Abuso de fake news leva TSE a ceder ao petista 184 inserções na TV e 42 no rádio. Justiça chegou a interromper propaganda bolsonarista em tempo real
Escrito por: Redação RBA
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) interrompeu o programa do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, no horário eleitoral desta quarta-feria (19) na TV. O vídeo de Bolsonaro atacava o ex-presidente Lula (PT) com uma mentira bastante repetida pelo candidato e por seus apoiadores de que o petista não teria sido inocentado em processos na Justiça.
No lugar do vídeo, apareceu uma mensagem do TSE: “Exibido para substituir programa suspenso por infração eleitoral”. A decisão também derrubou quase metade das inserções de Bolsonaro até quinta-feira da próxima semana. Foi a segunda sentença no dia que garantiu direito de resposta ao petista.
A ministra Maria Claudia Bucchianeri determinou a derrubada de 184 peças, de 400, de Bolsonaro que seriam veiculadas na TV. As inserções seriam realizadas nos intervalos das programações das emissoras. No lugar, serão exibidos materiais do ex-presidente Lula, em direito de resposta aos ataques da campanha do adversário. As peças de campanha de Bolsonaro, diante da omissão da Justiça Eleitoral até aqui, privilegiam as mentiras contra Lula com objetivo de aumentar a rejeição do candidato do PT.
A campanha bolsonarista possui o mesmo caráter na TV e nas redes sociais. Ontem, o TSE determinou uma série de providências para tentar combater o que chamou de “ecossistema” de mentiras.
Respostas
A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), comentou a decisão: “Acabamos de derrubar 184 inserções de 30 segundos para TV dos programas de Bolsonaro, resultado da mentirada que ele veicula contra Lula. Vamos contar a verdade no horário dele. A verdade vence”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também considerou a ação correta. “A mentirada criminosa não vai vencer. Todo o conteúdo contra Lula é mentiroso. Eles tentam enganar o eleitor, mas nós venceremos com a verdade”, disse.
A campanha de Lula terá direito a responder a duas propagandas. Uma delas usou dados manipulados sobre votos em presídios, além da descontextualização de falas de Lula, para associar o ex-presidente à criminalidade. Para rebater esta desinformação, Lula terá direito a resposta em 164 inserções na TV.
A outra propaganda fez acusações e ofensas à honra do ex-presidente, usando os termos “corrupto” e “ladrão”. Neste caso, Lula terá direito de resposta em 20 inserções de 30 segundos na TV. Assim, Bolsonaro perderá um total de 184 inserções em TV.
Uma terceira decisão concedeu à campanha de Lula direito de resposta em 42 inserções em rádio, totalizando 21 minutos. A decisão também se refere a propagandas que tentaram vincular falsamente Lula à criminalidade.