Instituição, no entanto, não recomendou às autoridades o fechamento total das atividades: ‘Outras variáveis precisam ser analisadas’, diz a universidade. Covidímetro da segunda semana de janeiro indica que cada infectado com Covid na capital transmite o vírus para outras 2,6 pessoas.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicou “lockdown necessário” com base na taxa de contaminação do coronavírus no Grande Rio. A instituição pontuou, no entanto, que não recomendou às autoridades o fechamento total das atividades.
“Ainda que os indicadores citados possam sugerir necessidade de lockdown, outras variáveis precisam ser analisadas, como o número de casos por 100 mil habitantes, por exemplo”, afirmou.
“Ações devem ser tomadas pelas autoridades competentes e pela população em geral para restrição da contaminação, como usar máscaras, conter aglomerações e vacinar-se, por exemplo”, ressaltou.
Gráfico em nota técnica da UFRJ mostra o salto de novos casos de Covid no RJ — Foto: Reprodução
Uma nota técnica divulgada nesta segunda-feira (24) traz os resultados da segunda semana de janeiro. De acordo com os dados disponíveis, o Covidímetro aponta uma taxa de transmissão (R) de 2,6 para a cidade do Rio.
Esse número indica que dois cariocas transmitem o vírus para outros cinco.
A UFRJ considera que um dos parâmetros a ser levado em consideração para o lockdown é quando o R fica acima de 2.
Ainda segundo o Covidímetro da UFRJ, somente o Noroeste Fluminense estava com R abaixo de 2 na segunda semana do ano. O boletim da semana anterior não apontava nenhuma cidade ou região com R acima de 2.
A nota estima ainda um aumento de casos por mais 15 dias, chegando a 3,2 milhões de novos registros.
Explosão de casos
O painel da Covid do RJ anotou, desde o dia 3 de janeiro, 257 mil novos casos conhecidos em todo o estado. Neste domingo (23), a média móvel de casos estava em quase 24 mil, a maior desde o início da pandemia, com um aumento de 458% em relação a duas semanas atrás.
A nota da UFRJ pontua que “a avaliação tempestiva de eventual mudança de nível de risco da pandemia está sendo prejudicada devido ao apagão de dados que ocorre no sistema de informação do Ministério da Saúde”.
Depois que sofreu um suposto ataque em 10 de dezembro, a base de dados do Ministério da Saúde ficou instável por um mês, sobretudo para contabilizar novos registros da Covid.
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou, em nota, que a universidade tem um representante formal no Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) da Prefeitura do Rio, que é o médico infectologista Alberto Chebabo. “Nem ele ou qualquer outro membro do CEEC recomendou o lockdown no município do Rio de Janeiro”, afirmou.
“Qualquer alteração no mapa de risco, nas medidas restritivas, ou na necessidade de abertura de novos leitos, por exemplo, passam pela análise criteriosa dos dados epidemiológicos, e novas medidas e estratégias poderão ser adotadas conforme necessidade”, disse.
Até a última atualização desta reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não havia respondido.