Neste sábado, 2 de abril, ocorrerá a assembleia municipal do Movimento Negro Unificado (MNU) para a eleição de delegados ao 19º Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado (19º CONMNU), que será realizado de 12 a 15 de maio, em Pernambuco.
O Movimento Negro Unificado foi fundado em 1978 tendo como um de seus objetivos articular diversas organizações locais já existentes, expandir o movimento negro pelo país e fortalecer a luta antirracista no Brasil. Haroldo Antônio da Silva, dirigente do MNU e integrante da comissão organizadora do congresso, fala de sua importância para a luta antirracista no país.
“Esse congresso vai acontecer numa conjuntura muito adversa tanto no Brasil como no mundo. No mundo o racismo crescente, a violência contra os imigrantes, todo o sistema de espoliação em relação aos países africanos e uma miséria crônica advindo da estruturação e da deterioração do sistema capitalista mundial.
Nós aqui no Brasil estamos diante de um governo que tem como tática central a desconstrução absoluta da máquina pública, das coisas mais importantes que são fundamentais para a população mais pobre desse país. Então, esse governo Bolsonaro é um governo que alimenta o racismo e fortalece a ideia do racismo buscando construir um confronto direto com a pop negra e o nosso movi organizado. É nesse contexto que estamos realizando esse nosso congresso, porque é preciso fortalecer as organizações negras e a luta negra para encarar e derrotar esse governo de extermínio e de violência contra a população negra”.
Já nas universidades a atuação do MNU foi fundamental para a efetivação de políticas afirmativas e na ampliação do acesso, começando pela UERJ a pioneira na implementação das ações afirmativas. Na UFRJ, o MNU esteve na organização e na formação da primeira comissão de heteroidentificação racial fazendo valer a Lei 12.990/14, que destina 20% das vagas para pretos e pardos. A organização participou também fundação da Câmara de Políticas Raciais em 2018.
“Tivemos uma percepção assertiva de que nossa ação pontual traria consistência a temática racial num espaço onde até então estávamos invisibilizados”, explica Haroldo.
De 2020 para cá o MNU vem atuando no acesso à graduação e em 2021 começou um trabalho em alguns programas de pós-graduação. “Desde então estamos trabalhando fortemente no controle social da política pública de democratização do acesso ao nível superior e na construção de políticas antirracistas envolvendo democraticamente os três segmentos da comunidade universitária”, acrescentou.
Para o dirigente do MNU a luta antirracista nas instituições públicas de ensino superior é central para o movimento negro unificado.
“A luta pelo fim do racismo, institucional, que se traduz fortemente na ausência de representatividade nas esferas de poder, o apagamento de nosso saber, a luta pela criação de disciplinas eletivas e obrigatórias, a luta pela permanência, são centrais na luta por uma universidade mais diversa, plural e inclusiva e não há como uma organização de peso nacional como o MNU, através de seus militantes estar fora deste processo de construção.”