públicas, transformando direitos sociais em mercadoria e aumentando a marginalização e a desassistência de amplas parcelas do nosso povo.
Cabe lembrar que o Chile, onde o sistema de saúde e o ensino superior são pagos e a aposentadoria por regime de capitalização gerou um quadro sinistro de idosos indigentes, é palco de um imenso levante da população por melhores condições de vida e contra o modelo defendido com unhas e dentes por Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro.
Temos obrigação de confrontar a retórica mentirosa que transforma o setor privado em sinônimo de eficiência, e reforçar a defesa do funcionalismo público que queremos: valorização do nosso trabalho e oferta de políticas públicas e serviços gratuitos e de qualidade para toda a população brasileira.