Desde o dia 1º de outubro, o Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) tem um diretor pro tempore. O coordenador do Complexo Hospitalar da UFRJ, Leôncio Feitosa, foi designado para o cargo pela Reitoria com incumbência de promover mudanças na parte assistencial e acadêmica e sanear as contas e administrativamente a unidade – que já foi referência no país dentro da sua especialidade. A verba do INDC é de R$ 3 milhões, somando recursos do SUS e da própria universidade.
Uma das primeiras medidas do diretor vai ser abrir a enfermaria com 12 leitos de internação, com todos os equipamentos necessários prontos para funcionar, que encontrou fechada. “É tudo novo, ambiente climatizado, sala de médicos e sala de enfermagem, pronto para ser usado. Só faltava pessoal para cuidar dos internos”, disse Feitosa. Ele também está negociando com a Secretaria Estadual de Saúde a implantação do Projeto Atenção ao Portador de AVC Recuperável.
Eleição
Segundo Feitosa, a Reitoria não determinou tempo para sua permanência à frente do INDC, mas ele pretende convocar eleição para a direção geral da unidade tão logo conclua o trabalho para o qual foi convocado. Ele calcula que isso deverá ocorrer somente no próximo ano. “O importante é que a universidade está viva, tomando providências”, disse.
Na gestão do ex-reitor Roberto Leher, Leôncio Feitosa também assumiu pro tempore a direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), que passava por uma crise séria de desabastecimento, com cancelamento de cirurgias por falta de material e redução de leitos de internação. Os problemas foram resolvidos pelo interventor e a comunidade hospitalar pôde eleger um novo diretor. Nos últimos 15 anos, o INDC foi dirigido por José Luiz de Sá Cavalcanti, que se aposentou.
Metas
Com a ajuda de dois colegas do Hospital Universitário, Carlos Peixoto e Nelson Cardoso, Feitosa informou que já está praticamente concluído o estudo sobre a gestão de pessoal e do financeiro, e no momento está sendo colocado em dia a parte de contratos. “Quase todos os contratos terão que ser alterados, porque foram feitos com dispensa de licitação”, informou o diretor. No INDC, segundo ele, “não tinha nenhum especialista em nada”.
Todas as mudanças pelas quais está passando o INDC foram comunicadas aos servidores na assembleia convocada pelo diretor. “Eu expliquei a eles qual era a situação do instituto e também cobrei mais responsabilidades para o cumprimento das metas estabelecidas”, disse Feitosa. A próxima reunião será com a área médica. “Com os médicos, eu vou discutir um novo planejamento de trabalho, visando ampliar o horário de atendimento aos pacientes”, antecipou o diretor.
Paralelamente à abertura da enfermaria, disponibilizando inicialmente 10 dos 12 leitos para internação de pacientes, Feitosa e sua equipe promoverão mudanças no ambulatório: “O atendimento médico à população tem que ser a prioridade. Oferecemos fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Não existe, no Estado do Rio, esse tipo de atendimento para doenças neurológicas crônicas, como esclerose lateral amiotrófica, epilepsia, neuropsicologia, esclerose múltipla, demência, mal de Parkinson e distrofia muscular”.
Nos planos a médio prazo, está a abertura de mais 20 leitos na enfermaria e, se as negociações avançarem com o governo do Estado do Rio, em breve o INDC incluirá na sua grade o Projeto Atenção ao Portador de AVC Recuperável.
10 pacientes por turno
Os pacientes são encaminhados para o INDC pelo Sistema de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS). O ambulatório atende de segunda a sexta-feira e conta com sete neurologistas (no momento, dois estão de licença) e quatro anestesistas, que dão apoio em exames que exigem contraste. “Vamos ampliar o atendimento no ambulatório para 10 pacientes por turno (manhã e tarde)”, prometeu o diretor. A média mensal de pacientes atendidos no ambulatório tem sido de 1.000.
Outro projeto do diretor é reativar a neurocirurgia de baixa complexidade para desafogar o Hospital Universitário. “O INDC tem um centro cirúrgico com duas salas e três leitos de recuperação pós-anestésico para pôr para funcionar”, disse Feitosa. A unidade também conta com um tomógrafo – “que funciona muito bem” – e um laboratório, mas atualmente o material é colhido do paciente e enviado para o Hospital Universitário.
Parte acadêmica
Caberá também ao atual diretor recuperar o prestígio acadêmico da unidade, o que, segundo ele, é uma tarefa fácil, porque o INDC continua sendo uma referência em neurologia no país, só precisando de alguns ajustes. “Temos 20 pesquisas em andamento, e o Comitê de Ética em Pesquisa fica aqui. Recebemos estudantes de graduação em fonoaudiologia, fisioterapia e neurologia, e a residência médica em neurologia e neurociência tem hoje nove vagas”, resumiu Feitosa.