Criatividade, pesquisa e experiências no IX Sintae

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Avanços tecnológicos que nem sempre estão ao alcance de todos, qualidade de vida no trabalho, inserção dos técnico-administrativos nas pesquisas científicas e nos conselhos de Centro foram alguns dos temas debatidos na segunda sessão do dia 1º do IX Seminário de Integração dos Técnicos Administrativos em Educação da UFRJ (Sintae). Veja a íntegra aqui.

Valquíria Felix Gonçalves apresentou o primeiro trabalho: “Tecnologia para quê? Tecnologia para quem?”. Ela é pedagoga e mestra em Tecnologia para o Desenvolvimento Social pela UFRJ, e faz uma avaliação a respeito do uso da tecnologia para a gestão de processos de trabalho, sem que para isso a UFRJ faça uma reflexão mais profunda sobre os impactos que isso tem na vida de muitos servidores.  

A técnica-administrativa Valquíria Felix apresentanso seu trabalho no SINTAE 2021

Na sua exposição, Valquíria aponta que a universidade tem em seus quadros, trabalhadores com educação básica incompleta, cuja maioria recebe os mais baixos salários. Mas, qualquer servidor da instituição, hoje, para ter acesso ao contracheque, por exemplo, precisa possuir um equipamento individual com internet (ambos pagos por ele) e dominar uma tecnologia que o afasta dos seus próprios dados funcionais. 

De acordo com Valquíria, enquanto a tecnologia social prioriza a utilização dos recursos de forma coletiva, democrática, inclusiva e solidária, a tecnologia convencional prioriza a utilização dos recursos de forma individual, autoritária, excludente e com base na competição. Ela cita um dado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): “ há 40 milhões de brasileiros sem acesso à internet”. 

“Muitos estão sem condições de comer e morar. Exigir a compra de equipamentos individuais (como celular) para acessar dados que são seus por direito deveria ser considerado crime”, diz a expositora, explicando que não é contra a tecnologia, mas que o trabalho com pessoas com dificuldade de acesso às novas tecnologias não é caridade e deve haver um projeto de gestão na universidade para isso.

“Adaptabilidade na carreira no serviço público: estudo com os técnico-administrativos em educação” 

Foi o tema do trabalho apresentado por Jair Jeremias Junior, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila, de Foz do Iguaçu) realizado em coautoria com Vinicius Abílio Martins (da Unioeste). Eles ouviram centenas de servidores de diversas regiões do país.

Qualidade de vida X home-office 

Em sua pesquisa, a assistente de administração da Coppe, Ana Lucia Celino de Azevedo buscou respostas para o questionamento sobre como proporcionar qualidade de vida no trabalho em home-office, já que não há a tão necessária interação entre as pessoas envolvidas? 

Segundo a técnica-administrativa, o resultado de suas buscas destacou o quanto era importante a interação entre colegas no ambiente de trabalho, que muitas vezes ocorre no tradicional cafezinho do fim da tarde, momento que ela denominou de Café & Companhia. Mesmo virtualmente, mas entre os trabalhadores de um mesmo setor já surte efeito, concluiu ela. Na experimentação que realizou, com a participação de outros servidores, Ana Lucia na conquistou apoios e muita empatia.

Pesquisadores técnico-administrativos

Charles Freitas Oliveira, da Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS), mestre em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biofísica Carlos Chegas Filhos/UFRJ, apresentou um estudo sobre o papel dos técnico-administrativos em educação na pesquisa científica, desafios e possibilidades. O trabalho tem coautoria de Valquíria Felix, Márcia Tosta e Fortunato Mauro. 

A UFRJ dispõe de um contingente de servidores qualificados, mas não são aproveitados em sua total capacidade de formulação e desempenho em  atividades finalísticas: os técnicos-administrativos em educação pesquisadores. Os autores propõem a elaboração de um censo, incluindo a qualificação dos servidores, para estabelecer discussão acerca da sua inclusão em funções de elaboração, formulação, coordenação e desenvolvimento da pesquisa científica na UFRJ.

Segundo Charles, em 2003, num total de 8.893 técnicos-administrativos em educação, 778 tinham especialização; 329 mestrado e 70 doutorado. Em 2013, 1.358 especialização; 609 mestrado e 141 doutorado, de um total de 9.333 servidores. “Os TAEs há muito deixaram as sombras e assumiram o papel de trabalhadores em educação”, registraram os autores do trabalho.

Colegiados

 Ronald Vizzoni Garcia, da Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), pôs em debate a atuação de técnicas e técnicos nos Conselhos de Centro – ele é suplente no órgão do CFCH. O trabalho, em coautoria com Marcelo Antônio de Brito e Wagner Ramos Ridolphi, conclui: “A participação dos diferentes segmentos da comunidade universitária em estruturas de decisão coletiva (…) deveria ser instrumento para garantir maior transparência, participação, amadurecimento e efetividade das decisões tomadas”.

Um hífem

 “Dezesseis anos do PCCTAE: O que temos agora? Pelo menos um hífen na palavra que nos define: técnico-administrativos”. Esse foi o trabalho apresentado pelo aposentado Eduardo Nazareth Paiva. 

Se pela lei do Pucrce (de 1987) a categoria era identificada como técnicos e administrativos, no PCCTAE, (Lei 11.091, de 2005), foi incluído o hífen para “consolidar legal e ontologicamente a palavra composta técnico-administrativos”. Para o autor do trabalho, é preciso “brigar pela utopia de sermos agentes da produção do conhecimento da maior relevância possível”.

 

 

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