Bolsonaro e seu governo negacionista e genocida foi vencido pelo povo nas urnas, mas deixou profundos rastros. Uma nefasta herança que só vai se dirimir com muita informação e com o combate às mensagens de ódio, fascismo, racismo, homofobia e todo tipo de preconceito e desinformação nas redes sociais (por isso é essencial a aprovação do PL das Fake News no Congresso, para regulação de plataformas e redes sociais).
E por incrível que pareça, o bolsonarismo (e seus efeitos nefastos), segue bem representado no parlamento, a tal ponto que, na semana passada, chegamos ao cúmulo de ver mulheres votando contra o direito de mulheres. Bolsonaristas conhecidas votaram contra a garantia de salários iguais entre homens e mulheres que fazem o mesmíssimo trabalho.
Vergonha —No Brasil, segundo a Agência Brasil, uma mulher ganha, em média, 78% dos rendimentos de um homem. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que, no caso de mulheres pretas ou pardas, o percentual cai para menos da metade dos salários dos homens brancos (46%).
Mulheres sem respeito próprio
No dia 4 de maio, o Projeto de Lei da Igualdade Salarial (proposta enviada pelo governo Lula em março, que garante que homens e mulheres nas mesmas funções recebam os mesmos salários e que prevê multa para quem não cumprir a regra) foi aprovado por ampla maioria na Câmara dos Deputados. Foram 325 votos a favor e 36 votaram contra e, pasme, 10 destes são mulheres. O texto foi para o Senado.
Além de Zambelli (PL-SP), Kicis (PL-DF) e Rosângela Moro (União-SP) estão na lista das deputadas bolsonaristas contra as mulheres trabalhadoras as seguintes: Adriana Ventura (Novo-SP), Any Ortiz (Cidadania-RS), Caroline de Toni (PL-SC), Chris Tonietto (PL-RJ), Dani Cunha (União-RJ), Julia Zanatta (PL-SC) e Silvia Waiãpi (PL-AP).
De família — Isso não foi um acaso, mas a forma desse pessoal ver o mundo. Tanto que ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro defendeu, durante evento do PL Mulher no dia 6 de maio, o fim da cota de 30% para mulheres em cargos no Legislativo. Cotas que têm a finalidade de incentivar a participação política feminina.
“Queremos erradicar a cota dos 30%, queremos a mulher na política pelo seu potencial”, disse Michelle, conforme registrou a imprensa, ovacionada no tal evento. Pegou mal. Após a repercussão, ela publicou vídeo: “Retificando, eu sou a favor da cota, sim. Nós teremos mulheres na política pelo seu potencial, pelo seu protagonismo”, disse,agora.
Vivendo e aprendendo– Quando for eleger seu ou sua representantelembra-se bem de quem votou contra você.