Depois da pressão da comunidade que suspendeu o Consuni, Medronho convocou para o dia 11 uma nova sessão extraordinária. Só que, para se esconder da comunidade, a sessão será remota
A sessão do Conselho Universitário desta quinta-feira, 7, que tinha como ponto de pauta a contratualização com a Ebserh, acabou suspensa depois que dezenas de estudantes, mobilizados pelo DCE Mário Prata e pelos diretórios da UFF e da UniRio, e trabalhadores da UFRJ mobilizados pelo Sintufrj, ocuparam o auditório do Parque Tecnológico, no início da Sessão do Conselho Universitário nesta quinta-feira, 7, em pressão exigindo debate público e democrático sobre tema tão crucial para o futuro dos hospitais da UFRJ e cobrando a divulgação do contrato até hoje oculto da comunidade.
Foi uma grande manifestação, com muitos cartazes, bandeiras, bumbos e muita disposição de luta, e com palavras de ordem como “Fora Ebserh”, “Cadê o contrato” e ““Democracia é ouvir os estudantes e não só a reitoria!!!” “Não vai ter golpe vai ter luta!”, “Cadê a consulta?” “Hei, reitor larga o trator!!!!”, sustentadas com força pelo público que tomou o auditório.
“Não tem como fazer uma discussão de qualidade se a reitoria continua não disponibilizando os documentos para a comunidade universitária. Não tem como o Conselho Universitário deliberar sobre um assunto tão importante, sem saber quanto de patrimônio nós vamos destinar a EBSERH, sem saber quanto supostamente de orçamento a EBSER colocaria. Sem saber, inclusive, o que vai acontecer com as outras unidades do complexo que não aderem. Então, achamos que a mobilização dos estudantes e dos técnicos é muito importante, colabora muito com o processo de democracia universitária, porque a democracia também precisa ser garantida. Quando a reitoria não cumpre os requisitos mínimos, é muito importante que os movimentos se unifiquem e cobrem, que a reitoria cumpra a sua obrigação de ser democrática, de ser transparente. Vamos continuar mobilizados e atentos e continuar reivindicando com toda força para que esse debate não aconteça as escuras e de maneira açodada, como a reitoria quer”, avaliou a coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista.
“Não é possível fazer o debate de maneira atropelada”, disse a representante do DCE Giovanna Almeida, argumentando que a situação dos hospitais é fruto do sucateamento que atinge todo país, inclusive os hospitais geridos pela Ebserh: “Para resolver o problema orçamentário vamos entregar toda a Universidade?”, questionou, lembrando que a UFRJ não é de meia dúzia de diretores dos hospitais ou de cem professores emérito (foi anunciado por um docente que parte deles assinou um documento pré-adesão). A UFRJ é do povo brasileiro!”, disse, seguida pela crítica de outros estudantes que cobraram democracia, debate e a minuta do contrato a que ninguém, exceto conselheiros tiveram acesso.
Ataque ao RJU
Cláudia Piccinini, 1ª vice-presidenta da Regional Rio do Andes-SN, divulgou nota da Frente Nacional contra a privatização da saúde apont5ando, entre outros aspectos o esfacelamento do RJU e da Carreira: “Os técnicos-administrativos dos HUs têm sistematicamente seus direitos trabalhistas afetados pela Ebserh. Os ambientes de trabalho são tóxicos: assédio moral é a norma, assim como a sobrecarga de trabalho para atingir metas produtivistas sem preocupação com a qualidade. A Ebserh vende serviços de ensino e pesquisa para entidades privadas, retirou o concurso da residência do âmbito das universidades define as pesquisas que podem ser feitas adquirem propriedade intelectual sobre seus resultados”, diz o documento, alertando que os docentes não são respeitados quanto a seus projetos de pesquisa e extensão.
Em seguida, o golpe
Medronho desconsiderou o pedido dos estudantes e aprovou, mesmo em meio a manifestação e a gritos de “Suspende! Suspende!”, com dezenas de estudantes e trabalhadores que ocupavam o centro do auditório, a ordem do dia com o ponto da Ebserh.
Porém, conforme se intensificasse o protesto e, alegando falta de condições de manter a institucionalidade (ele se referia a legítima manifestação da comunidade) ele suspendeu a sessão. Pouco depois, convocou, para o dia seguinte, dia 8, outra sessão, às 13h, porém livre do alcance de qualquer manifestação presencial e escondido pelo ambiente virtual. Logo depois, adiou para o dia 11, às 9h30, mas também remota.