Não bastasse o prefeito Marcelo Crivella defender o retorno das atividades escolares da rede particular a partir de 3 de agosto, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro (SinepeRio) veio a reboque.
Por meio de um vídeo postado em suas mídias, o SinepeRio faz campanha contra o isolamento social, desqualificando a ciência e garantindo um retorno seguro às salas aos pais de família. O absurdo foi tão grande que já foi retirado do ar, mas alcançou mais de 235 mil visualizações.
A secretária de Relações Políticas e Sindicais do SinproRio (Sindicato dos Professores do Município do Rio), Fátima Rodrigues, classificou o vídeo como “desespero de causa” do patronato. “Eles estão acuados e sozinhos, a maioria dos pais não querem o retorno das aulas presenciais. Estão preocupados com o dinheiro que estão perdendo, não com a saúde.”
O SinproRio enviou ofício ao Sinepe rechaçando o vídeo e alertando sobre as suas implicações jurídicas, uma vez que o seu conteúdo desinforma e desvaloriza as medidas de isolamento social decretadas pelas autoridades sanitárias para conter a propagação do coronavírus.
Greve contra retorno prematuro
Os professores da rede municipal privada – que estão em greve desde o dia 4 de julho contra o retorno às aulas presenciais nesse momento de pandemia –, têm uma assembleia virtual marcada para 1º de agosto, véspera da retomada facultativa das atividades escolares anunciada por Crivella.
“Nossa greve é pela vida. Estamos trabalhando remotamente e muito. Teremos uma reunião da direção ainda esta semana para avaliar o que o Sinpro estará orientando sobre o retorno anunciado pelo prefeito”, informou Fátima Rodrigues.
Para o Sinpro – que representa 35 mil profissionais em atuação em mais de 2 mil escolas privadas da capital – a volta às aulas é ‘prematura’. A entidade apresenta os estudos científicos desenvolvidos pela Fiocruz para manifestar contrariedade em relação à autorização de volta às aulas a partir de 3 de agosto. A categoria ainda condiciona um eventual retorno à testagem dos profissionais para Covid-19, o que não faz parte dos protocolos adotados pela Prefeitura do Rio.
A Fiocruz prevê até três mil novas mortes no estado do Rio por Covid-19, se as aulas nas escolas forem retomadas a partir de agosto. O estudo traça um panorama em todo o país do impacto da volta às aulas em uma população de mais de 9 milhões de pessoas do grupo de risco que convivem na mesma casa com crianças e adolescentes em idade escolar — 600 mil delas moram no Rio.
Vídeo criminoso
O vídeo do SinepeRio causou tanta polêmica que já não estava mais no ar em suas mídias sociais, nesta segunda-feira 27. O patronato montou uma verdadeira peça publicitária para “vender” aos pais e a sociedade a ilusão de que está tudo sob controle para o retorno às aulas em sala. Uma voz macia e imagens de crianças e pessoas presas e tristes compõem o quadro para ilustrar a covardia e a irresponsabilidade dos seus autores que mentem, desinformam e manipulam.
Eis o texto: “… Aprendemos a conviver com o vírus… Hoje sabemos lidar, tratar, nos proteger, respeitando as rotinas, as regras e os protocolos. Estamos prontos… fizemos o dever de casa. A escola privada está pronta para reiniciar. Vimos que a ciência é a vacina. Estudos só confundiram. Trancar todos em casa não é ciência. Confinar é desconhecer, ignorar, subtrair vida… mexer com o emocional. As crianças precisam voltar a se relacionar, brincar, refazer laços, amizades, rever seus amigos…”
VEJA O VÍDEO:
Vergonhoso, desumano, mentiroso e anti-ético o VT que o @SinepeRio jogou aos leões, hoje. A vergonha aumenta quando a gente lê o Código de Ética deles e vê que eles o descumprem, neste vídeo. O negócio é levar vantagem em tudo, né? Leiam: https://t.co/PsCNc9pGVz pic.twitter.com/cg3XxG4Inr
— Afonso Borges (@afonsoborges) July 26, 2020