Crise não pode ser pretexto para retirar direitos, diz central sindical, que estima 1,5 milhão de manifestantes no país
Hector Daer, secretário-geral da CGT (Confederação Geral do Trabalho), que convocou a paralisação desta quarta, destacou em discurso que a manifestação reuniu pessoas de diversos espectros políticos, inclusive membros e apoiadores do partido União Cívica Radical (UCR), conservadores que representam uma das linhagens mais tradicionais da política argentina.
“Todos, unidos e organizados, vamos fazer essa luta para termos êxito na derrubada do DNU e na rejeição da Lei Ônibus”, afirmou, em referência ao decreto e ao projeto de lei apresentados por Milei logo no início de seu mandato. “Não vamos dar nenhum passo atrás. Viva o movimento trabalhista argentino!”, disse.
Embora as imagens da transmissão do evento mostrem predominância de partidários do peronismo, grupo político rival do radicalismo, ligado ao sindicalismo e derrotado por Milei na eleição, o dirigente radical Ricardo Alfonsín estava presente e explicou o motivo pelo qual seus correligionários também devem aderir ao movimento.
“Nós não vivemos com dignidade, ainda falta muito. Mas o problema é que o Milei quer exatamente o contrário. Quer um país neoliberal, em que as grandes corporações ditem as políticas econômicas. Como não estaríamos aqui hoje, como os radicais não estariam?”, questionou. Alfonsín afirmou que o DNU é inconstitucional, por isso deve ser rejeitado, e que Milei deve seguir os trâmites previstos na legislação se quiser mudar leis. “Não é sério apresentar um projeto de mais de 300 leis para ser tratado em 15 dias”, disse, a respeito do “pacotaço” de projetos de lei conhecido como Lei Ônibus.
Em nota oficial, a CGT declarou que a manifestação foi realizada em defesa dos direitos, da divisão de poderes, da democracia e da Constituição Nacional. “Nenhum trabalhador pode ignorar a crise social e econômica que estamos vivendo. A inflação corrói os salários e dispara os preços a níveis inacessíveis, mas nenhuma crise pode servir de oportunidade para se arrasar com os direitos fundamentais de todos os argentinos”.