Reitoria vai criar grupo de trabalho acerca do tema na próxima semana
“Queremos um protocola institucional que oriente as atividades acadêmicas e administrativas para os dias de operação policial no Rio de Janeiro”, diz manifesto dos estudantes levado à sessão do Conselho Universitário desta quinta-feira, 19.
A reivindicação, apresentada pela estudante Sofia Salinas, do movimento “A UFRJ é nossa”, foi compartilhada por representantes do DCE, como Giovanna Almeida, que apontou a necessidade de criação do um GT sobre o tema.
O manifesto pondera que, já no quinto dia com o Complexo da Maré em guerra, diversas pessoas estão sendo impedidas de saírem da casa para assistir aula. “Afinal, não há poucas denúncias de mortes de jovens vítimas da bala perdida da polícia militar do Rio de Janeiro. E, por isso, não acreditamos que nossos estudantes devem se expor dessa forma. Por isso, apenas um e-mail pedindo abono de faltas e suspensão de avaliações é insuficiente para tratar de um problema crônico do estado do Rio de Janeiro: a política de segurança pública”, dizem, sustentando que a universidade não pode ignorar que grande parte de seus alunos reside em locais que “o Estado chega apenas com seu braço armado”, diz o texto.
UFRJ diz que faltas devem ser abonadas
Em nota no dia anterior (18), a UFRJ informou que solicitou reforço do policiamento, mas mantém todas as atividades no campus do Fundão, orientando: “as faltas de membros do corpo social que residam em áreas de conflito devem ser abonadas e avaliações de discentes devem ser evitadas. Caso ocorram, está assegurado o direito de nova avaliação para os estudantes residentes destas áreas”.
A Reitoria informou ainda que solicitou audiência com o governo do estado para garantir a liberdade de locomoção e o respeito aos direitos humanos da população destas áreas e convidou especialistas na área de segurança da UFRJ para adoção de protocolos “que garantam a segurança da comunidade universitária”.
Protocolo
Os estudantes reivindicam, mais que orientações – cuja adoção ou não depende de cada direção – a formulação de um protocolo institucional que guie as ações dos diretores de unidade para garantia de direitos estudantis em “situações de conflito urbano armado, que infelizmente é recorrente em nosso estado”.
E, além das recomendações do abono de faltas e suspensão de avaliações, solicitam o uso de plataformas on line para aulas em momentos de emergência e que os docentes informem os temas e materiais da aula em caso de operação policial para que os alunos não precisem se arriscar.
GT
Os estudantes reivindicam ainda a construção de um Grupo de Trabalho para que se analise quantos estudantes moram em zonas sensíveis a esse tipo de situação e quais políticas estudantis podem ser aplicadas a médio-longo prazo.
A estudante Giovanna reiterou a necessidade desta discussão e informou que haverá reunião nesta quinta-feira com os centros acadêmicos e discutir a proposta de protocolo dos estudantes para apresentar tanto no GT que o segmento solicitou mas também nos conselhos em geral. Segundo ela, a Adufrj também apresentou uma carta solicitando a criação de um espaço de discussão.
Reitoria vai criar GT
Ao fim da sessão, o reitor Roberto Medronho informou que vai criar um GT para discutir a situação das operações, com a participação das pró-reitorias e representantes das entidades (Adufrj, Sintufrj e DCE) e especialistas e a indicação seria no máximo na próxima semana.