Na capa do jornal O Globo desta terça-feira (5) não tem nenhuma menção às investigações da Pandora Papers, que denunciou a conta milionária do ministro da Economia Paulo Guedes, em um paraíso fiscal
Publicado: 5 Outubro, 2021 – Escrito por: Tatiane Cardoso, da CUT-Rio
O principal homem do (des)governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), tem uma offshore, geralmente usada por políticos, criminosos e personalidades para sonegar impostos no Brasil, e um dos maiores jornais do país ignora. O leitor deve estar se perguntando por que?
As denúncias estão sendo publicadas desde domingo (3) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que no Brasil conta com a participação da revista Piauí, Agência Pública e portais Metrópoles e Poder360. Outros jornais que pertencem a grandes grupos empresariais, mesmo que timidamente, estão dando as informações a seus leitores. O Globo, não.
“A única resposta plausível é que o sistema Globo compactua com a política econômica de Bolsonaro que se destaca pelas altas taxas de desemprego, inflação, volta da fome e da miséria no Brasil”, afirma o presidente da CUT-Rio, Sandro Cézar.
“É isso que se conclui ao abrir as páginas do jornal e verificar que O Globo não está destacando um material robusto, que comprova que Guedes possui milhões de dólares investidos nas Ilhas Virgens Britânicas”, complementa o dirigente.
Para Sandro Cézar, é um absurdo um presidente da República manter em um cargo estratégico alguém que, por meio das suas decisões, duplica a fortuna lá fora quando estimula com suas políticas, ou faltas delas, o aumento do dólar, dos combustíveis e dos alimentos aqui dentro.
“Todo mundo sabe que essa prática ilegal também fomenta o desemprego – hoje atinge mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras e aumenta a fome, com 19 milhões de pessoas sem acesso à comida”, diz o presidente da CUT-Rio.
Paulo Guedes lucra com a miséria dos brasileiros. E o sistema Globo é cúmplice quando não aborda de forma contumaz que, para ficar cada vez mais rico, o ministro da Economia burla normas do serviço público e da Lei de Conflito de Interesses.
– Sandro Cézar
O dirigente se refere ao artigo 5° do Código de Conduta em seu 1º parágrafo diz: “É vedado o investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função, inclusive investimentos de renda variável ou em commodities, contratos futuros e moedas para fim especulativo”.
E a Lei nº12.813/2013, que fala no artigo 5º que a prática configura conflito de interesses: “Praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão”.
“Até quando a grande imprensa vai compactuar com os desmandos do governo Bolsonaro?”, questiona o presidente da CUT-Rio.