Com manobra, UFRJ consegue realizar leilão que privatiza área da Praia Vermelha

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Protesto adiou leilão momentaneamente, mas após saída de estudantes e funcionários, foi retomado

 

A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, classificou como vergonhosa a manobra da UFRJ em leilão realizado nesta quinta-feira, 2, no Edifício Ventura, para aprovar a cessão de área pública da universidade para a iniciativa privada. Ela fez parte da comissão que acompanhou o processo no local onde haveria a licitação no interior do prédio, pois não foi autorizado a participação dos manifestantes durante o leilão.

“É uma vergonha. Só poderia vir de uma Reitoria que conduziu esse processo sempre de forma antidemocrática e açodada”, desabafou.

No início do leilão, depois de mais de uma hora de interrupção por causa do protesto do movimento “A UFRJ não está à venda” que envolve Sintufrj, DCE Mário Prata, Andes e Fasubra, a UFRJ e o BNDES chegaram a informar o adiamento do leilão, mas ele foi retomado às 17h28 após a saída de estudantes e funcionários da frente do prédio.

 

O leilão

Dois grupos se candidataram à concessão. A W Torre Entretenimento e Participações e segundo o consórcio Bonus-Kleffer, formado pelas empresas Bonus Track Entretenimento e Klefer Entretenimento e Participações, que saiu vencedor. A Bonus Track pertence aos produtores Luiz Oscar Niemeyer e Luiz Guilherme Niemeyer. A Kleffer pertence ao empresário e ex-presidente do Flamengo Kleber Leite.

 

Não aceitaremos, afirma Marta Batista

“Deixamos muito claro a todos os setores empresariais ali presentes no leilão de que não vai ser tranquilo, não vamos aceitar a entrega do Campinho, a entrega de patrimônio da nossa universidade pública ao setor privado. Também é fundamental desmentir qualquer fake news que alguns setores levantam de que somos contra a reabertura do Canecão, muito pelo contrário, queremos um Canecão reaberto, popularizado e conectado com a UFRJ. E por isso esse projeto não nos serve. Essa luta não se encerra neste dia”, declarou a coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista.

 

“Vamos continuar protestando”, sustenta Esteban Crescente

Vamos continuar questionando politicamente e institucionalmente a forma como foi aprovado o projeto “Viva UFRJ” sem consultar a comunidade acadêmica e vamos continuar protestando e alertando a população sobre o que isso significa. Não devemos ancorar nossas expectativas de melhoria no orçamento da universidade, das condições para aula, trabalho e de atendimento à população nesse viés de captação de recursos. Devemos lutar para que haja recomposição de orçamento”, disse o coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente.

 

“O Fred não sabe da capacidade do movimento estudantil e de trabalhadores”, alerta Alex diretor do DCE Mário Prata

“O reitor da UFRJ (Frederico Leão Rocha) não teve coragem de olhar para os estudantes, os funcionários e professores ali presentes na sala. E ficou assistindo os segurança falarem que iam nos remover a força e chamar a polícia militar. O Fred esqueceu que o movimento estudantil e o movimento dos trabalhadores fazem cotidianamente que é não arredar pé contra uma gestão antidemocrática. Mas se o Fred quer ser o reitor da continuidade, do atropelo e da privatização, e acha que não tem movimento estudantil e de trabalhador potente na universidade está muito enganado”, anunciou o diretor do DCE Mária Prata, Alex

 

Entenda

A UFRJ republicou o edital de licitação para a concessão de 15mil m2 do campus da Praia Vermelha (entre as imediações do Rio Sul (onde ficava o antigo Canecão e o novo espaço multiuso (próximo ao campo de futebol e onde fica o Campinho)  à iniciativa privada. Neste dia 2 de fevereiro houvea abertura dos envelopes para licitação das obras, e parte da Praia Vermelha será leiloada para a construção de uma casa de shows com capacidade para 7 mil pessoas no lugar do antigo Canecão.

Em troca da cessão de ao menos 30 anos (sem limite de prorrogação), a empresa vencedora estaria comprometida com algumas contrapartidas à universidade, como a conclusão de obras inacabadas e novas instalações.

Não houve interessados na primeira tentativa, que ocorreu em dezembro e, para atrair potenciais licitantes, o novo edital reduziu exigências, como o valor para comprovação do patrimônio líquido e o capital social mínimo da concessionária.

Com esse leilão, a Reitora da UFRJ cede o espaço para lucro do capital, com destruição da área em uso, que hoje dá lugar a importantes projetos de extensão, atividades das unidades de saúde mental do campus e a natureza, para alocar uma casa de shows que não representaria nenhum retorno à universidade e nenhum dos pilares entre ensino, pesquisa e extensão.

 

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