Faltando menos de 10 dias para a eleição veio à tona mais uma granada que Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes querem jogar em cima dos trabalhadores e aposentados. A notícia mais séria e perigosa justamente para as pessoas que já têm a renda combalida.
O mais novo pacote de maldade de Bolsonaro-Guedes prevê desatrelar a correção do salário-mínimo e da aposentadoria da inflação (isso que todo mundo chama de desindexação).
Não foi à toa que hashtag “#nãomexanomeusalário” estourou entre os trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter depois que Guedes admitiu o plano de desvincular o mínimo da inflação.
Em miúdos, isso significa que aquilo que você compra hoje com o salário-mínimo, se este não for reajustado pela inflação, no ano seguinte poderá não mais comprar.
Conversa
Eles dizem que isso não significa que o reajuste vá ser menor. Que vai aumentar. Se fosse mesmo para aumentar mais que a inflação, não precisaria desindexar nada poque a lei permite que o reajuste seja maior que a inflação. Então é para quê? “A única coisa que se ganha desvinculando é diminuir”, explica Eduardo Moreira, escritor e membro do Instituto Conhecimento Liberta.
Quase 80 milhões
Ele anunciou o lançamento de estudo do professor o economista Eduardo Fagnani, que já coordenou o Instituto de Economia da Unicamp, que revela que a quantidade de pessoas que vão ser afetadas por esta mudança na regra de correção do salário-mínimo.
A previsão é que esta decisão do governo federal prejudique mais de 75 milhões de pessoas, divididas em 45 milhões pela corrosão do valor real de benefícios sociais, e outros 30 milhões que recebem o salário mínimo, de acordo com o economista em entrevista a Carta Capital.
Ele conta que o projeto joga no lixo um dos principais avanços da Constituição, que vinculou os benefícios previdenciários e sociais ao salário-mínimo e alerta que aposentados, recebedores de benefícios sociais e trabalhadores ativos, que compõem a parcela mais pobre da sociedade, serão sacrificados ainda mais no caso de reeleição de Bolsonaro, alerta
Golpe final
Em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU), o professor explicou que a proposta do ministro “é um dos golpes finais que falta dar no contrato social da Constituição”. Significará não só um arrocho salarial, mas uma “nova reforma da Previdência”, com implicações para aposentados e pensionistas.
“Se o governo desvincular a Previdência do salário-mínimo, em dez anos será possível reduzir o poder de compra da aposentadoria em termos reais, em 30, 40, 50%. Portanto, essa proposta é uma nova reforma previdenciária. É uma reforma da Previdência que tiraria as tensões sobre o teto de gastos”.
Ele faz as contas de mais ou menos 16,6 milhões de beneficiários do INSS urbanos, 9,1 milhões rurais, que correspondem a 25,7 milhões de pessoas. Mais 4,8 milhões de benefícios de prestação continuada, e 5,4 milhões com seguro-desemprego, totalizando mais de 40 milhões de pessoas que vão ter o poder dos seus benefícios corroídos ao longo do tempo. Isso diz respeito somente aos que recebem benefícios. E tem ainda mais de 36,1 milhões de trabalhadores ativos que recebem um salário-mínimo.