Programa de Acolhimento à Saúde da Comunidade da UFRJ (PASC)

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A diretora do Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea/UFRJ), Mariza Palácios, lamenta que, mais de um ano depois de iniciada a pandemia de covid-19 pelo novo coronavírus, ainda não haja um sistema de dados sobre a saúde do trabalhador da UFRJ. 

“O que a gente está tentando implantar agora”, informou ela, apresentando o Programa de Acolhimento à Saúde da Comunidade da UFRJ (Pasc). 

O programa consta de um aplicativo para celular pelo qual as pessoas da comunidade universitária informarão como está a sua saúde e se apresentam sintomas respiratórios, caso em que serão encaminhadas para orientação e acolhimento. 

Banco de dados —Também está sendo desenvolvida uma plataforma específica para que, por meio dela, estudantes sob a supervisão de profissionais de diversas disciplinas, oferecerão apoio e orientação e coletarão informações para gerar um banco de dados sobre a saúde dos trabalhadores da universidade. Esse trabalho vai ajudar na vigilância em saúde e nas estratégias institucionais de biossegurança. Mas o sucesso da iniciativa, segundo Mariza Palácios, dependerá da adesão das pessoas.

O PASC é de autoria dos profissionais do Nubea, que coordenam o programa, e conta com a participação da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador da UFRJ (CPST) e de outras unidades, como a Escola de Enfermagem Anna Nery. O piloto deverá ser lançado no final de junho e posto em prática em julho para um grupo específico. Mas, segundo Mariza Palácios, o aplicativo será extensivo a todos que têm atividade presencial nos campi da universidade, enquanto perdurar a pandemia. 

O aplicativo começou a ser concretizado em janeiro e a maior dificuldade  dos seus idealizadores foi reunir profissionais de Tecnologia da Informação para projetá-lo. Mas agora esse problema foi resolvido com o ingresso de uma equipe de estudantes do NCE e com apoio do Complexo Hospitalar.

“Saúde mental dos trabalhadores em saúde em tempos de coronavírus”

Mariza Palácios é uma das autoras do ensaio “Saúde mental dos trabalhadores em saúde em tempos de coronavírus” publicado no site do Nubea e no portal da Fiocruz. 

O texto aponta o desafio extra que a pandemia impõe para a saúde mental dos profissionais de saúde e relaciona os tipos de cargas de trabalho a que estão submetidos esses profissionais: física, cognitiva e psíquica como angústia, medo, sensação de desprazer ou desconforto. 

A este quadro ela acrescenta uma dimensão negligenciada em se tratando de profissionais de saúde: a carga moral, aspectos do trabalho em saúde que demandam decisões, como o que é justo ou o que é bom. “Quando os recursos são escassos, quem vamos salvar? Quem deve decidir?” Mariza aponta como sendo uma carga a mais colocada sobre eles durante a pandemia é compará-los a heróis. 

“Os profissionais de saúde,” lembra, “são pessoas engajadas e que encaram o trabalho com uma das questões mais fundamentais de sua vida. Vão dar tudo e mais um pouco. E trabalham até o pondo de prejudicarem a própria saúde – uma questão que é objeto até de estudos internacionais”.

Mariza sustenta que, pensar sobre saúde mental demanda observar o cenário abrangente em que os trabalhadores estão inseridos no contexto da epidemia. “Viver com medo é algo que impacta diretamente na saúde mental”, disse. “E a falta de uma política pública eficaz de enfrentamento à pandemia agrava esse quadro de insegurança”, acrescentou.  

 

 

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