O ex-presidente fez críticas ao novo presidente da Petrobras, o entreguista Adriano Pires, durante encontro com petroleiros no Rio de Janeiro
Publicado: 29 Março, 2022 – Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
O ex-presidente Lula criticou, nesta terça-feira (29), a escolha do novo presidente da Petrobras, Adriano Pires, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Pires substitui o general da reserva Joaquim Silva e Luna, demitido por Bolsonaro nesta segunda-feira (28), em meio a crise dos combustíveis provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia.
“Eu não conheço essa pessoa e, por isso, eu não vou falar mal do cara que assumiu, mas nos dois trechos de notícia que li hoje eu vi que ele é lobista. E que ele é muito mais ligado às empresas estrangeiras do que às nossas”, disse Lula, conforme a coluna Radar, na revista Veja.
O ex-presidente está no Rio de Janeiro, onde participou na parte da manhã de um encontro com representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) e do Dieese para discutir justamente a política de preços da Petrobras e o futuro da estatal, que vem sofrendo um processo de desmonte desde o golpe de 2106.
“[Eu li] que ele faz parte de um grupo seleto de personalidades brasileiras que não aceita o discurso de que o petróleo é nosso. E essa gente que não sabe governar ao invés de ter criatividade para fazer coisas que não existem, eles querem vender o que têm. Ou seja, vamos vender o que temos e quando acabar tudo vamos ver o que fazer”, disse Lula durante o debate.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, que também estava na mesa principal do evento, disse que “a indicação de Adriano Pires para a presidência da Petrobras não resolverá a crise dos combustíveis”.
“Na verdade, ele está chegando para acelerar a privatização da estatal e assumir o eventual desgaste pela crise no lugar do presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Deyvid.
Durante o evento, o ex-diretor da Petrobras Guilherme Estrella afirmou que o desmonte da companhia precisa ser revertido. Ele destacou que as eleições presidenciais deste ano definirão a escolha “entre um Brasil soberano e um Brasil submisso para as próximas décadas”.
“Temos que recuperar a soberania nacional, disse Estrella que questionou “como podemos recuperar a soberania?” e respondeu: “Só tem um jeito: é com o povo brasileiro. Temos que trazer o povo para junto de nós. Nessas eleições não escolheremos entre duas visões de país. Nessas eleições só terão na balança dois pratos: em uma estará o Brasil soberano e no outro o Brasil colonizado. Escolheremos entre um Brasil soberano e um Brasil submisso para as próximas décadas”, completou.
Outra pergunta que o ex-diretor da Petrobras e também respondeu foi: “Por que a Petrobras é importante? Não é porque é uma companhia, é porque ela nasceu nas ruas. A Petrobras tem a alma do povo brasileiro. A Petrobras precisa ser destruída porque com a destruição da Petrobras esses caras destroem nosso sentimento de autoconfiança nos nossos cidadãos, nossos profissionais. Esse é o grande desafio que nós temos”.
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli ressaltou a importância da petrolífera brasileira para a segurança energética do Brasil e para a construção de um “projeto de nação”.
“Não há nenhuma grande nação do mundo que não tenha a segurança energética como elemento chave do seu projeto de nação. Os Estados Unidos fazem guerra para garantir sua soberania e sua segurança energética. A Europa faz guerra para garantir sua soberania e sua segurança energética. A China faz para garantir sua soberania e sua segurança energética e segurança nacional. Não há nenhuma nação grande que abandone sua segurança energética. Segurança energética significa não somente acesso às fontes de energia, mas a capacidade do povo ter acesso a elas, o que significa preço”, afirmou Gabrielli.
Também participaram do debate a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e de José Maria Rangel, do setorial de energia do Partido dos Trabalhadores (PT).