Obesidade e Covid-19: tem a ver?

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“Não é gordofobia, ouviu gente?! O que estamos trazendo aqui são dados científicos que mostram que existe uma relação entre a obesidade e a gravidade da Covid-19”, esclareceu Andrea Ferreira, pesquisadora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Obesos são pessoas que têm índice de massa corporal cima de 30 IMC (peso dividido pela altura). Segundo Andrea, existem várias doenças que se associam com a obesidade, como o diabetes mellitus e a pressão alta, assim como vários tipos de câncer e mais recentemente com a Covid-19.

Andrea Ferreira e Ana Paula de Oliveira são professoras do campus Duque de Caxias da UFRJ e foram as palestrantes de uma das mesas do Festival do Conhecimento na segunda-feira, 20 de julho. Elas apresentaram estudos que explicam porque as comorbidades influenciam no agravamento da Covid-19, ratificando o motivo pelo qual pessoas obesas, diabéticas e hipertensas devem se resguardar para não contrair o vírus.

Alertas
A palestra de Andrea baseou-se em artigo de um grupo de pesquisadores franceses que mostra a alta prevalência em pacientes com obesidade e que precisaram de ventilação mecânica invasiva, isto é, tiveram que ser entubados ao serem infectados pela Covid-19. “Esse trabalho foi desenvolvido na França, mais existem dados de outros países mostrando resultados semelhantes, como na China e nos EUA, ou seja, a associação entre obesidade e a gravidade da Covid-19”, explicou.

Ana Paula de Oliveira, que é especialista em fisiologia endócrina, mostrou, com dados, como a diabetes se relaciona com outras doenças. “A diabetes facilita que o organismo contraia infecções e uma importante infecção que pode ser associado ao quadro de diabetes são as respiratórias”, alertou.
Ela relatou que as pessoas que apresentam a diabetes, principalmente as não diagnosticadas e as não tratadas, acabam se tornando mais suscetíveis a infecções diferentes em tecidos e órgãos. Por isso, afirmou, diante de uma infecção viral, há mais dificuldade de o organismo dos diabéticos reagir.

Segundo a especialista, já há uma linha importante de estudos que vem tentando verificar se existe alteração da função endócrina relacionada à obesidade e a Covid-19 e a diabetes e a Covid. “Começaram a surgir estudos e artigos tentando entender a evolução da doença e a sua relação com outras comorbidades. Um deles relaciona a Covid-19 com a obesidade, como mostrou Andrea, e também surgem trabalhos que apontam para o desenvolvimento e a relação da Covid-19 e seu agravamento com o quadro de diabetes”, informou.

Ela apresentou quatro estudos realizados em hospitais de diferentes países – Nova Iorque (EUA), Itália e dois na China –, que fazem um levantamento com pacientes de Covid e seu perfil endócrino. “O que observamos é que entre a população de diabéticos infectados com Covid há uma prevalência importante, um percentual importante de indivíduos diabéticos que caminham para um pior prognóstico e um pior desenvolvimento da Covid”, disse.

Um desses estudos, feito com 1.590 pacientes diagnosticados com a Covid-19, sendo 8% diabéticos, mostrou o estrago: “Um percentual até baixo, mas nesse estudo quando eles olharam para o grupo de diabéticos mais profundamente observaram que 34% dos pacientes evoluíram para a forma mais grave da doença”.

Quem se interessar pode assistir a live “Obesidade e Covid-19. Tem a ver?” na plataforma do Festival do Conhecimento da UFRJ. As especialistas traçam um panorama completo desta e de outras comorbidades, implicações normais e suas complicações agravadas pela Covid-19. Dia 20 de julho, mesa 1, às 14h30.

 

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