O Ministério da Economia incluiu o Palácio Gustavo Capanema na lista dos 2.263 imóveis públicos a serem vendidos no Rio de Janeiro, em leilão até o fim do mês. “Vamos convidar incorporadoras, fundos imobiliários e investidores em geral”, anunciou o secretário especial de Desestatização do governo Bolsonaro, Diego Mac Cord.
Considerado uma das “joias” da cidade, o Capanema já foi sede do Ministério da Educação e Saúde. Atualmente, o edifício de 16 andares abriga uma biblioteca pública, uma sala de espetáculos, parte do acervo da Biblioteca Nacional e as superintendências de órgãos culturais.
O croqui foi desenhado pelo franco-suíço Le Corbusier, em 1936, e reuniu os principais elementos de sua arquitetura: construção sobre pilotis, terraço-jardim, janelas em fita. Uma equipe liderada por Oscar Niemeyer executou o projeto. Os azulejos são de Cândido Portinari, as esculturas de Bruno Giorgi e os jardins de Burle Marx. Getúlio Vargas inaugurou esse museu a céu aberto, com todas essas preciosidades, em 1945.
O primeiro ato de Jair Bolsonaro contra a cultura e a história do país foi posto em prática no dia em que tomou posse, com a extinção do Ministério da Cultura. A partir daí, seguiu-se uma enxurrada de atos contra o setor: perseguição a artistas, fim da produção de filmes e desprezo e abandono de órgãos como a Cinemateca Brasileira, entre outros.
“Este governo é incapaz de compreender a importância histórica e arquitetônica de um edifício. No universo deles, tudo é dinheiro e mercadoria”, diz Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura nos governos Lula e Dilma, para a coluna de Bernardo Mello Franco, em O Globo.
A bola da vez é o Palácio Capanema no “feirão de imóveis” de Jair Bolsonaro e Guedes.
Com a coluna em O Globo, de Bernardo Mello Franco, de domingo, 15/8/2021