“Essa pandemia deixou tudo muito louco. Se não fosse o apoio dos parceiros, dos sindicatos, entre eles o Sintufrj, com certeza esta crise seria muito mais aguçada na Maré. Um agradecimento especial para o Sintufrj, que vem mostrando ser um sindicato compromissado com as pautas dos movimentos sociais, principalmente de favelas como a Maré.”
Depoimento de Carlos Gonçalves, coordenador do Coletivo de Estudos para Concurso Orosina Vieira, que atua no Complexo da Maré com educação popular. Desde o início da pandemia da Covid-19, ele socorre os moradores da comunidade com cestas básicas, que consegue por meio de doações (assista ao vídeo).
Desde o início da pandemia no país, o Sintufrj tem atuado solidariamente no socorro dos menos favorecidos, em parceria com outras entidades, como a Adufrj, Attufrj e o DCE Mário Prata, movimentos como a Marcha Mundial de Mulheres e o Coletivo Orosina Viera, entre outros, ou por conta própria.
Os trabalhadores terceirizados da UFRJ, voluntários do Centro de Triagem Diagnóstica da Covid-19, no Centro de Ciências da Saúde (CCS), estudantes moradores da Vila Residencial e de outras comunidades além da Maré, como da Cidade de Deus, têm sido até o momento alvo da solidariedade da entidade, em nome dos técnicos-administrativos em educação.
Diante da dimensão da maior crise sanitária e social na história recente do país, ao longo do último ano, o Sintufrj participou de várias ações de solidariedade, mobilizando coordenadores e funcionários da entidade para fazer chegar a quem estava necessitando as cestas básicas, máscaras e vale-transporte.
Junto com o DCE Mário Prata, por exemplo, o Sintufrj prestou auxílio aos moradores da Vila Residencial vítimas de enchentes. As máscaras foram distribuídas aos profissionais de unidades de saúde da UFRJ e a quem buscava atendimento médico ou vinha ao Fundão fazer o exame de Covid. Além disso, foi importante o apoio dado aos voluntários do Cento de Triagem Diagnóstica da UFRJ, trabalhadores e estudantes, a maioria da universidade, custeando passagens.
Registros
O repórter fotográfico do Sintufrj, Renan Silva, fez alguns registros das ações solidárias.
Ações realizadas até março/2021
Desde abril de 2020, o Sintufrj tem feito doações de cestas básicas para trabalhadores terceirizados e estudantes da UFRJ, assim como para instituições e organizações dos movimentos populares. A mais recente ocorreu no dia 22 de março, na Cidade de Deus, quando o Sindicato entregou 30 cestas básicas a uma entidade que apoia os trabalhadores locais que perderam o emprego durante a pandemia.
Ao todo até agora foram doadas 680 cestas, e entre os beneficiados estão: moradores da Vila Residencial da UFRJ (170 cestas); escolas estaduais (100); trabalhadores terceirizados do CT e do bloco N do CCS e a Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ (Attufrj) (109); alunos da Faculdade de Medicina (49); moradores da Vila Kennedy (124) – através dos projetos Paróquia e Comunidade Kolping; Movimento de Mulheres de São Gonçalo (12) e Coletivo Orosina Vieira, da Maré (50).
Entre os movimentos com os quais a entidade também fez doações de cestas básicas e contribuiu com confecção de matérias está a Marcha Mundial de Mulheres.
Centenas de máscaras confeccionadas em tecido ou descartáveis foram doadas para instituições como o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) (1.200); Associação Luta Pela Paz (200); IPPMG (500); Vigilância da UFRJ (100) e Projeto Maré (200).
Foram doados, ainda, 500 aventais para o HUCFF.
Receberam as doações de auxílio-transporte os voluntários que atuam na linha de frente no combate à pandemia, no CT e CCS.
Apoio logístico – A assistente social e dirigente do Sintufrj, Maria Angélica da Silva (ela integra a Coordenação de Administração e Finanças da entidade), coordena as ações de solidariedade do Sindicato. Ela destacou que, além das doações, o Sindicato colaborou para que outras instituições e entidades também fizessem a sua parte neste momento tão cruel de pandemia, oferecendo apoio logístico, como carro e motorista para a entrega de cestas básicas, conforme ocorreu com o Diretório Central dos Estudantes da UFRJ (DCE Mário Prata).
