A data de 17 de novembro é dedicada mundialmente ao combate ao câncer de próstata. O objetivo é conscientizar a população masculina sobre os riscos e as maneiras de diagnosticar a doença, que já é o segundo câncer mais comum entre os homens.
O movimento Novembro Azul é internacional, período em que são realizadas campanhas para alertar a sociedade para a necessidade de prevenção, principal arma de combate à doença.
Doença silenciosa
No começo, explicam os especialistas, os pacientes não apresentam sintoma da doença ou, quando apresentam, são como dificuldade e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Já na fase avançada, pode provocar dor óssea, problemas urinários ou agravamento com infecção generalizada, e até insuficiência renal.
Por isso, a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é que os homens, a partir de 50 anos e mesmo sem apresentar sintomas, procurem o médico para avaliação e diagnóstico precoce. Mas quem é do grupo de risco (fatores como além da idade, cor negra e história familiar de câncer prostático) devem fazer isso a partir dos 45 anos.
Estatísticas
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de 65.840 novos casos em 2020. Segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer, com dados disponibilizados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS), em 2018, no Brasil, 15.576 homens morreram em decorrência do avanço do câncer de próstata.
Ainda segundo o Inca, no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum.
É considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos e o aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação e pelo aumento na expectativa de vida.
Próstata
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de Minas Gerais, Francisco de Assis Teixeira Guerra, em matéria para o site Associação Médica de MG, explica que a próstata é uma glândula que só o homem possui, localizada na parte baixa do abdômen (logo abaixo da bexiga e à frente do reto, parte final do intestino grosso). É do tamanho de uma noz, com peso de 20 a 25 gramas, responsável pela produção do líquido prostático, proteção e nutrição dos espermatozóides no sêmen.
A doença evolui silenciosamente na fase inicial, mas alguns dos tumores podem crescer rapidamente, espalhando-se para outros órgãos, com risco de morte. Segundo o médico, no entanto, o acréscimo nas taxas no Brasil pode ser parcialmente explicado pelo progresso dos exames, acesso à informação e pelo aumento na expectativa de vida. Ele alerta, porém, que o público masculino precisa se informar e agendar consulta com um urologista.
Pandemia e ida ao médico
Segundo a Agência Brasil, um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostra que 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico em função da pandemia da covid-19. A pesquisa abrangeu 499 participantes. Dos entrevistados, 75% tinham mais de 40 anos, 77% eram do sexo masculino, 2,18% já tiveram um diagnóstico de câncer de próstata e apenas 6% admitiram que habitualmente não cuidavam ou não se importavam com a saúde; 23% dos participantes relataram ter encontrado dificuldade de acesso ao procurar por consultas ou tratamentos médicos durante a pandemia e 40% disseram que não procuraram.
Dos pacientes masculinos, 33% relataram ir regularmente ao urologista e 3% afirmaram que nunca consultaram esse especialista, demonstrando resistência aos cuidados com a saúde urogenital. Para a coordenadora da pesquisa, a urologista Karin Anzolch, esta mostra que o diagnóstico precoce de câncer de próstata, essencial para a cura, neste ano poderá ser afetado se não houver procura dos homens pelos serviços de saúde. “Mesmo com a crise sanitária em curso, a prevenção não pode ser deixada de lado”, disse em nota, segundo a Agência Brasil.
Outro motivo: tabu
No site do Instituto Oncoguia, a psico-oncologista Luciana Holtz de Camargo Barros, presidente da entidade, lamenta que alguns mitos, tabus e conceitos machistas ainda impedem que os homens cuidem da saúde e se submetam ao exame de toque retal. “Se há alguns anos o câncer era recebido como sentença de morte, hoje é uma doença que pode ser tratada e curada, em grande parte dos casos, graças ao diagnóstico precoce e aos constantes avanços científicos”, diz.
Fontes: Agência Brasil/ Associação Médica (MG) / Instituto Oncoguia
Informação é fundamental
O portal do INCA oferece uma cartilha (https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//cartilha_cancer_prostata_2017.pdf) e traz informações sobre a doença, mas alerta que pretende apoiar e não substituir a consulta médica e indica: “Procure sempre uma avaliação pessoal com o Serviço de Saúde”. Veja mais:
O que aumenta o risco
– A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.
– Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.
– Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado.
– Exposições a aminas aromáticas, arsênio, produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.
Detecção precoce
– A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor em fase inicial e, assim, possibilitar melhor chance de tratamento.
– A detecção pode ser feita por meio da investigação, com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).
– Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de próstata traga mais benefícios do que riscos. Portanto, o Inca não recomenda a realização de exames de rotina com essa finalidade.
– Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer possibilita melhores resultados no tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como:
– Dificuldade de urinar
– Diminuição do jato de urina
– Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite
– Sangue na urina
– Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico.
Leia mais em https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-prostata