Desde iniciativas mais complexas, como a criação de ventiladores pulmonares, até a produção de álcool em gel, dezenas de pessoas da comunidade universitária se envolvem na luta contra a Covid-19
Um protótipo de ventilador pulmonar mecânico (equipamento cada vez mais escasso num mundo em pânico) para ser reproduzido em massa, de forma simples, rápida e barata está sendo desenvolvido na UFRJ. Pesquisadores da instituição também perseguem a criação de um novo teste para detectar anticorpos de forma mais simples e a custo menor..
Para enfrentar a escassez de álcool 70, foi criado um grupo para produção desse insumo nos seus próprios laboratórios. Com auxílio de recursos extras captados numa rede de doações que envolve pessoas e empresas, os hospitais da UFRJ já atuam e se preparam para ampliar o atendimento de pacientes diante de uma curva crescente de ocorrências da doença com números que se superam a cada dia.
Esses são exemplos de uma universidade que não para e que procura com investigação científica enfrentar o desafio ameaçador trazido por um vírus sem remédio e sem vacina – que transformou o planeta numa terra em transe.
O fato incontestável é que, superando a falta de investimentos em educação, ciência e tecnologia e na saúde, emerge com vigor o papel das universidades e instituições públicas de pesquisa no enfrentamento ao coronavírus: na balbúrdia dos centros, salas de aula, laboratórios e hospitais se luta cotidianamente na defesa da vida.
Ventiladores pulmonares
Pesquisadores do Programa de Engenharia Biomédica (PEB) da Coppe/UFRJ desenvolvem no Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular, desenvolvem um protótipo de ventilador pulmonar mecânico para ser reproduzido em massa, de forma simples, rápida e barata está sendo desenvolvido na UFRJ. A escassez do equipamento é uma das maiores preocupações dos médicos e enfermeiros que estão na linha de frente da assistência a infectados mais graves pelo coronavírus.
O grupo da Coppe iniciou campanha para obter financiamento e parcerias com empresas e instituições privadas e públicas para viabilizar a produção com rapidez e em larga escala. A iniciativa agora reúne pesquisadores de cinco programas de pós-graduação da Coppe e de outras unidades e instituições de pesquisa do país. A Petrobrás ajuda no modelo experimental com a participação de engenheiros do seu Centro de Pesquisa no Fundão.
Testar, testar, testar!
Pesquisadores Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (Lecc), da Coppe/UFRJ, sob coordenação da professora Leda Castilho, e do Laboratório de Virologia Molecular (LVM), do IB/UFRJ, sob coordenação dos professores Amilca Tanuri e Orlando Ferreira, desenvolveram novo teste para detectar anticorpos de forma mais simples, rápida e barata, tecnologia que pode ser facilmente transferida para reprodução em grande escala.
No laboratório, em que chegam amostras colhidas de profissionais de saúde (uma parte deles da própria UFRJ), doentes graves e pacientes mortos com suspeita de Covid-19 em hospitais público do estado, trabalham cerca de quarenta pessoas entre pesquisadores, estudantes e técnico-administrativos. Tanuri explica que a equipe faz entre 250 e 300 análises por dia, mas que a meta é chegar a 600.
Uma campanha está arrecadando verbas para aumentar a capacidade de realização de testes no Laboratório de Virologia, uma iniciativa do oncologista Daniel Tabak e de Tanuri, batizada de “Testar, testar, testar”.
Álcool em gel 70
Para enfrentar a escassez de álcool 70%, um grupo foi criado para gerir a produção desse insumo pela UFRJ. A decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Cássia Turci, é uma das responsáveis pela iniciativa, que envolve também o Instituto de Química (IQ), a Escola de Química (EQ), a Faculdade de Farmácia (FF), a Coppe e o Complexo Hospitalar.
Os espaços que realizam a produção, um deles na Coppe e um no Polo de Xistoquímica do IQ, têm capacidade de produzir, por dia, 1.600 litros de álcool 70 e de álcool glicerinado, em duas ou três vezes na semana. A Faculdade de Farmácia produzirá 80 litros de álcool em gel 70 e mais 70 de álcool 70 líquido.
Protetores faciais
Fruto de parceria entre a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), o Hospital do Fundão, o Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) estão sendo produzidos, em impressoras 3D, protetores faciais não descartáveis (face shield), com suporte em plástico e visor em acetato, para uso hospitalar. Os protótipos já foram validados e seguem as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Hospitais
Foi criado um fundo de apoio aos hospitais que já captou cerca de R$ 700 mil. Mais informações na matéria “Hospital do Fundão recebe ajuda de ex-alunos para atender pacientes do Covid-19”, no site do Sintufrj