O Sintufrj também financiou o conserto de equipamentos, como o do refrigerador necessário para o armazenamento de imunizantes do Centro de Vacinação de Adultos, entre outras formas de apoio a setores da linha de frente no combate à pandemia na UFRJ.
E esteve presente na Vila Residencial prestando sua solidariedade às famílias vítimas das enchentes, em abril de 2020.
Ações continuam sendo praticadas pela entidade
“Foram muitas as frentes em que o Sintufrj atuou e continua atuando com ações de solidariedade”, disse Maria Angélica, informando que o aumento é cada vez maior de pedidos de cesta básica: “As pessoas estão ficando sem ter o que comer. As comunidades das periferias estão solicitando muito”.
As máscaras distribuídas ao longo do último ano, segundo a coordenadora do Sintufrj, foram adquiridas de grupos de trabalhadores autônomos, como alfaiates e costureiras, que se organizaram para enfrentar o desemprego durante a pandemia.
E para dar conta do grande volume de encomendas de máscaras do Sindicato, mais profissionais desempregados passaram a fazer parte dessas “pequenas cooperativas improvisadas”.
Além de oferecer máscaras para os trabalhadores da UFRJ em atividade presencial e a voluntários em trabalho de combate à pandemia, o Sindicato também fez doação para organizações, como o Movimento de Mulheres de São Gonçalo, que também recebeu cestas básicas.
Orosina Vieira fez história na Maré
Esta foi uma das instituições para qual o Sintufrj colaborou em meio à mais grave crise sanitária da história mundial, cujos reflexos, principalmente em países latino-americanos, impõem mais sofrimento à população, a qual, além da morte, enfrenta o fechamento de mais postos de trabalho e o aprofundamento das condições precárias de vida, por conta da falta de políticas públicas e de ajuda financeira mais abrangente, pelos governos, compatível com suas necessidades. Isso ocorre descaradamente no Brasil, que tem no comando um presidente assumidamente genocida.
O Coletivo de Estudos para Concurso Orosina Vieira foi criado em 2018 por iniciativa de moradores do Complexo da Maré, Manguinhos e Acari, com o objetivo de auxiliar a população das favelas e da periferia a se capacitar para passar em concursos públicos.
Na pandemia, o Coletivo se mobilizou para ajudar cerca de 30 famílias da Maré com doações de alimentos e atendimento de outras necessidades. O coordenador da instituição, o professor de Matemática Carlos Gonçalves, é quem produz os vídeos para divulgação dos apoios recebidos de outras instituições.
“Não dá para ajudar a mais famílias, porque há limite de braços, estrutura física, veículos e de cestas básicas que conseguimos”, lamentou Gonçalves. “O Sintufrj é um grande parceiro dessa causa. Por mês, contribui com 20 cestas básicas”, informou.
História
De acordo com registros do Museu da Maré, Orosina Vieira teria sido a primeira moradora do morro que deu origem ao Complexo da Maré. Ela chegou ao local na década de 1940, quando a Avenida Brasil ainda estava sendo construída, e faleceu em 1994, com aproximadamente 102 anos. A história de dona Orosina foi recuperada pelos relatos de lembranças de antigos moradores da favela.
Inicialmente, ao chegar de Minas Gerais, dona Orosina, que era rezadeira e parteira, morava num quartinho, no Centro do Rio. Mas se encantou com o ar puro das praias e das ilhas da Maré, e decidiu construir um barraco no Morro do Timbau. Mulher de fibra, enfrentou o Exército para denunciar a Getúlio Vargas a cobrança irregular de taxas que os militares praticavam na região. E prontamente o presidente da República lhe respondeu: “a cobrança estaria suspensa”.
Em sua homenagem, o arquivo do Museu da Maré leva o seu nome, assim como o Coletivo de Estudos para Concurso Orosina Vieira.