Projeto VivaUFRJ continua elevando a temperatura na Praia Vermelha

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O debate virtual sobre a destinação pela UFRJ do terreno onde funcionava a casa de shows Canecão, realizado no dia 8 de março, movimentou a comunidade do campus da Praia Vermelha e moradores do entorno.  A iniciativa partiu do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur).

O interesse do Ippur em debater o tema com a Reitoria foi o de esclarecer as dúvidas que ainda existem a respeito do projeto VivaUFRJ: as articulações interinstitucionais, os impactos para a comunidade universitária e as implicações urbanísticas e sociais para a região da Praia Vermelha.

Discussão acalorada

A posição da UFRJ e a proposta contida no projeto VivaUFRJ sofreram severas críticas dos participantes do evento on line –  “Praia Vermelha: um debate necessário” – , os professores Pedro Gabriel Delgado (Ipub), Carlos Vainer (Ippur), Regina Chiaradia (presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo) e Sônia Rabello (diretora de Urbanismo e Patrimônio Histórico da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro). 

Eles alegam que não houve a participação da comunidade da Praia Vermelha e de seu entorno sobre a destinação do terreno, como também na elaboração do projeto VivaUFRJ. Também disseram que foram surpreendidos, no mês de fevereiro, com a notícia sobre a possível ajuda da Prefeitura do Rio para reabertura do Canecão. 

“A população tem o direito de discutir o projeto”, reivindicou Regina Chiaradia. Já Pedro Gabriel fez um apelo à reitora Denise Pires para que suspendesse o projeto: 

“Me surpreendeu a aceleração desse processo em plena pandemia e veiculado pelo RJTV. Na verdade, é uma invasão do espaço público e quero fazer um apelo à reitora Denise Pires para que suspenda o projeto. Falo como membro da comunidade da UFRJ para rediscutirmos os aspectos tanto do Canecão como o da Assistência Estudantil”, disse. 

 Carlos Vainer fez vários questionamentos sobre o projeto e cobrou respostas da Reitoria e também apresentou propostas, como a atualização do site do VivaUFRJ, mais transparência no tocante ao processo, divulgação dos contatos com as autoridades e que as entidades e especialistas na área de urbanismo da universidade e da sociedade civil sejam ouvidas. Por fim, ele endossou a proposta de suspensão do projeto e realização de amplo debate a respeito.

O representante da Reitoria, professor Vicente Ferreira, que integra o Grupo de Trabalho VivaUFRJ, respondeu aos questionamentos feito pelos debatedores reafirmando a posição que o grupo de trabalho  já vem expondo para a comunidade da UFRJ: 

“Não há privatização! Não há venda. (o que há) São estudos que ainda serão entregues à Reitoria que apresentará uma proposta final para debate com a comunidade”.

O projeto

O projeto VivaUFRJ consiste na parceria firmada pela UFRJ com o BNDES, na gestão do ex-reitor Roberto Leher, com o objetivo de utilizar os ativos imobiliários da universidade para negociar contrapartidas em obras de infraestrutura com empresas privadas.

Com isso, o terreno do antigo Canecão, na Praia Vermelha, é objeto de estudo encomendado pela UFRJ ao BNDES desde 2018, cujo resultado está para ser entregue a à universidade. 

O estudo inicial buscou identificar possíveis parcerias com empresas privadas para o uso do terreno do Canecão e de outros imóveis da instituição. Em contrapartida, os vencedores das licitações deverão assumir a reforma e a construção de restaurantes e moradias estudantis. A concessão está prevista para até 50 anos. 

Mas, parte da comunidade da Praia Vermelha desconfia da utilização dos espaços dos Institutos de Psiquiatria e Neurologia, Casa da Ciência e do antigo Canecão, assim como as associações de moradores. Já a UFRJ afirma que o projeto foi concebido para alçar alternativas ao orçamento da instituição, com prioridade para a assistência estudantil, e que o objetivo é viabilizar também um novo equipamento cultural em substituição a famosa casa de shows.  

O debate pode ser visto na íntegra no seguinte endereço:

 

 

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