A despeito de promoções das plataformas para estimular o furo dos breques, paralisações seguem no interior paulista
Gabriela Moncau/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 14 de Outubro de 2021
A onda de greves de entregadores de aplicativos, que começou no feriado de Nossa Senhora Aparecida em Paulínia (SP), Jundiaí (SP) e São Carlos (SP) e que inicialmente tinha término previsto, mudou de curso diante do silêncio por parte das empresas de aplicativos.
“Nenhuma resposta, a greve continua!”. A frase estampa a faixa pendurada em frente ao Jundiaí Shopping: o breque na cidade, que ia terminar no feriado de 12 de outubro, agora segue por tempo indeterminado, até que as reivindicações sejam negociadas.
Em Paulínia, onde o serviço de delivery está travado desde a última sexta-feira (8), os trabalhadores dizem que seguirão de braços cruzados ao menos até a próxima sexta (15).
Nesse dia está marcado o início do breque dos entregadores de Bauru (SP). Greves também estão agendadas para começar em Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ) em 15 de outubro.
Os trabalhadores não receberam ainda contato de nenhuma das empresas que os contratam, entre as quais iFood, Uber Eats, Box Delivery, Rappi e James Delivery.
A decisão dos entregadores de São Carlos, tomada em assembleia na noite desta quarta-feira (13) foi de dar uma trégua temporária. “Muitos alegaram estar passando por necessidades”, explicou José Carlos*, um dos entregadores organizados na cidade.
“Então decidimos parar a greve por alguns dias, para a galera trabalhar e juntar uma grana e daqui a 15 dias vamos parar de novo”, ressalta. Segundo ele, a organização é para que a próxima paralisação seja “mais radical”.
Até o ano passado, como foi o #BrequeDosApps em julho de 2020, os protestos da categoria tinham a característica de paralisação de um dia, com manifestações. Foi o que aconteceu nessa terça (12) com um ato feito em Rio Claro (SP) das 14h às 17h.
Porém, desde que entregadores de São José dos Campos (SP) fizeram um breque de seis dias em setembro, a estratégia de parar por um período mais longo e pré-definido passou também a ser adotada. Os entregadores de Jundiaí agora inauguram a greve sem data para acabar.
“Um recado para o iFood: enquanto vocês não responderem, é indeterminado. Motoboy tudo fechado, tudo parado. Não dá para a gente rodar por R$ 5,31 se a gasolina está R$ 6”, afirma um grevista de Jundiaí em vídeo divulgado nas redes sociais, se referindo ao valor da taxa mínima de entrega paga pela plataforma.
Além do aumento da taxa, o fim da coleta dupla e da suspensão da conta sem justificativa estão entre as demandas principais da greve.
As plataformas de entrega na hora do almoço dessa quarta (13), com todos os restaurantes dos dois shoppings de Jundiaí aparecendo como fechados, demonstravam que o bloqueio seguia eficaz.