O universo diverso, multicor e alegre da população LGBTIA+ ocupou a Cinelândia no fim da tarde, palco histórico de manifestações do Rio de Janeiro, no 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTIA+.
Uma data que marca a luta dessa parcela da população contra o preconceito e as violências sofridas, uma data para relembrar a luta cotidiana pelo respeito à diversidade, direitos conquistados e a conquistar como políticas afirmativas para combater a discriminação.
Um grande ato cultural coroou o evento que teve oficina de cartazes, apresentação de DJs da cena LGBTIA+, do projeto Drags nas Escolas, e foi finalizado já à noite com marcha até a Lapa. A marcha desse ano teve como lema “Bem viver para todes”. A organização foi da Frente LGBTIA+ do Rio de Janeiro e teve apoio do Sintufrj.
A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, falou das dificuldades enfrentadas pela população LGBTIA+ no mercado de trabalho e do preconceito que servidores e servidoras LGBTIA+ enfrentam cotidianamente nas universidades, denunciando que a discriminação com as minorias tem base no neoliberalismo e no capitalismo.
“Estamos em parceria com o movimento LGBTIA+. Lutar contra a discriminação das minorias é uma tarefa que faz parte da luta de classes e pertence também a classe trabalhadora”, pontuou. A atual gestão do Sintufrj criou o inédito Grupo de Trabalho LGBTIA+ para organizar e orientar a comunidade LGBT da UFRJ.
“Essa população muitas vezes têm as portas de emprego sendo fechadas diante de si ou são jogadas no subemprego por conta dessa sociedade transfóbica, LGBTfóbica em que a gente vive, inclusive nas universidades públicas. Temos servidores e servidoras LGBTs que sofrem discriminação e opressões no seu cotidiano de trabalho. Exatamente por isso que não podemos ficar de braços cruzados”, continuou Marta.
Ela encerrou sua fala ressaltando a importância do combate a LGBTfobia.
“Esse grande dia do orgulho não se encerra hoje, ele se constrói todos os dias do ano. Viva a luta LGBT, viva essa resistência! O neoliberalismo mata LGBTIA+ todos os dias. Por isso, a luta contra a LGBTfobia também é luta contra o capitalismo. Estamos juntos, juntas, juntes e assim vamos seguir.”
Resistência por liberdade
Um dos coordenadores da Frente LGBTIA+ do Rio, Alexandre Siqueira, explicou o objetivo maior do Dia do Orgulho LGBTIA+ desse ano que é para dirimir preconceitos.
“Esse ano a marcha LGBTIA+ tem um lema que é o “Bem viver para todes”. Isso significa que a gente não quer só um evento como esse que tem uma magnitude muito grande, a gente não quer ser só escutado. Queremos poder ser quem somos, afinal qualquer forma de amor é valida. E é isso que precisamos externas para as pessoas. A marcha esse ano é para isso. O bem viver é para que a partir desse momento cada pessoa que está aqui, que está na nossa casa, no nosso ciclo social, possa entender que a gente não tem nada de diferente.”
Siqueira anunciou também o espaço que os LGBTIA+ reivindicam no atual momento de retomada da democracia.
“Durante quatro anos sofremos uma politica de extermínio e violência de nosso povo. Esse ano nosso grito foi justamente para isso, mostrar que a gente existe e resiste e que precisamos ser ouvidos por todo tipo de poder público. Conseguimos uma vitória inédita que foi derrotar o autoritarismo configurado na pessoa do então presidente Bolsonaro. E isso foi a porta de entrada para termos mais força e esperanças de que nossas reivindicações possam ser ouvidas e finalmente a gente possa fazer parte desse novo governo Lula. Essa é a expectativa da população LGBTIA+, que finalmente a gente possa ser ouvida, possa dialogar, opinar e participar do governo,”
Homenagem
Houve nesse Dia do Orgulho homenagem ao ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ), morto aos 37 anos, o primeiro vereador gay eleito para a Câmara dos Vereadores do Rio e que se dedicou a causa LGBTIA+. Sessão solene ocorreu na Câmara dos Vereadores e a homenagem também foi feita pela militância LGBTIA+ em suas falas, muito bem lembrada pelo deputado federal do Rio Chico Alencar( PSOL) no ato. A vereadora Tainá de Paula (PT) defendeu orçamento para a realização de políticas públicas para população LGBTIA+.
Stonewall, a rebelião
De um confronto de policiais com travestis e lésbicas nos Estados Unidos, em 28 de junho de 1969, surgiu a data em que se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBTIA+. O confronto foi a ponta de lança da história de lutas por respeito e direitos da população LGBT.
Eles se insurgiram contra a violência policial praticada contra comunidade LGBT dos Estados Unidos. Nos anos 60 se tornou frequente a invasão de policiais em bares gays de Nova Iorque. Em resposta à onda de agressões e prisões, ativistas se reuniram no dia 28 de junho de 1969 em frente ao bar gay Stonewall Inn – aberto em 1967, no coração do boêmio bairro de Greenwich Village, em Nova Iorque – e atiraram pedras contra a polícia. A data tornou-se um símbolo na história da comunidade LGBTIA+ e marca o Dia do Orgulho.