Famílias ameaçadas de despejo sofrem violência policial no Acampamento Marielle Franco (MA)

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Famílias estão acampadas há quase cinco anos e relatam sofrer ataques da polícia e de seguranças privados

Mariana Castro
Brasil de Fato | Imperatriz (MA) |

Localizado no município maranhense de Itinga, a 620 km da capital São Luís, o Acampamento Marielle Franco enfrenta intensos conflitos em uma área da União, onde cerca de 150 famílias acompanhadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) vivem há quase cinco anos.

Os trabalhadores rurais têm sido ameaçados por policiais armados e seguranças privados da empresa Viena Siderurgia, uma das maiores produtoras de ferro gusa do Brasil, que reivindica posse da terra.

Com extensos plantios de soja, as fazendas vizinhas contaminam as lavouras com agrotóxico. As famílias sofrem ameaças de despejo e agora denunciam violência envolvendo policiais fardados e seguranças privados da empresa.

Na manhã do dia 11 de novembro, foram divulgadas cenas de uma das abordagens de policiais, acompanhados de seguranças privados, onde é possível perceber o uso de spray de pimenta.

Em razão dos conflitos, uma assembleia foi realizada no acampamento com a presença de representantes do Governo do Estado do Maranhão, do MST e do Centro de Direitos Humanos Padre Josimo, em que a comunidade apresentou uma série de denúncias.

O presidente da Associação de Moradores, Francisco Lima, teve sua residência incendiada e aponta para a intensificação dos conflitos nos últimos dias.

“Estamos aqui em uma batalha, em uma luta contra uma empresa gigante e ultimamente temos recebido pressão tanto da parte da milícia armada, como da Polícia Militar, que tem feito visitas e ameaças, tentando retirar a gente a qualquer custo da área. A gente está aqui há cerca de quatro, cinco anos e nunca tinha acontecido isso, mas de maio para cá as visitas têm sido constantes”, explica.

Em outro vídeo gravado pela comunidade, os acampados denunciam que seguranças armados estariam queimando eucaliptos na área ocupada pelo Acampamento, com a intenção de incriminar as famílias.

Acampado e pastor na comunidade, James Fernandes alerta para os riscos enfrentados pelas famílias diariamente e a urgência em solucionar o caso, preservando a vida.

“O cara chega a atingir uma criança e está tudo perdido, o povo vai para cima mesmo. Quem aqui quer ver uma família sendo oprimida? Um filho chutado? Spray de pimenta nos olhos? Está no vídeo! Será que para consolidar isso aqui é obrigado morrer alguém? Fazer o mártir de uma criança, de uma senhora? Acho que não, tem que mudar esse conceito e fazer o que precisa, antes que o pior aconteça”, denuncia.

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