Manifestantes pedem impeachment e “Vacina já!”

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200 mil mortos: a culpa é sua”, estampou a enorme faixa estendida em frente ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira, dia 8, após o Brasil atingir a terrível marca de 200 mil mortes pela Covi-19, no movimento que aponta Bolsonaro como culpado pelos óbitos pela negligência do governo no combate à pandemia.

O mesmo governo que, até o momento, não apresentou um plano efetivo de vacinação. O pedido de “Impeachment já!” dividiu as palavras de ordem estampada nos cartazes com outro desejo urgente da população: “Vacina já!”.

Poderia ser evitado

Para acabar com tanto sofrimento é extremamente necessário que seja disponibilizado vacinas para toda população e cobraremos do governo federal a compra de vacinas e insumos necessários (seringas e agulhas) e a operacionalização do plano de vacinação contra a Covid-19”, disse, em nota, a direção Executiva Nacional da CUT.

Para a central, os 200 mil óbitos poderiam ser evitados “não fosse o descaso e omissão do governo federal em coordenar um plano nacional envolvendo estados e municípios no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus de forma efetiva e eficiente”. 

A CUT alerta que o país não pode continuar perdendo vidas como consequência do menosprezo, descaso, negacionismo e adoção de medidas que desconsideram as evidências científicas no controle e combate à pandemia por parte do governo federal.

No mundo, 17 milhões vacinados

A Cut Rio publicou no dia 8, no Facebook, ranking de doses aplicadas pelos países em relação à população. Israel, com 1,7 milhão de doses aplicadas, já vacinou quase 20% da população, lidera muito à frente e pretende imunizar todos os cidadãos vulneráveis ​​até o fim do mês. Estados Unidos (5,9 milhões de doses); China (4,5 milhões), e Reino Unido (1,3 milhão) lideram a lista quanto ao número de vacinas.

Fonte do gráfico: https://ourworldindata.org/covid-vaccinations

Mais de 17 milhões de doses foram aplicadas em todo o mundo, segundo o site “Our World in Data”. Até então, 47 países já tinham iniciado a vacinação e alguns já estavam na segunda dose do imunizante.

Na postagem, a CUT apontou: “Enquanto o mundo luta contra a covid-19, o Brasil segue sem vacina e sem seringa. Até quando vamos suportar um presidente genocida e um ministro que promove doença?”.

A saída é a vacina

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) reiterou, m documento emitido em dezembro, que não recomenda tratamento farmacológico precoce com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro). Estudos clínicos até o momento não mostraram benefício. Alguns podem causar efeitos colaterais. A orientação é alinhada às recomendações de organismos sanitários nacionais e internacionais.

E reitera as “regras de ouro” que diminuem muito o risco de alguém ser infectado: máscara; distanciamento físico (1,5 metro); higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%; não participar de aglomerações; manter ambientes ventilados e paciente com sintomas de “resfriado” ou “gripe” em isolamento.  Por fim, a SBI conclui demonstrando otimismo sobre as vacinas, mas pondera: “É fundamental que tenhamos vacinas eficazes e seguras no Brasil nos próximos meses”.

Até quando?

O diretor da Divisão Médica do Hospital Clementino Fraga Filho, Alberto Chebabo é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e diz que, de fato, o documento da SBI reitera o fato de que não há tratamento precoce. Para ele, o mais importante são as regras de ouro e, claro, a vacina.

Ele lembra que, agora, há duas delas prontas, capazes de serem usadas: a CoronaVac, produzida pelo Butantã e a de Oxford, fabricada pela Fiocruz. Butantã e a Fiocruz solicitaram no dia 8, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorização emergencial de uso dos imunizantes. A Anvisa estima em 10 dias, a partir do pedido, o prazo para avaliação das vacinas. Mas a reposta pode sair antes:

Precisamos de todas as doses disponíveis, tanto da Fiocruz quanto do Butantã, para iniciar o processo de vacinação”, diz, destacando que o programa de imunização é nacional e não regionalizado, lembrando que já há contrato do Ministério de Saúde com o Butantã (assinado alguns dias antes) de compra de imunizantes. “A imunização vai começar da mesma forma em todo país de acordo com PNI”, avalia.

Isso é o mais importante e, de preferência, para iniciar rapidamente. Tem 17 milhões de pessoas vacinadas no mundo e nenhuma no Brasil. Até quando? As vacinas estão aí. Estrutura a gente tem. Os postos estão aí. Depende da Anvisa, do Ministério da Saúde e das empresas entregarem as vacinas. É a única solução até agora”, conclui.

No início de janeiro, o Ministério da Saúde informou que considera três datas para iniciar a vacinação: na melhor hipótese no dia 20 de janeiro; a segunda data seria entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro e o terceiro cenário, após 10 de fevereiro.

Governo tentou se apropriar

“A incúria (inércia, negligência) do Governo Federal não pode penalizar a diligência da administração estadual, a qual tentou se preparar de maneira expedita para a atual crise sanitária”, afirmou o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, que impediu, em decisão cautelar no dia 8, a União de se apropriar dos insumos (como agulhas e seringas) contratados pelo estado de São Paulo.

A imprensa também noticiou, no dia 8, compromisso do prefeito do Rio, Eduardo Paes de adquirir 3,2 milhões de doses de vacina do Butantã e começar a ação no mesmo dia que São Paulo, no dia 25 de janeiro. A previsão, segundo a Secretaria de Saúde, é que a cidade tenha 450 pontos de vacinação e não descarta antecipar a data se o Programa Nacional de Imunização começar antes.

Medida provisória editada na quarta-feira estabelece que “toda vacina deverá obedecer ao Plano Nacional de Imunização”. O plano e a MP preveem que o início da vacinação se dará de forma simultânea em todos os estados e que a quantidade de doses distribuídas respeitará a proporcionalidade da população.

 

 

 

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