O Conselho de Ensino de Graduação da UFRJ (CEG) aprovou, por unanimidade, na quarta-feira, 14, moção de apoio ao Sintufrj que está sendo ameaçado por bolsonaristas, após a repercussão positiva nas redes sociais da campanha “Vacina no braço, comida no prato”, lançada pela entidade no dia 9 de abril, por meio de projeção de vídeo na Praia Vermelha e no Centro do Rio. (Veja o texto na íntegra no final da matéria).
A ação do Sintufrj aponta os crimes do governo federal na pandemia que, inclusive, motivaram a criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, no Senado, por decisão do STF, como também o envio de ofício pela Ordem dos Advogados do Brasil à Procuradoria Geral da República, e denúncias feitas pelos movimentos sociais.
Diariamente, a própria imprensa comercial tem mostrado o agravamento da pandemia no país, em consequência das ações, omissões e possíveis crimes praticados por Jair Bolsonaro contra a população brasileira (o que a CPI da Covid irá apurar). Mas, alheios à realidade de mais de três mil mortes diárias pela Covid e 40 milhões de pessoas na mais profunda miséria (sem emprego, moradia e comida na mesa) seguidores do presidente da República acusam o movimento sindical de atrapalhar o Brasil e prometem depredar a sede do Sintufrj.
Liberdade de expressão
O documento aprovado no CEG evoca o direito da livre manifestação das entidades representativas dos segmentos discente, docente e técnico-administrativo que existem na UFRJ e lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou, em 2018, “o direito constitucional à livre manifestação nas Universidades e Institutos Federais e entidades representativas”.
A representante técnico-administrativa no CEG e coordenadora do Sintufrj, Damires França, foi quem pediu a inclusão das ameaças ao Sindicato na pauta da sessão do colegiado, quando também fez um relato dos telefonemas anônimos dos apoiadores bolsonaristas dizendo que vão depredar a sede da entidade. Os conselheiros concluíram que era importante se posicionarem para fortalecer a luta do Sintufrj, porque ela é de todos nós.
Segundo Damires, o texto apresentado pela bancada técnico-administrativa obteve não apenas o apoio unânime daquele colegiado, mas também a indicação para que o mesmo fosse levado ao Conselho Universitário (Consuni) e com o pedido de inclusão dos termos da campanha do Sintufrj: “Vacina no braço, comida no prato”. A última sugestão foi da professora do Instituo de Química, Mônica Cardoso.
Vacina e comida
De acordo com a docente, a aprovação do texto não expressou somente a defesa da liberdade de expressão, mas, sim, a necessidade legítima da reivindicação do Sindicato, que é a vacina no braço e a comida no prato. “Considerei importante o apoio do CEG (à campanha do Sintufrj), pela ampla divulgação do apelo do Sindicado “Comida no prato, Vacina no braço”. É isso que a gente precisa levar para frente em todo país”, disse Mônica Cardoso.
Ela acrescentou que falava “de cadeira”, já que teve a Covid-19, foi internada e ficou muito mal, e afirmou: “Temos que brigar pela vacina e ser contundentes pelo kit de intubação e não nos perdermos na retórica. Acho que foram (os técnicos-administrativos) muito felizes na escolha do slogan “vacina no braço e comida no prato””.
Apoio dos estudantes
“Achei a campanha muito maneira e foi uma sacada muito legal terem construído esta atividade (Sintufrj) a partir da aprovação de uma assembleia, ou seja, com o envolvimento do corpo técnico-administrativo nesta luta. A atividade foi de extrema importância”, avaliou a integrante da bancada estudantil no CEG e diretora do DCE Mário Prata, Antônia Velloso.
Segundo a conselheira, a retaliação é um absurdo e representa a fascistização da sociedade: “Acho que o Conselho de Ensino de Graduação e todos os outros conselhos da UFRJ, além das próprias entidades se posicionando e declarado apoio a ação do Sintufrj é determinante para reforçar nosso papel no debate político dentro da universidade em defesa da ciência contra o negacionismo, que está no centro do debate hoje, com Bolsonaro contra a vacina”.
“O Sindicato e os trabalhadores técnico-administrativos de maneira geral estão de parabéns pela atividade, e acho que cada vez mais precisamos declarar apoio e expandir a campanha Vacina no braço, Comida no prato”, acrescentou Antônia, propondo a realização de mais atividades na mesma linha envolvendo todas as entidades representativas dos segmentos da universidade.
A moção do CEG na íntegra
O Conselho de Ensino de Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido virtualmente em 14 de abril de 2021, presta apoio ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SINTUFRJ) vítima de ataques infundados por manifestar posição da categoria, deliberada por ampla maioria em assembleia.
A UFRJ e suas entidades são múltiplas, diversas e nunca abriram mão de se posicionarem diante das grandes questões nacionais e não pode ser diferente diante da atual pandemia.
A Universidade conta com entidades representativas de discentes, docentes e técnico-administrativos e estas devem ter seu direito à livre manifestação garantido e suportado por todo o corpo social da UFRJ!
Ademais, cumpre lembrar que o Supremo Tribunal Federal, em outubro de 2018, ratificou o direito constitucional à livre manifestação às Universidades e Institutos Federais, bem como das respectivas entidades representativas.
Todo apoio ao SINTUFRJ, à ATTUFRJ, ao DCE Mário Prata, à APG e à ADUFRJ, na defesa e na expressão de seus representados!
Vacina no braço e comida no prato!