Testes com pacientes no HUCFF podem começar esta semana, mas a estimativa é que o modelo final fique pronto só no início de junho
Estão em fase final os testes dos ventiladores pulmonares – o chamado Ventilador de Exceção para a Covid-19 (VInCo) – desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular (LEP) da Coppe. Os equipamentos são destinados para uso quando não houver disponível aparelhos convencionais.
Os pesquisadores desenharam ventiladores para produção em massa, simples e rápida, a custo quase dez vezes mais barato que um equipamento convencional (que custa em média R$ 50 mil). A meta é produzir mil aparelhos em um mês, mas até lá algumas etapas terão que ser cumpridas.
Os testes in vitro foram concluídos e os resultados submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para obtenção do parecer da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), para que o equipamento possa ser testado em pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). A Comissão apresentou a exigência de testes prévios em animais.
“Hoje (dia 25 de maio) está saindo o relatório sobre os testes em animais e estamos enviando à Conep, que nos prometeu resposta em dois dias”, explica o coordenador do projeto, Jurandir Nadal, chefe do Laboratório. Ele, no entanto, não pode prever quando exatamente vão começar os testes no HUCFF, porque além da resposta do Conep, a equipe depende também da disponibilidade de pacientes. “Vamos esterilizar tudo. Deixar tudo pronto para quando o Conep autorizar, comecemos a fazer testes em humanos. Espero que tudo aconteça esta semana”.
Mas o modelo final para a linha de produção, se tudo correr como o esperado, deve ficar pronto no dia 5 ou 6 de junho. Está dependendo da entrega de peças que só devem chegar no início do próximo mês. E aí começam novos prazos: para treinamento de pessoas para a produção e para outros testes e etapas necessárias até o registro pela Anvisa como equipamento para unidades de terapia intensiva (UTI).
“Quando a Anvisa aprovar, estaremos com a linha de produção pronta, com as peças compradas e esperamos produzir 100 equipamentos por dia”, projeta Jurandir Nadal. “Estamos a 35 dias, mais ou menos de começar a produção”, garante.
Campanha continua
Para que a produção em massa se inicie, são necessários recursos para que as peças sejam compradas. A Fundação Coppetec lançou a campanha receber doações através de depósito bancário, pelo Banco do Brasil – Agência: 2234-9, conta: 55.622-X. CNPJ: 72.060.999/0001-75.
Além disso, a Assembleia Legislativa (Alerj) aprovou, no dia 30 de abril, projeto de lei que permite a destinação de R$ 5 milhões para a produção do VexCo, mas os recursos ainda não chegaram. Este era o valor previsto em contrato para a produção de mil aparelhos para instituições públicas do Estado do Rio, mas, com o passar do tempo, o custo aumentou, está em torno de R$ 7 mil. Portanto, captar recursos é fundamental.
Demandas aumentam
Além do HUCFF, estão surgindo demandas de outros estados. “Pode ser que, dependendo como estiver a pandemia do novo coronavírus, a gente produza mais”, explica o coordenador do projeto. Ele projeta a produção de outros mil equipamentos.
Segundo ele, a produção em si não é difícil, mas há necessidade de testes. “Todos os equipamentos vão ser testados antes do uso e terão que ser esterilizados para chegar ao hospital”. A prioridade são os hospitais da UFRJ e de outras instituições federais de ensino, depois, se possível, estados mais carentes, informa Jurandir Nadal.