Na Faculdade de Letras, os novos alunos encontraram a faculdade com aulas suspensas: os cerca de 40 trabalhadores – da empresa Athos estão até hoje (dia 18) sem salário e com as atividades paralisadas
Um ato na manhã desta segunda-feira (18) – programado dentro do calendário de atividades da greve dos trabalhadores da universidade – reuniu militantes do Comando Local de Greve dos técnicos-administrativos, estudantes veteranos e novos alunos (em atividade de recepção dos calouros) em defesa do pagamento dos trabalhadores terceirizados do serviço de limpeza da Faculdade de Letras.
Representantes do Centro Acadêmico da Faculdade de Letras e do DCE Mário Prata participaram ativamente da manifestação.
Ao se dirigir aos novos estudantes, a coordenadora do Sintufrj Marly Rodrigues, explicou que a greve deflagrada dia 11 de março – que atinge todas as universidades federais – é um último recurso pelo atendimento das reivindicações da categoria.
“Vocês passaram (para a UFRJ), realizaram um sonho. Mas a realidade da universidade é que faltam bolsas, bandejão, sala de aulas adequadas, condições de estudo e de trabalho. E essa luta não é só nossa. Hoje a Faculdade de Letras está sem aula. Suspensas porque os trabalhadores estão sem salário. Temos que lutar todos juntos”.
Também coordenadora do sindicato, Vânia Godinho lembrou que no “tour” que os veteranos fizeram com os calouros por todo Centro de Letras e Artes, puderam constatar os problemas da infraestrutura nos prédios, como no “Pamplonão”, o ateliê de pintura da Escola de Belas Artes, que foi fechado por falta de condições.
Esclarecendo a pauta da greve, a dirigente lembrou que a carreira dos técnicos-administrativos completa 18 anos e precisa da reestruturação e que todos os segmentos, trabalhadores e estudantes, precisam juntos abraçar as pautas em defesa da instituição.
O estudante Alexandre Borges, do DCE Mário Prata, falou aos novos estudantes e aos veteranos que responderam à convocação do CA de Letras e do DCE.
A manifestação denunciou o absurdo de trabalhadores terceirizados estarem sem salários e cobrar da Reitoria que resolva a situação: “Mesmo a UFRJ tendo pagado a empresa, segue sendo responsabilidade da universidade cobrar esses pagamentos de salário, afinal, sem as equipes de limpeza a UFRJ não funciona!”, afirma documento do movimento estudantil.
Situação dos terceirizados é absurda
Os novos alunos encontraram a faculdade com aulas suspensas. Os cerca de 40 trabalhadores – da empresa Athos estão até hoje (dia 18) sem salário e com as atividades paralisadas.
O salário de janeiro, segundo os trabalhadores, foi pago dia 28 de fevereiro. O de dezembro, dia 31 daquele mês e o 13º salário, só em janeiro. “Passamos o Natal sem salário”, reclamam.
Eles sofrem com atraso e, claro, juros nos pagamentos dos aluguéis. Uma trabalhadora conta que paga R$15 a cada dia de atraso e que um companheiro já foi despejado três vezes por causa da situação, até que largou o emprego.
E a situação vem se repetindo há alguns meses. Segundo alguns deles, desde que a empresa entrou há um ano. Dizem até que não está depositando o FGTS ou pagando o INSS.
A Congregação da Faculdade de Letras, diante da falta de pegamento e a consecutiva falta de condições de higiene e limpeza adequadas do prédio, aprovou a paralização das aulas dias 18, 19 e 20.
O CLG, que neste início de semestre letivo se divide nos campi em tarefas de mobilização, reuniões e panfletagens na recepção aos novos estudantes, se somou ao ato diante da importância do trabalho dos companheiros e do fato de que a situação é mais um reflexo da crise orçamentária, um dos alvos centrais da greve da categoria.
UFRJ informa que tomará medidas cabíveis
A UFRJ garantiu em nota que está em dia com as obrigações contratuais com a empresa Athos. “A UFRJ está processando os pagamentos de acordo com os prazos e fluxo contratual, mas a empresa infelizmente está em atraso quanto às suas obrigações junto aos trabalhadores que atuam no contrato”, diz o texto, explicando que a Reitoria adotará medidas cabíveis para isso não se repita.
Que medidas
“A Divisão de Contratos da PR6 está em contato com a empresa, enveredando esforços para que a mesma possa regularizar os pagamentos junto aos trabalhadores sobre sua responsabilidade. Estamos trabalhando também para otimizar nossos processos de fiscalização e acompanhamento dos contratos para reduzir problemas na execução dos mesmos. Estamos analisando outros modelos de contratação dos serviços de limpeza, de forma a assegurar a toda a comunidade acadêmica a continuidade desse serviço e o direito dos trabalhadores que atuam nos contratos de serem remunerados tempestivamente pelo seu trabalho”, declarou a pró-reitora de Gestão e Governança, Claudia Cruz.