Greves em SP denunciam os riscos das privatizações do governo Tarcísio de Freitas

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Greve unificada de trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp vai além da reivindicação por direitos e salários, e denuncia que os serviços básicos da população não podem ser objeto de lucro de empresários

PUBLICADO PELO JORNALISMO DA CUT

Trabalhadores e trabalhadoras do Metrô, da CPTM e da Sabesp, estão em greve nesta terça-feira (3) contra as privatizações no estado de São Paulo. O argumento da greve unificada é o de que os serviços básicos da população não podem ser objeto de lucro de empresários.

Como ex-ministro de Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), agora governador de São Paulo e, alvo das graves, fez carreira ao abrir caminhos para a privatização de empresas públicas no governo federal.

Em São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de SP (Sabesp) e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A (Emae) estão na mira do governador, que pretende privatizá-las até o final de 2024.

Motivos da greve desta quinta, Metrô e a CPTM, órgãos vitais para o transporte público na grande São Paulo, também não escapam à lista de empresas públicas que podem ser entregues à iniciativa privada.

Segundo a presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, a privatização dos serviços do metrô, trens e da Sabesp já está em andamento e não apenas em fase de estudos, como afirmou Tarcísio. “Tem leilão marcado de privatização da linha 7 Rubi para o dia 29 de fevereiro. Ele já fez um edital de terceirização dos serviços de atendimento do metrô, que está previsto para ocorrer na semana que vem, no dia 10 de outubro”, enfatizou.

Para Camila, Tarcísio tem agido pouco para reduzir os problemas enfrentados nas linhas de trem já privatizadas. “Gostaria de ver a braveza do governador Tarcísio quando tem descarrilamento da linha 8 e da linha 9. Eu gostaria de ver a braveza do governador Tarcísio quando o trem fica andando em velocidade reduzida ou quando as pessoas têm que andar pelos trilhos.”

A sindicalista pontuou ainda que em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro a privatização dos serviços de transportes resultou em expressivo aumento nos valores das tarifas cobradas dos passageiros.

“Ele [Tarcísio] está encaminhando o projeto de lei de privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa. Ele está conversando com os prefeitos de todas as cidades que têm os serviços de Sabesp, convencendo as prefeituras a abrir mão da autonomia dos municípios para avançar com o projeto de privatização da Sabesp”, destacou a sindicalista sobre as ações concretas que estão sendo tomadas para que os serviços públicos sejam repassados à iniciativa privada.

Segundo Camila, a paralisação desta terça-feira defende os direitos dos trabalhadores e da população. “Nós estamos defendendo emprego. Estamos defendendo direitos e, ao mesmo tempo, estamos defendendo o interesse da população, que quer um transporte público de qualidade, que a água esteja com qualidade, que a conta de água não aumente”.

No momento, pelo menos nove linhas do Metrô e da CPTM estão paralisadas. Em um balanço sobre a greve conjunta, o secretário geral do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Múcio Alexandre, destacou que o movimento tem sido exitoso. No caso dos trabalhadores do transporte sobre trilhos, as entidades da categoria chegaram a propor ao governador a substituição da greve por uma dia de catracas livres.

O objetivo era permitir com que os passageiros viajassem sem cobrança de passagem e ao mesmo tempo protestar contra o plano de privatização da CPTM e do Metrô. No entanto, o governo recorreu da decisão e a Justiça acatou o pedido, alegando “alto risco de tumultos e possíveis acidentes nas estações”.

Tarcísio ainda deseja privatizar o Porto de Santos, mas o órgão é controlado pelo governo federal, que se manifestou contrário à venda.

Joia da coroa 

Um estudo inicial para a Sabesp já foi concluído. Sobre o Metrô e CPTM, o governador afirmou que o estudo ainda está sendo realizado, sem especificar se o modelo desejado pela gestão é o de concessão ou privatização.

Principal promessa de campanha de Tarcísio, a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo é rejeitada pela maioria dos moradores do estado.

De acordo com pesquisa Datafolha, 53% dos paulistas afirmam ser contrários à transferência da empresa a grupos privados. Outros 40% se declararam favoráveis, 1% indiferente e 6% responderam não saber.

Com 28,4 milhões de clientes em 375 cidades paulistas, a empresa tem capital aberto, sendo o governo o principal acionista (50,3%). Entre janeiro e setembro de 2022, a Sabesp acumulou lucro de R$ 2,47 bilhões e desperta interesses dos grandes grupos privados da área de energia. Pelo menos 15 projetos de desestatização estão previstos, segundo a administração estadual.

No caso da Sabesp, a privatização vai na contramão da tendência mundial, que está reestatizando os serviços integrados de água.  O serviço ruim e caro praticado por empresas de saneamento fez pelo menos 158 cidades do mundo de países como a França, Estados Unidos e Espanha, entre outros, a estatizar novamente os serviços de saneamento, anteriormente privatizados.

Os motivos foram: falta de cumprimento das cláusulas contratuais, falta de transparência na prestação de serviços e aumentos de tarifas.

Ainda nesta terça, os trabalhadores da Sabesp vão realizar ato público em frente à Estação Elevatória de Esgotos (EEE) Ponte Pequena – a primeira do estado –, na zona norte da capital paulista. Os funcionários das estatais irão se reunir ainda hoje, às 18h, para organizar a greve conjunta.

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