Uma reflexão sobre a violência contra a mulher na pandemia

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“Tem dia que é difícil levantar da cama, mas o que nos move é maior. E a esperança somos nós com essa nossa luta potente”. Assim resumiu a tenacidade feminina que se insurge na sociedade machista brasileira a integrante da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, Zezé Menezes, na live organizada pelo Sintufrj, na quinta-feira, 18 de março, e que se encontra à disposição no canal da entidade no youtube e no facebook. 

Uniram-se à voz de Zezé na atividade a ativista LGBTI, Dani Nunes, mulher trans, a assistente social do Centro de Referência para Mulheres da UFRJ, Marisa Chaves, e Clarice Ávila, secretária de Cultura da CUT-Rio. O tema da roda de conversa foi “A luta da mulher contra a violência no contexto pandêmico”, que teve como mediadora a coordenadora do Sintufrj, Marisa Araújo. 

 “Este é um mês de reflexão para as mulheres e março também marca a data em que celebramos nossas lutas históricas e suas protagonistas. Nesta live reunimos diferentes vozes de mulheres guerreiras e que estão na luta”, disse a dirigente sindical na abertura do bate-papo.

Mulheres negras na linha de frente da violência da extrema miséria imposta pelo governo Bolsonaro

A secretária de Cultura da CUT-Rio, Clarice Ávila, chamou a atenção sobre um tipo de violência que cresceu no governo Bolsonaro, que é a violência econômica imposta à mulher negra. “Precisamos fazer esse debate, mas de forma propositiva para tentarmos diminuir essa problemática. Temos um genocida no poder e também temos vários genocidas nos estados e municípios que acabaram com as delegacias de mulheres e com os atendimentos especializados”, apontou. “Falar sobre isso nunca é demais, como nunca é demais defender a vida de uma mulher”, reforçou. 

Vidas negras femininas são as mais perdidas, afirmou Zezé Menezes, da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo. “Por conta do racismo estrutural são as mulheres negras e das periferias que mais morrem”, fundamentou. Como participante da  Coalizão Negra por Direitos, ela informou amparada em números da realidade atual, “que o número de pessoas em situação de extrema pobreza no país dobrou em um ano e trouxe a fome com mais força”. 

A militante espera conseguir adesões à campanha TEMGENTECOMFOME.COM.BR, criada com o propósito de  para assistir as famílias nessa situação.

De acordo com a ativista trans Dani Nunes, atualmente existe a violência política de gênero e de identidade de gênero. Ela defende que a discussão desse tema seja provocada na sociedade  para que as mulheres tenham conhecimento real sobre o que ocorre.  

“Hoje sofremos essa violência que é pouco conhecida, por isso é importante fazermos esse debate para podermos combatê-la”, disse Dani Nunes. 

E avisa: “A política institucional não nos acolhe. É dominada por homens que se incomodam com nossos corpos trans, mas é bom que se acostumem porque é um movimento que não terá volta”.

A assistente social Mariza Chaves falou sobre a representação política das mulheres no Brasil e apresentou dados da última eleição municipal para as câmaras e prefeituras. 

“Precisamos ocupar os lugares de poder nos partidos políticos, independente do estereótipo de gênero reproduzido nessa cultura patriarcal e racista”, afirmou.

Mariza Chaves reforçou o alerta da dirigente cutista, Clarice Ávila, em relação as mulheres estarem sem proteção social na  pandemia, em consequência da desativação de delegacias e centros de acolhimento, e colocou o serviço do Centro de Referência da Mulher da UFRJ à disposição de quem necessitar de ajuda. 

Atenção para os contatos do CRM/UFRJ:

Telefone – (21) 3938-0603; e-mail: crmssa.ufrj@gmail.com – a disposição de quem precisar.

Participação pelo chat

Durante a live, várias pessoas se manifestaram, como a Princila Mello, que elogiou a atividade: “Um debate muito importante! A violência contra nossos corpos se dá em todos os espaços. Não à toa a primeira vítima de Covid no Brasil foi uma trabalhadora doméstica, mulher e negra. #ForaBolsonaro”. 

As debatedoras foram muito elogiadas, um dos elogios foi da  coordenadora do Sintufrj, Joana de Angelis: “​Parabéns a todas as debatedoras pelas falas tão importantes nessa conjuntura de tanta angústia e opressão. A luta não é fácil, mas continuaremos firmes até que todas sejam livres!”

CONFIRA O DEBATE NA ÍNTEGRA: 

 

 

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